1.
A reunião noturna guardava-nos surpreendente alegria.
2 Sob a doce claridade lunar,
Gúbio assumiu a direção dos trabalhos e congregou-nos em largo círculo.
Era, efetivamente, nos menores gestos, precioso guia a conduzir-nos aos montes de elevação mental.
3 Recomendou-nos o
esquecimento dos velhos erros e aconselhou-nos atitude interior de sublimada
esperança, emoldurada em otimismo renovador, a fim de que as nossas
energias mais nobres fossem ali exteriorizadas. 4
Esclareceu que um caso de socorro, quando orientado nos princípios evangélicos,
qual sucedia no problema de Margarida, é sempre suscetível de comunicar
alívio e iluminação a muita gente, elucidando, ainda, que ali nos encontrávamos
para receber a bênção do Plano Superior, mas, para isso, tornava-se
imperioso guardar inequívoca posição de superioridade moral, porque
o pensamento, em reunião qual aquela, punha em jogo forças individuais
de suma importância no êxito ou no fracasso do tentame.
2.
De todas as fisionomias trasbordavam o contentamento e a confiança,
quando o nosso orientador, erguendo a voz no cenáculo de fraternidade,
rogou humilde e comovente:
2 — Senhor Jesus,
digna-te abençoar-nos, discípulos teus, sequiosos das águas vivas do
Reino Celeste!
Aqui nos congregamos, aprendizes de boa vontade, à espera de tuas santificadas determinações.
3 Sabemos que nunca
nos impediste o acesso aos celeiros da graça divina e não ignoramos
que a tua luz, quanto a do Sol, cai sobre santos e pecadores, justos
e injustos… Mas nós, Senhor, nos achamos atrofiados pela própria imprevidência.
Temos o peito ressecado pelo egoísmo e os pés congelados na indiferença,
desconhecendo o próprio rumo. Todavia, Mestre, mais que a surdez que
nos toma os ouvidos e mais que a cegueira que nos absorve o olhar, padecemos,
por desdita nossa, de extrema petrificação na vaidade e no orgulho que,
através de muitos séculos, elegemos por nossos condutores nos despenhadeiros
da sombra e da morte; mas confiamos em Ti, cuja influência santificante
regenera e salva sempre.
4 Poderoso Amigo,
tu que abres o seio da Terra pela vontade do Supremo Pai, usando a lava
comburente, liberta-nos o Espírito dos velhos cárceres do “eu”, ainda
que para isso sejamos compelidos a passar pelo vulcão do sofrimento!
Não nos relegues aos precipícios do passado. Descerra-nos o futuro e
inclina-nos a alma à atmosfera da bondade e da renúncia.
5 Dentro da extensa noite
que improvisamos para nós mesmos, pelo abuso dos benefícios que nos
emprestaste, possuímos tão somente a lanterna bruxuleante da boa vontade,
que a ventania das paixões pode apagar de um momento para outro.
6 Ó Senhor! Livra-nos do mal
que amontoamos no santuário de nossa própria alma! Abre-nos, por piedade,
o caminho salvador que nos faça dignos de tua compaixão divina. Revela-nos
tua vontade soberana e misericordiosa, a fim de que, executando-a, possamos
alcançar, um dia, a glória da ressurreição verdadeira.
7 Distanciados, agora, do
corpo de carne, não nos deixes cadaverizados no egoísmo e na discórdia.
Envia-nos, magnânimo, os mensageiros de tua bondade infinita, para que possamos abandonar o sepulcro de nossas antigas ilusões!
3.
Nesse momento, as lágrimas serenas do orientador, em prece, receberam
resposta celestial, porque verdadeira chuva de raios diamantinos começou
a jorrar do Alto sobre ele, como se força misteriosa e invisível ali
houvesse libertado divina torrente de claridade em nosso favor.
2 Calara-se-lhe a voz, mas
o quadro sublime arrancava-nos pranto de emotividade indefinível. Não
havia um só dos circunstantes sem o toque visível, no rosto, daquele
êxtase bendito que nos assomava, de assalto, ao coração.
