1. PRIMÓRDIOS DA ELETRÔNICA. — Espíritos eminentes, atendendo aos imperativos da investigação científica entre os homens, volvem da Espiritualidade ao Plano Terrestre, incentivando estudos acerca da natureza ondulatória do Universo.
2 A Eletrônica balbucia
as primeiras notas com Tales de Mileto, ( † )
600 anos antes do Cristo.
3 O grande filósofo, que tinha
a crença na unidade essencial da Natureza, observa a eletrização no
âmbar (“elektron”, em grego).
4 Seus apontamentos
sobre as emanações luminosas são retomados, no curso do tempo, por Herão
de Alexandria ( † )
e outras grandes inteligências, culminando nos raciocínios de Descartes, ( † )
no século XVII, que, inspirado na teoria atômica dos gregos, conclui,
trezentos anos antes da descoberta do elétron, n que na base do átomo
deveria existir uma partícula primitiva, chegando a desenhá-la, com
surpreendente rigor de concepção, como sendo um “remoinho” ou imagem
aproximada dos recursos energéticos que o constituem.
5 Logo após, Isaac
Newton ( † )
realiza a decomposição da luz branca, nas sete cores do prisma, apresentando,
ainda, a ideia de que os fenômenos luminosos seriam correntes corpusculares,
sem excluir a hipótese de ondas vibratórias, a se expandirem no ar.
6 Huyghens ( † )
prossegue na experimentação e defende a teoria do éter luminoso ou teoria
ondulatória.
7 Franklin ( † )
teoriza sobre o fluido elétrico e propõe a hipótese atômica da eletricidade,
tentando classificá-la como sendo formada de grânulos sutis, perfeitamente
identificáveis aos remoinhos eletrônicos hoje imaginados.
2. CAMPO
ELETROMAGNÉTICO. — Nos primórdios do século XIX, aparece Tomás
Young, ( † )
examinando as ocorrências da reflexão, interferência e difração da luz,
fundamentando-se sobre a ação ondulatória, seguindo-se-lhe Fresnel,
( † )
a consolidar-lhe as deduções.
2 Sucedem-se investigadores
e pioneiros, até que, em 1869, Maxwell ( † )
afirma, sem que as suas asserções lograssem despertar maior interesse
nos sábios de seu tempo, que as ondulações de luz nasciam de um campo
magnético associado a um campo elétrico, anunciando a correlação entre
a eletricidade e a luz e assegurando que as linhas de força extravasam
dos circuitos, assaltando o espaço ambiente e expandindo-se como pulsações
ondulatórias. Cria ele a notável teoria eletromagnética.
3 Desde essa época,
o conceito de “campo eletromagnético” ( † )
assume singular importância no mundo, até que Hertz ( † )
consegue positivar a existência das ondas elétricas, descobrindo-as
e colocando-as a serviço da Humanidade.
4 Nas vésperas do século XX,
a Ciência já considera a Natureza terrestre como percorrida por ondas
inumeráveis que cruzam todas as faixas do Planeta, sem jamais se misturarem.
5 Entretanto, certa indagação
se generalizara. Reconhecido o mundo como vasto magneto, composto de
átomos, e sabendo-se que as ondas provinham deles, como poderiam os
sistemas atômicos gerá-las, criando, por exemplo, o calor e a luz?
3. ESTRUTURA
DO ÁTOMO. — Max Planck, ( † )
distinto físico alemão, repara, em 1900, que o átomo, em lançando energia,
não procede em fluxo contínuo, mas sim por arremessos individuais ou,
mais propriamente, através de grânulos de energia, estabelecendo a teoria
dos “quanta de energia”.
2 Foi então que Niels
Bohr ( † )
deduziu que a descoberta de Planck somente se explicaria pelo fato de
gravitarem os elétrons, ao redor do núcleo, no sistema atômico, em órbitas
seguramente definidas, a exteriorizarem energia, não girando como os
planetas em torno do Sol, mas saltando, de inesperado, de uma camada
para outra.
3 E, procedendo mais
por intuição que por observação, mentalizou o átomo como sendo um núcleo
cercado, no máximo, de sete camadas concêntricas, plenamente isoladas
entre si, no seio das quais os elétrons circulam livremente, em todos
os sentidos. 4 Os que
se localizam nas zonas periféricas são aqueles que mais facilmente se
deslocam, patrocinando a projeção de raios luminosos, ao passo que os
elétrons aglutinados nas camadas profundas, mais jungidos ao núcleo,
quando mudam de órbita deixam escapar raios mais curtos, a se graduarem
na série dos raios X.
5 Aplicada a teoria
de Bohr em multifários setores da demonstração objetiva, ela alcançou
encorajadoras confirmações, e, com isso, dentro das possíveis definições
terrestres, o cientista dinamarquês preparou o caminho a mais amplo
entendimento da luz.
4. ESTADO
RADIANTE E RAIOS X. — A Ciência da Terra acreditava antigamente
que os átomos fossem corpúsculos eternos e indivisíveis. 2
Elementos conjugados entre si, entrelaçavam-se e se separavam, plasmando
formas diversas.
3 Seriam como vasto mas limitado
capital da vida de que a Natureza poderia dispor sem qualquer desperdício.
4 No último quartel do século
XIX, porém, singulares alterações marcaram os passos da Física.
