1. ESTRUTURA
DA LUZ. — Clerk Maxwell, ( † )
centralizado nos estudos do eletromagnetismo, previra que todas as irradiações,
inclusive a luz visível, pressionam os demais corpos.
2 Observações experimentais
com o jato de uma lâmpada sobre um feixe de poeira mostraram que o feixe
se acurvou, como se impelido por leve corrente de força. Semelhante
corrente foi medida, acusando insignificante percentagem de pressão,
mas o bastante para provar que a luz era dotada de inércia.
3 Os físicos eram
defrontados pelo problema, quando Einstein, ( † )
estruturando a sua teoria da relatividade, no princípio do século XX,
chegou à conclusão de que a luz, nesse novo aspecto, possuiria peso
específico.
4 Isso implicava a
existência de massa para a luz. Como conciliar vibração e peso, onda
e massa? Intrigado, o grande cientista voltou às experiências de Planck
( † )
e Bohr ( † )
e deduziu que a luz de uma lâmpada resulta de sucessivos arremessos
de grânulos luminosos, em relâmpagos consecutivos, a se desprenderem
dela por todos os lados.
5 Pesquisadores protestaram
contra a assertiva, lembrando o enigma das difrações e das interferências,
tentando demonstrar que a luz era constituída de vibrações.
6 Einstein, contudo,
recorreu ao efeito fotoelétrico — pelo qual a incidência de um raio
luminoso sobre uma película de sódio ou potássio determina a expulsão
de elétrons da mesma película, elétrons cuja velocidade pode ser medida
com exatidão, — e genialmente concebeu os grânulos luminosos ou fótons
que, em se arrojando sobre os elétrons de sódio e potássio, lhes provoca
o deslocamento, com tanto mais violência, quanto mais concentrada for
a energia dos fótons.
7 O aumento de intensidade
da luz, por isso, não acrescenta velocidade aos elétrons expulsos, o
que apenas acontece ante a incidência de uma luz caracterizada por oscilação
mais curta.
2. “SALTOS QUÂNTICOS”. — A teoria dos “saltos quânticos” explicou, de certo modo, as oscilações eletromagnéticas que produzem os raios luminosos.
2 No átomo excitado,
aceleram-se os movimentos, e os elétrons que lhe correspondem, em se
distanciando dos núcleos, passam a degraus mais altos de energias. 3
Efetuada a alteração, os elétrons se afastam dos núcleos aos saltos,
de acordo com o quadrado dos números cardinais, isto é, de 1 para 2
no primeiro salto, de 2 para 4 no segundo, de 3 para 9 no terceiro,
de 4 para 16 no quarto, e assim sucessivamente.
4 Na temperatura aproximada
de 1.000 graus centígrados, os elétrons abandonam as órbitas que lhes
são peculiares, em número sempre crescente, e, se essa temperatura atingir
cerca de 100.000 graus centígrados, os átomos passam a ser constituídos
somente de núcleos despojados de seus elétrons-satélites, vindo a explodir,
por entrechoques, a altíssimas temperaturas.
5 Reportando-nos, pois, a
escala de excitação dos sistemas atômicos, vamos encontrar a luz, conhecida
na Terra, como oscilação eletromagnética em comprimento médio de onda
que nasce do campo atômico, quando os elétrons, erguidos a órbitas ampliadas
pelo abastecimento de energia, retornam às suas órbitas primitivas,
veiculando a sua energia de queda.
6 Se excitarmos o átomo com
escassa energia, apenas se altearão aqueles elétrons da periferia, capazes
de superar facilmente a força atrativa do núcleo.
7 Compreenderemos,
portanto, que, quanto mais distante do núcleo, mais comprido será o
salto, determinando a emissão de onda mais longa e, por esse motivo,
identificada por menor energia. 8
E quanto mais para dentro do sistema atômico se verifique o salto, tanto
mais curta, e por isso de maior poder penetrante, a onda exteriorizada.
3. “EFEITO
COMPTON”. — Buscando um exemplo, verificaremos que a estimulação
das órbitas eletrônicas externas produzirá a luz vermelha, formada de
ondas longas, 2 enquanto
que o mesmo processo de atrito nas órbitas que se lhe seguem, na direção
do núcleo, originará a irradiação azul, formada de ondas mais curtas,3
e a excitação nas órbitas mais íntimas provocará a luz violeta, de ondas
ainda mais curtas. 4
Continuando-se a progressão de fora para dentro, chegaremos aos raios
gama, que derivam das oscilações do núcleo atômico.
5 Em todos esses processos
de irradiação, o poder do fóton depende do comprimento da onda em que
se manifesta, 6 qual
ficou positivado no “efeito compton”, ( † )
pelo qual uma colisão provocada entre fótons e elétrons revela que os
fótons, em fazendo ricochete no entrechoque, descarregam energia, baixando
a frequência da própria onda e originando, assim, a luz mais avermelhada.
