1. VELOCIDADE ELÉTRICA. — Estudemos ainda alguns problemas primários da eletricidade para compreendermos com segurança os problemas do intercâmbio mediúnico.
2 Sabemos que a velocidade
na expansão dos impulsos elétricos é semelhante à da luz, ou 300.000
quilômetros por segundo.
3 Fácil entender,
assim, que se estendermos um condutor, qual o fio de cobre, numa extensão
de 300.000 quilômetros, e se numa das extremidades injetarmos certa
quantidade de elétrons livres, um segundo após a mesma quantidade de
elétrons livres verterá da extremidade oposta. 4
Entretanto, devemos considerar que a velocidade dos elétrons depende
dos recursos imanentes da pressão elétrica e da resistência
elétrica do elemento condutor, como acontece à velocidade de uma
corrente líquida que depende da pressão aplicada e da resistência do
encanamento.
2. CONTINUIDADE DE CORRENTES. — Compara-se vulgarmente a circulação da corrente elétrica num circuito fechado, na base do gerador e dos recursos que encerram a aparelhagem utilizada, ao curso da água em determinado setor de canalização.
2 Se sustentarmos
uma pressão contínua sobre o montante líquido, com o auxílio de uma
bomba, a linha colateral da artéria circulatória será traspassada sempre
pela mesma quantidade de água, no mesmo espaço de tempo, 3
e se alimentarmos um circuito elétrico, através de um gerador, em regime
de uniformidade, o grau de intensidade da corrente será constante, em
cada setor do mesmo circuito.
4 Acontece que reduzida
quantidade de elétrons produz correntes de força quase imperceptíveis,
5 à maneira de apenas
algumas gotas d’água que, arrojadas ao bojo do encanamento, não conseguem
formar senão curso fraco e imperfeito.
6 Assim como se faz
necessária uma corrente líquida, em circulação e massa constantes, 7
é imperioso se façam cargas de bilhões de elétrons, por segundo, para
que se mantenha a produção de correntes elétricas de valores contínuos.
3. EXPRESSÕES DE ANALOGIA. — Aplicando os conceitos expendidos atrás, aos nossos estudos da mediunidade, recordemos a analogia existente entre os circuitos hidráulico, elétrico e mediúnico nas seguintes expressões:
2 a) Curso
d’água — fluxo elétrico — corrente mediúnica.
3 b)
Pressão hidráulica — diferença de potencial elétrico, determinando harmonia
— sintonia psíquica.
4 c)
Obstáculos na intimidade do encanamento — resistência elétrica do circuito,
através dos condutores — inibições ou desatenções do médium, dificultando
o equilíbrio no circuito mediúnico.
5 d)
Para que o curso d’água apresente pressão hidráulica uniforme, superando
a resistência de atrito, é necessário o concurso da bomba ou a solução
do problema de nível; 6
— para que a corrente elétrica se mantenha com intensidade invariável,
equacionando os impositivos da resistência elétrica, é imprescindível
que o gerador assegure a diferença de potencial, nutrindo-se o movimento
de elevada carga de elétrons, conforme as aplicações da força; 7
— e para que se garanta a complementação do circuito mediúnico, com
a possível anulação das deficiências de intercâmbio, é preciso que o
médium ou os médiuns em conjunção para determinada tarefa se consagrem,
de boamente, a manutenção do pensamento constante de aceitação ou
adesão ao Plano da entidade ou das entidades da Esfera Superior
que se proponham a utilizá-los em serviço de elevação ou socorro. 8
Tanto quanto lhes seja possível, devem os médiuns alimentar esse pensamento
ou recurso condutor, sempre mais enriquecido dos valores de tempo e
condição, sentimento e cultura, com o alto entendimento da obra de benemerência
ou educação a realizar.
4. NECESSIDADES DA SINTONIA. — Não se veja em nossas assertivas qualquer tendência à inutilização da vontade do médium, com evidente desrespeito a personalidade humana, inviolável em seu livre arbítrio.
2 Anotamos simplesmente
as necessidades da sintonia, no trabalho das Inteligências associadas
para fins enobrecedores, 3
porque, em verdade, os médiuns trazidos ao serviço de reflexão do Plano
Superior, quer nas obras de caridade e esclarecimento, quer nas de instrução
e consolo, precisarão abolir tudo o que lhes constitua preocupações-extras,
tanto no que se refira à perda de tempo quanto no que se reporte a interesses
subalternos da experiência vulgar, 4
sustentando-se, por esforço próprio e não por exigência dos Espíritos
Benevolentes e Sábios, em clima de responsabilidade, alegremente aceita,
e de trabalho voluntário, na preservação e enriquecimento dos agentes
condutores da sua vida mental, no sentido de valorizar a própria cooperação,
com fé no bem e segura disposição ao sacrifício, no serviço a efetuar-se.
5 Naturalmente, estudamos,
no presente registro, a mediunidade em ação construtiva e não o fenômeno
mediúnico, suscetível de ser identificado a cada passo, inclusive nos
problemas obscuros da obsessão.
5. DETENÇÃO
DE CIRCUITOS. — Cabe considerar que as analogias de circuitos
apresentadas aqui são confrontos portadores de justas limitações; 2
porquanto, na realidade, nada existe na circulação da água que corresponda
ao efeito magnético da corrente elétrica, como nada existe na corrente
elétrica que possa equivaler ao efeito espiritual do circuito mediúnico.
3 Recorremos às comparações
em foco apenas para lembrar aos nossos companheiros de estudo a imagem
de “correntes circulantes”, 4
recordando, ainda, que a corrente líquida, comumente vagarosa, a corrente
elétrica muito rápida e a corrente mental ultra-rápida podem ser adaptadas,
controladas, aproveitadas ou conduzidas, 5
não podendo, entretanto, suportar indefinida armazenagem ou detenção,
sob pena de provocarem o aparecimento de charcos, explosões e rupturas,
respectivamente.
6. CONDUÇÃO DAS CORRENTES. — Na distribuição prestante das águas, no circuito hidráulico, são necessários reservatórios e canais, represas e comportas, em edificações adequadas.
2 Na aplicação da corrente
elétrica, em circuitos correspondentes, não podemos prescindir, como
na administração da força eletromotriz, de alternadores inteligentemente
estruturados, para a dosagem de correntes e voltagens diversas, com
a produção de variadas utilidades.
3 E no aproveitamento da corrente
mental, no circuito mediúnico, são necessários instrumentos receptores
capazes de atender às exigências da emissão, para qualquer serviço de
essência elevada, compreendendo-se, desse modo, que a corrente líquida,
a corrente elétrica e a corrente mental dependem, nos seus efeitos,
da condução que se lhes imprima.
André Luiz