3 O Instrutor parecia vacilante,
embora o halo radioso que lhe cobria gloriosamente a cabeça veneranda.
4.
Chamou-me num sopro e informou:
— André, dirige os trabalhos da reunião, enquanto devo fornecer recursos
à materialização de nossa benfeitora Matilde. 2
Vejo-a ao nosso lado, esclarecendo haver chegado a noite longamente
esperada por seu coração materno. 3
Antes do reencontro com Gregório, em companhia de bem-aventuradas entidades
que a assistem, pretende ela visitar-nos, de maneira tangível, encorajando
quantos aqui hoje se candidatam ao serviço preparatório de ingresso
em Círculos superiores.
4 Tremi, perante a ordem,
mas não hesitei.
Tomei-lhe o lugar, sem detença, enquanto o sábio mentor se recolhia a dois passos de nós, em profunda meditação.
5 Reparamos, em silêncio,
que luz brilhante e doce passou a se lhe irradiar do peito, do semblante
e das mãos, em ondas sucessivas, semelhando-se a matéria estelar, tenuíssima,
porque as irradiações pairavam em torno, como que formando singulares
paradas nos movimentos que lhe eram característicos. 6
Em breves instantes, aquela massa suave e luminescente adquiria contornos
definidos, dando-nos a ideia de que manipuladores invisíveis lhe infundiam
plena vida humana.
7 Mais alguns instantes e
Matilde surgiu diante de nós, venerável e bela.
8 O fenômeno da materialização
de uma entidade sublimada ali se fizera prodigioso aos nossos olhos,
em processo quase análogo ao que se verifica nos Círculos carnais.
5.
Ante a benfeitora, diversas mulheres presentes prosternaram-se, dominadas
de incoercível emoção, atitude natural que não nos surpreendeu, porque,
efetivamente, nos sentíamos em contato direto com um anjo glorioso,
em forma de mulher.
2 A abnegada protetora endereçou
à assembleia um gesto de bênção e falou em voz pausada e emocionante,
depois de ligeira saudação:
3 — Meus amigos, todos aguardais
a hora feliz de abençoado retorno à “esfera do recomeço”; entretanto,
a dádiva do vaso de carne é inapreciável bênção divina.
4 Não busqueis a reencarnação
tão somente pela ânsia de olvido, nos sonhos do mundo que as tentações
do campo inferior podem transformar em pesadelo.
5 A vida que conhecemos, até
agora, é contínuo processo de aperfeiçoamento.
6 Não basta desejar. É imprescindível
orientar o desejo na direção do Bem Infinito.
7 Fez ligeira pausa e, talvez
respondendo à arguição mental de muitos, prosseguiu:
— Não julgueis seja eu excepcional emissária do Reino da Luz. Sou humilde
servidora, sem outro crédito perante o Eterno Doador que não seja o
da boa vontade. Meus pés jazem ainda marcados pelo pretérito obscuro
e meu coração ainda guarda cicatrizes recentes e profundas de experiências
amargosas, que os dias incessantes, até agora, não conseguiram apagar.
8 Não me confirais, portanto,
nomes e títulos que não possuo. Sou simplesmente vossa irmã de luta,
interessada em acordar-vos para a sublimidade do futuro.
9 Nosso coração é um templo
que o Senhor edificou, a fim de habitar conosco para sempre.
10 Gloriosas sementes de divindade
esperam-nos a harmonia e o ajustamento interiores para desabrocharem,
dentro de nós mesmos, arrebatando-nos às Esferas resplandecentes.
11 A aquisição das virtudes
iluminativas, no entanto, não constitui serviço instantâneo da alma,
suscetível de efetuar-se de momento para outro.
12 Somos, cada qual
de nós, um ímã de elevada potência ou um centro de vida inteligente,
atraindo forças que se harmonizam com as nossas e delas constituindo
nosso domicílio espiritual. 13
A criatura, encarnada ou desencarnada, onde estiver, respira entre os
raios de vida superior ou inferior que emite, ao redor dos próprios
passos, tal qual a aranha que se confunde nos fios escuros que produz
ou da andorinha que corta os altos céus com as próprias asas. 14
Todos nós exteriorizamos energias, com as quais nos revestimos, e que
nos definem muito mais que as palavras.