4. FÓRMULA DE DE BROGLIE. — A evidência do fóton vinha enriquecer a teoria corpuscular da luz. Entretanto certos fenômenos se mantinham à margem, somente explicáveis pela teoria ondulatória que a Ciência não aceitara até então.
2 Foi o estudioso
físico francês, Luís De Broglie, ( † )
que compareceu no cenário das contradições, enunciando o seguinte princípio:
3 — “Compreendendo-se que
as ondas da luz, em certas circunstâncias, procedem à feição de corpúsculos,
por que motivo os corpúsculos de matéria, em determinadas condições,
não se comportarão a maneira de ondas?”
4 E acrescentava que cada
partícula de matéria está acompanhada pela onda que a conduz.
5 Suportando hostilidades
e desafios, devotou-se a minuciosas perquirições e criou a fórmula para
definir o comprimento da onda conjugada ao corpúsculo, 6
entendendo-se, desde então, que os elétrons arremessados pela válvula
de Roentgen, ( † )
quando originam oscilações curtas, aproximadamente 10.000 vezes mais
reduzidas que as da luz, são transportados por ondas tão curtas como
os raios X.
5. MECÂNICA ONDULATÓRIA. — Físicos distintos não se sentiam dispostos a concordar com as novas observações de De Broglie, alegando que a teoria se mostrava incompatível com o fenômeno da difração e pediam que o sábio lhes fizesse ver a difração dos elétrons, de vez que não admitiam a existência de corpúsculos desfrutando propriedades que, a seu ver, eram exclusivamente características das ondas.
2 Pouco tempo decorrido, dois
cientistas americanos projetaram um jato de elétrons sobre um cristal
de níquel e registraram a existência da difração, de conformidade com
os princípios de De Broglie.
3 Desde então, a mecânica
ondulatória instalou-se na Ciência, em definitivo.
4 Mais da metade do Universo
foi reconhecido como um reino de oscilações, restando a parte constituída
de matéria igualmente suscetível de converter-se em ondas de energia.
5 O mundo material como que
desapareceu, dando lugar a tecido vasto de corpúsculos em movimento,
arrastando turbilhões de ondas em frequências inumeráveis, cruzando-se
em todas as direções, sem se misturarem.
6 O homem passou a
compreender, enfim, que a matéria é simples vestimenta das forças que
o servem nas múltiplas faixas da Natureza 7
e que todos os domínios da substância palpável podem ser plenamente
analisados e explicados em linguagem matemática, 8
embora o plano das causas continue para ele indevassado, tanto quanto
para nós, as criaturas terrestres temporariamente apartadas da vida
física.
6. “CAMPO”
DE EINSTEIN. — Conhecemos a gama das ondas, 2
sabemos que a luz se desloca em feixes corpusculares que denominamos
“fótons”, 3 não ignoramos
que o átomo é um remoinho de forças positivas e negativas, cujos potenciais
variam com o número de elétrons ou partículas de força em torno do núcleo,
4 informamo-nos de
que a energia, ao condensar-se, surge como massa para transformar-se,
depois, em energia; 5
entretanto, o meio sutil em que os sistemas atômicos oscilam não pode
ser equacionado com os nossos conhecimentos. 6
Até agora, temos nomeado esse “terreno indefinível” como sendo o “éter”;
7 contudo, Einstein,
quando buscou imaginar-lhe as propriedades indispensáveis para poder
transmitir ondas características de bilhões de oscilações, com a velocidade
de 300.000 quilômetros por segundo, não conseguiu acomodar as necessárias
grandezas matemáticas numa fórmula, porquanto as qualidades de que essa
matéria devia estar revestida não são combináveis, e concluiu
que ela não existe, propondo abolir-se o conceito de “éter”,
substituindo-o pelo conceito de “campo”.
8 Campo, desse modo,
passou a designar o espaço dominado pela influência de uma partícula
de massa.
9 Para guardarmos
uma ideia do princípio estabelecido, imaginemos uma chama em atividade.
A zona por ela iluminada é-lhe o campo peculiar. 10
A intensidade de sua influência diminui com a distância do seu fulcro,
de acordo com certas proporções, isto é, tornando-se 1/2, 1/4, 1/8,
1/16, etc., a revelar valor de fração cada vez menor, sem nunca atingir
a zero, porque, em teoria, o campo ou região de influência alcançará
o infinito.
11 A proposição
de Einstein, ( † )
no entanto, não resolve o problema, porque a indagação quanto à matéria
de base para o campo continua desafiando o raciocínio, 12
motivo pelo qual, escrevendo da Esfera extrafísica, na tentativa de
analisar, mais acuradamente, o fenômeno da transmissão mediúnica, definiremos
o meio sutil em que o Universo se equilibra como sendo o Fluido Cósmico
ou Hálito Divino, a força para nós inabordável que sustenta a Criação.
André Luiz
[1] [No original: “Fotônios e fluido cósmico”. Vide nota de rodapé do capítulo 2.]