5 Retomando experiências
iniciadas pelo cientista alemão Hittorf, ( † )
William Crookes ( † )
valeu-se de um tubo de vidro fechado, no qual obtinha grande rarefação
do ar, fazendo passar, através dele, uma corrente elétrica, oriunda
de alto potencial.
6 Semelhante tubo poderia
conter dois ou mais eletrodos (cátodos e ânodos, ou pólos negativos
e positivos, respectivamente), formados por fios de platina, e rematados
em placas metálicas de substância e molde variáveis.
7 Efetuada a corrente, o grande
físico notou que do cátodo partiam raios que, atingindo a parede oposta
do vidro, nela formavam certa luminosidade fluorescente.
8 Crookes classificou como
sendo radiante o estado em que se mostrava o gás contido no recipiente
e declarou guardar a impressão de que conseguira reter os corpúsculos
que entretecem a base física do Universo.
9 Mas, depois dele,
aparece Roentgen, ( † )
que lhe retoma as investigações, e, projetando os raios catódicos sobre
tela metálica, colocou a própria mão entre o tubo e pequena chapa recamada
de substância fluorescente, observando que os ossos se destacavam, em
cor escuras na carne que se fizera transparente.
10 Os raios X ou raios
Roentgen foram, desde então, trazidos à consideração do mundo.
5. ELÉTRON
E RADIOATIVIDADE. — O jovem pesquisador francês Jean Perrin,
( † )
utilizando a ampola de Crookes e o eletroscópio, conseguiu positivar
a existência do elétron, como partícula elétrica, viajando com rapidez
vertiginosa.
2 Pairava no ar a indagação
sobre a massa e a expressão elétrica de semelhante partícula.
3 Surge, todavia,
José Thomson ( † )
distinto físico inglês, que, estudando-a do ponto de vista de um projétil
em movimento, consegue determinar-lhe a massa, que é, aproximadamente,
1.850 vezes menor que a do átomo conhecido por mais leve, o hidrogênio,
calculando-lhe, ainda, com relativa segurança, a carga e a velocidade.
4 Os apontamentos objetivos,
em torno do elétron, incentivaram novos estudos do infinitamente pequeno.
5 Animado pelos êxitos
dos raios de Roentgen, Henri Becquerel, ( † )
com o auxílio de amigos espirituais, porque até então o gênio científico
na Terra desconhecia o extenso cabedal radioativo do urânio, escolhe
esse elemento para a pesquisa de novas fontes dos raios X e surpreende
as radiações diferentes que encaminham o casal Curie ( † )
( † )
à descoberta do rádio. ( † )
6 A Ciência percebeu,
afinal, que a radioatividade ( † )
era como que a fala dos átomos, asseverando que eles nasciam e morriam
ou apareciam e desapareciam no reservatório da Natureza.
6. QUÍMICA
NUCLEAR. — O contador de Geiger, ( † )
emergindo no cenário das experimentações da Microfísica, demonstrou
que, em cada segundo, de um grama de rádio se desprendem 36 bilhões
de fragmentos radioativos da corrente mais fraca de raios emanantes
desse elemento, perfazendo um total de 20.000 quilômetros de irradiação
por segundo.
2 No entanto, há tão grande
quantidade de átomos de rádio, em cada grama desse metal, que somente
no espaço de 16 séculos é que o seu peso fica reduzido à metade.
3 Apreendendo-se que a radioatividade
exprimia a morte dos sistemas atômicos, não seria possível apressar-lhes
a desintegração controlada, com vistas ao aproveitamento de seus potenciais
energéticos?
4 Rutherford ( † )
lembrou que as partículas emanadas do rádio funcionam como projéteis
vigorosos, e enchendo um tubo com azoto, nele situou uma parcela de
rádio, reparando os pontos de queda dos corpúsculos eletrizados sobre
pequena tela fosforescente. 5
Descobriu, desse modo, que os núcleos do azoto, espancados em cheio
pelas partículas radioativas alfa, explodiam, convertendo-se em hidrogênio
e num isótopo do oxigênio.
6 Foi realizada, assim,
calculadamente, a primeira transmutação atômica pelo homem, originando-se,
desde então, a chamada química nuclear, 7
que culmina hoje com a artilharia atômica do cíclotron estruturado por
Lawrence, ( † )
à feição de um eletro-ímã, onde, acelerados por uma corrente de milhares
de volts, em tensão alternada altíssima, projéteis atômicos bombardeiam
os elementos a eles expostos, que se transmutam em outros elementos
químicos conhecidos, acrescidos dos chamados radioisótopos, que o casal
Joliot-Curie ( † )
( † )
obteve pela primeira vez arremessando sobre o alumínio a corrente menos
penetrante do rádio, constituída de núcleos do hélio, ou hélions. Surgiram,
assim, os fecundos serviços da radioatividade artificial. 8
Nossos apontamentos sintéticos objetivam apenas destacar a analogia
do que se passa no mundo íntimo das forças corpusculares que entretecem
a matéria física e daquelas que estruturam a matéria mental.
André Luiz
[1] [NOTA: Na 1ª edição desse livro (1960), em todas as instâncias em que aparece a palavra “eletrão”, no singular ou plural, houve a substituição por “elétron”, sua forma correta na atual ortografia. Utilizou-se a mesma regra para todas as expressões que caíram de uso na ortografia atual, como por exemplo: “ciclotrão, fotônios, positrões, protões, neutrões, vóltios, etc.”, substituídas por cíclotron, fótons, pósitrons, prótons, nêutrons, volts, etc.]