15 De que vos valeria
o retorno à oficina da carne, sem conhecimento das obrigações que nos
competem, ante a Justiça Divina? Que nos adiantaria o temporário esquecimento
do passado, sem nos integrarmos na responsabilidade, a maior força capaz
de nos socorrer nos Círculos de matéria densa e que se traduz em tendência
nobre a persistir conosco?
16 A volta à vestimenta
física é uma bênção que poderemos conseguir à custa de generosas intercessões,
quando nos faleçam méritos para obtê-la, no instante oportuno, por nós
mesmos, tanto quanto é possível conseguir trabalho digno na Esfera da
Crosta, movimentando amigos que nos conduzam aos objetivos disputados;
17 no entanto, qual
ocorre a muitos encarnados que se localizam em respeitáveis quadros
de serviço, tão só para usarem direitos que nada fizeram pelos merecer,
com flagrante abuso das leis que nos regem as ações, muitas almas procuram
o santuário da carne, formulando precipitadas promessas, e nele penetram
agravando os próprios débitos. 18
Tímidas, levianas ou inconsequentes, aproveitam o estágio bendito na
Região da Neblina, n
para repetirem as mesmas faltas de outra época, com absoluta perda do
tempo, que é patrimônio do Senhor.
19 Nesse momento, dentro de
breve intervalo que imprimiu à alocução edificante e piedosa, Matilde
estendeu-nos as mãos que despediam raios de intensa luz e exclamou,
maternal:
20 — Rogais o regresso
à sombra protetora da carne, no propósito de desfazer os sinais desagradáveis
que vos marcam a veste espiritual. 21
Contudo, já armazenastes suficiente força para esquecer os males que
vos foram causados na Crosta da Terra? 22
Reconheceis os vossos erros, a ponto de aceitar a necessária retificação?
23 Fortalecestes
o ânimo, a fim de examinar as necessidades que vos são peculiares, sem
aflições alucinatórias? 24
Aprendestes a servir com o Cordeiro Divino, até ao sacrifício pessoal
na cruz da incompreensão humana, anulando na própria alma as zonas viciadas
de sintonia com os poderes das trevas? 25
Já auxiliastes os companheiros de caminho evolutivo e salvador com a
intensidade e a eficiência que vos justifiquem a rogativa de colaboração
intercessora? 26
Que boas obras já efetuastes a fim de rogardes novos recursos do Céu?
27 Com quem contais
para vencer nas experiências porvindouras? 28
Acreditais, porventura, que o lavrador recolherá sem plantar? 29
Armazenastes bastante serenidade e entendimento no coração, de modo
a não vos intoxicardes amanhã, no Plano físico, sob o bombardeio sutil
dos raios pardos da cólera, da inveja ou do ciúme nefasto? 30
Permaneceis convencidos de que ninguém se aquecerá ao Sol Divino, sem
abrir o próprio coração às correntes da Luz Eterna? 31
Ignorais, acaso, que é preciso igualmente trabalhar para que se mereça
a bênção de um templo carnal na Terra? 32
Que amigos beneficiastes para pedir-lhes a ternura e o sacrifício da
paternidade e da maternidade no mundo, em vosso favor?
33 Não vos iludais.
Somente as criaturas primitivas, nos círculos selvagens da natureza, conhecem, por agora, a semi-inconsciência do viver, por se abeirarem ainda dos reinos inferiores. Recebem a reencarnação quase ao jeito dos irracionais, que aperfeiçoam instintos para ingressarem, mais tarde, no santuário da razão.
34 Para nós, porém, senhores
de vigorosa inteligência, que já respiramos em centenas de formas diversas
e que já atravessamos vários climas evolutivos, ofendendo e sendo ofendidos,
amando e odiando, acertando e errando, resgatando débitos e contraindo-os,
a vida não pode resumir-se a mero sonho, como se a reencarnação constituísse
simples processo de anestesia da alma.
35 É indispensável, pois, que
nos refaçamos, aprimorando o tom vibratório de nossa consciência, alargando-a
para o bem supremo e iluminando-a à claridade renovadora do Divino Mestre.
36 A mente humana, honrando
os patrimônios celestiais que lhe foram conferidos, não poderá vegetar,
à feição do arbusto enfezado que nada produz de útil na economia do
orbe, nem deve imitar o irracional que se localiza na retaguarda da
inteligência incompleta.
37 Uma existência
entre os homens, por mais humilde, para nós outros é acontecimento importante
demais para que o apreciemos sem maior consideração. 38
Todavia, sem abraçar a noção de responsabilidade individual, que nos
deve marcar o esforço de santificação, qualquer empresa dessa ordem
é arriscada, porque em nosso aprendizado intensivo, na recapitulação,
cada Espírito segue sozinho no círculo dos próprios pensamentos, sem
que os companheiros de jornada, com raríssimas exceções, lhe conheçam
as esperanças mais nobres e lhe partilhem as aspirações dignificadoras.
39 Cada criatura encarnada
permanece só, no reino de si mesma, e faz-se indispensável muita fé
e suficiente coragem para marcharmos vitoriosamente, sob o invisível
madeiro redentor que nos aperfeiçoa a vida, até ao Calvário da suprema
ressurreição.
6.
Nesse instante, Matilde fez mais longa pausa na alocução com que nos
enriquecia aquela hora de sabedoria e luz e acercou-se de Gúbio, prostrado
e palidíssimo.
2 Afagou-o, bondosa, com palavras
de agradecimento e, em seguida, como se desejasse quebrar a feição de
solenidade que a sua presença nos imprimira à reunião, dirigiu-se, com
acento carinhoso, aos ouvintes, rogando-lhes que se pronunciassem acerca
dos projetos acalentados para o futuro.
Vozes de gratidão elevaram-se, comovidas.
3 Um cavalheiro de olhos fulgurantes
destacou-se e foi claro na consulta.
— Grande benfeitora, — disse, gravemente, — fui duplamente homicida,
na derradeira romagem terrestre. Respirei muitos anos no corpo carnal,
como se fora a pessoa mais tranquila do mundo, não obstante trazer a
consciência tisnada de remorso e as mãos enodoadas de sangue humano.
Ludibriei quantos me cercavam, através da máscara da hipocrisia. 4
Atravessando os umbrais do túmulo, atormentado de acerbas reminiscências,
supus que tremendas acusações me esperariam. Semelhante expectativa
aliviava-me, de algum modo, porque o criminoso, perseguido pelo remorso,
encontra verdadeiro socorro nas humilhações que o espezinham. Contudo,
não encontrei senão o desprezo, com aviltamento de mim próprio. 5
Minhas vítimas distanciaram-se de mim, desculparam-me e esqueceram-me.
Vejo-me, todavia, acicatado por forças punitivas que nunca poderei descrever
com as minúcias desejáveis. Há um tribunal invisível em minha consciência
e debalde procuro fugir aos sítios em que menoscabei as obrigações de
respeito ao próximo.
6 Abafando os soluços, rematou,
comovente:
— Como iniciar o esforço de minha restauração?
Tão imensa tristeza perpassava naquela voz humilde, que nos sentíamos todos tocados nas fibras mais íntimas.
7 Matilde, contudo, respondeu,
sem titubear:
— Outros irmãos, não longe de nós, suportando a carga das mesmas culpas,
peregrinam, desditosos, entre o pesadelo e a aflição inomináveis. Abre
teu coração para eles. 8
Começarás ajudando-os a enxergar a senda regenerativa, alimentando-os
com esperanças e ideais novos e atraindo-os ao trabalho de sublimação,
pelo esforço, na constante aplicação do bem. Sofrer-lhes-ás as injúrias,
os remoques, as incompreensões, mas descobrirás um meio de ampará-los
com eficiência e brandura. 9
Depois de semelhante sementeira, principiarás a recolher as bênçãos
de paz e de luz, porquanto, o Espírito que ensina com amor, embora delituoso
e imperfeito, acaba aprendendo as mais difíceis lições da responsabilidade
que adquire, transmitindo a outros revelações salvadoras que lhe não
pertencem. 10 Realizado
esse serviço nobilitante, retomarás, então, mais tarde, o corpo físico,
recapitulando os ensinamentos que gravaste na mente interessada em renovar-se.
Reencontrarás, daí em diante, mil motivos para a cólera violenta; e
a tentação de eliminar adversários, prostrando-os a golpe mortal, visitar-te-á
com frequência o coração. 11
Se souberes, porém, e, sobretudo, se quiseres vencer os próprios impulsos
destrutivos, quando te encontrares em plena e abençoada luta na “esfera
do recomeço”, plantando amor e paz, luz e aperfeiçoamento, ao redor
dos teus pés, então terás demonstrado aproveitamento real e efetivo
das dádivas recebidas e revelar-te-ás preparado para maior ascensão.
12 Antes que a emissária pudesse
imprimir novo brilho ao ensinamento, chorosa mulher recorreu-lhe ao
conselho, exclamando, humilhada:
— Grande mensageira do bem, confesso aqui minhas faltas diante de todos
e peço-te roteiro salvador. 13
Enquanto encarnada, nunca fui punida pelos meus excessos no abuso dos
sentidos. Possuí um lar que não honrei, um esposo que depressa esqueci
e filhos que afastei, deliberadamente, de meu convívio, para gozar,
à saciedade, os prazeres que a mocidade me oferecia. Meu transviamento
moral não foi conhecido na comunidade em que vivi, mas a morte apodreceu
a máscara que me ocultava aos alheios olhos e passei a experimentar
horrível pavor de mim mesma. Que farei por retornar à paz? Como traduzir
o arrependimento que me enche a alma de infinita amargura?
14 Matilde fitou-a, compungidamente,
e observou:
— Milhares de seres, despojados da roupagem fisiológica, estertoram
em zona próxima, sob o guante cruel das paixões a que se algemaram,
invigilantes. 15
Poderás encetar o reajustamento de tuas energias, dedicando-te, nos
Círculos próximos, ao levantamento dos sofredores de boa vontade. Com
esquecimento de ti mesma, arrebatarás muitos Espíritos, cadaverizados
no abuso, aos pântanos de dor em que se debatem. Plantarás na mente
deles novos princípios e novas luzes, consolando-os e transformando-os,
a caminho da harmonia divina, reconquistando, por tua vez, o direito
de regresso ao campo bendito da carne. 16
Reconduzida, então, à abençoada escola terrestre, receberás, talvez,
a prova terrível da beleza física, a fim de que o contato com as tentações
da própria natureza inferior te retempere o aço do caráter, se conseguires
manter fidelidade suprema ao amor santificante. 17
Esta é a lei, minha filha! Para que nos reergamos com segurança, depois
da queda ao precipício, é imprescindível auxiliar quantos se projetaram
nele, consolidando, ante as dores alheias, a noção da responsabilidade
que nos deve presidir às ações porvindouras, de modo que a reencarnação
não se converta em novo mergulho no egoísmo. 18
O único recurso de fugirmos definitivamente ao mal é o apoio constante
no Bem Infinito.
19 A benfeitora imprimiu
ligeira interrupção ao verbo generoso, espraiou o olhar na assembleia
que a ouvia, expectante, e concluiu:
— E que nenhum de nós admita o acesso fácil aos tesouros eternos, tão só porque
atualmente nos vejamos libertos das cadeias beneméritas do corpo de
carne. 20 O Senhor
criou leis imperecíveis e perfeitas para que não alcancemos o Reino
da Divina Luz, ao sabor do acaso, e Espírito algum trairá os imperativos
sábios do esforço e do tempo! 21
Quem pretende a colheita de felicidade no século vindouro, comece desde
agora a sementeira de amor e paz.
22 Nesse momento, entregou-se
Matilde a maior parada e, enquanto parecia meditar, em prece, de seu
tórax iluminado nasciam, espontâneas e brilhantes, ondas sucessivas
de maravilhosa luz.
André Luiz
[1] “Região da Neblina” é também sinônimo de Esfera Carnal — Nota do autor espiritual.