1.
De manhã, um emissário do sacerdote Gregório, com semblante mal humorado,
veio notificar-nos, em nome dele, que dispúnhamos de liberdade até as
primeiras horas da tarde, quando nos receberia para entendimento particular.
2 Ausentamo-nos do cubículo,
sinceramente desafogados.
A noite fora simplesmente aflitiva, pelo menos para mim que não conseguira qualquer quietação no repouso. Não somente o ruído exterior se fizera contínuo e desagradável, mas também a atmosfera pesava, asfixiante. As alucinadoras conversações no ambiente me perturbavam e feriam.
3 Convidou-nos Gúbio a pequena
excursão educativa, asseverando-me, bondoso:
— Vejamos, André, se poderemos aproveitar alguns minutos, estudando os “ovóides”.
4 Elói e eu acompanhamo-lo,
satisfeitos. Coalhava-se a rua de tipos característicos da anormalidade
deprimente.
Aleijados de todos os matizes, idiotas de máscaras variadas, homens
e mulheres de fisionomia torturada, iam e vinham. Ofereciam a perfeita
impressão de alienados mentais. 5
Exceção de alguns que nos fixavam de olhar suspeitoso e cruel, com manifesta
expressão de maldade, a maior parte, a meu ver, situava-se entre a ignorância
e o primitivismo, entre a amnésia e o desespero. Muitos demonstravam-se
irritadiços ante a calma de que lhes dávamos testemunho. 6
Perante os desmantelos e detritos a transparecerem de toda parte, conclui
que o esforço coletivo se mantinha ausente de qualquer serviço metódico,
junto à matéria do Plano. A conversação ociosa era, ali, o traço dominante.
7 O Instrutor informou-nos,
então, com muito acerto, de que as mentes extraviadas, de modo geral,
lutam com ideias fixas, implacáveis e obcecantes, gastando longo tempo
a fim de se reajustarem. Rebaixadas pelas próprias ações, perdem a noção
do bom-gosto, do conforto construtivo, da beleza santificante e se entregam
a lastimável relaxamento.
8 Com efeito, a paisagem,
sob o ponto de vista de ordem, deixava muito a desejar. As edificações,
excetuados os palácios da praça governativa, onde se notava a movimentação
de grande massa de escravos, desapontavam pelo aspecto e condições em
que se mantinham. As paredes, revestidas de substância semelhante ao
lodo, mostravam-se repelentes não só à visão, mas também ao olfato,
pelas exalações desagradáveis.
9 A vegetação, em todos os
ângulos, era escassa e mirrada.
Gritos humanos, filhos da dor e da inconsciência, eram frequentes, provocando-nos sincera piedade.
10 Fossem poucos os transeuntes
infelizes e poder-se-ia pensar num serviço metódico de assistência individual;
mas, que dizer de uma cidade constituída por milhares de loucos declarados?
Dentro de colmeia dessa natureza, o homem sadio que tentasse impor socorro
ao espírito geral não seria efetivamente o alienado mental, aos olhos
alheios? Impraticável, por isso, qualquer organização beneficente visível,
a não ser através de serviço arriscado qual aquele de que o nosso Instrutor
se incumbira, tocado pela renúncia, na obra de santificação com o Cristo.
11 Além das perturbações reinantes,
capazes de estabelecer a guerra de nervos nas criaturas mais equilibradas
da Crosta do Mundo, pairava na atmosfera sufocante nevoeiro que mal
nos deixava entrever o horizonte distanciado.
12 O Sol, através de espessa
cortina de fumo, cuja procedência me não foi possível determinar, era
visto por nós, à semelhança de uma bola de sangue afogueado.
13 Elói, forçando o bom humor,
perguntou, a propósito, se o inferno era um hospício de proporções assim
tão vastas, ao que o nosso orientador respondeu aquiescendo e informando
que o homem comum não possui senão vaga ideia da importância das criações
mentais na própria vida.
14 A mente estuda, arquiteta,
determina e materializa os desejos que lhe são peculiares na matéria
que a circunda, esclareceu Gúbio, atencioso, e essa matéria que lhe
plasma os impulsos é sempre formada por vidas inferiores inumeráveis,
em processo evolutivo, nos quadros do Universo sem fim.
2.
Marcháramos, atravessando compridos labirintos e achamo-nos diante de
extensa edificação que, com boa vontade, nomearemos por asilo de Espíritos
desamparados.
2 Enquanto encarnado, ser-me-ia
extremamente difícil acreditar numa cena igual à que se nos desdobrou
à visão inquieta. Nenhum sofrimento, depois da morte do corpo, me tocara
tão fundo o coração.
A gritaria, em torno, era de espantar.
3 Varamos lodosa muralha e,
depois de avançarmos alguns passos, o pavoroso quadro se abriu dilatadamente.
Largo e profundo vale se estendia, habitado por toda a espécie de padecimentos
imagináveis.
4 Sentíamo-nos, agora, na
extremidade de um planalto que se quebrava em abrupto despenhadeiro.
À frente, numa distância de dezenas de quilômetros, sucediam-se furnas e abismos, qual se nos situássemos perante imensa cratera de vulcão vivo, alimentado pela dor humana, porque, lá dentro, turbilhões de vozes explodiam, ininterruptos, parecendo estranha mistura de lamentos de homens e animais.
5 Tremeram-me as fibras mais
íntimas, e, não só em mim, mas igualmente no espírito de Elói, o movimento
era de recuo instintivo.
6 O orientador, no
entanto, estava firme.
Longe de endossar-nos a fraqueza, ignorou-a, deliberadamente, e asseverou,
calmo:
— Amontoam-se aqui, como se fossem lenhos secos, milhares de criaturas
que abusaram de sagrados dons da vida. 7
São réus da própria consciência, personalidades que alcançaram a sobrevivência
sobre as ruínas do próprio “eu”, confinados em escuro setor de alienação
mental. 8 Esgotam resíduos
envenenados que acumularam na esfera íntima, através de longos anos
vazios de trabalho edificante, no mundo físico, entregando-se, presentemente,
a infindáveis dias de tortura redentora.
9 E, talvez porque nosso espanto
crescesse à vista da tela aflitiva e tenebrosa, acrescentou, sereno:
— Não estamos contemplando senão a superfície de trevosos cárceres a se confundirem com os precipícios subcrostais.
— Mas não haverá recurso a tanto desamparo? — Indagou Elói, compungidamente.
10 Gúbio refletiu alguns momentos
rápidos e aduziu em tom grave:
— Quando encontramos um morto de cada vez, é fácil conceder-lhe sepultura
condigna, mas, se os cadáveres são contados por multidões, nada nos
resta senão adotar a vala comum. 11
Todos os Espíritos renascem nos Círculos carnais para destruírem os
ídolos da mentira e da sombra e entronizarem, dentro de si mesmos, os
princípios da sublimação vitoriosa para a eternidade, quando não se
encontram em simples estrada evolutiva; 12
contudo, nas demonstrações de ordem superior que lhes cabem, preferem,
na maioria das ocasiões, adorar a morte na ociosidade, na ignorância
agressiva ou no crime disfarçado, olvidando a gloriosa imortalidade
que lhes compete atingir. 13
Ao invés de estruturarem destino santificante, com vistas ao porvir
infinito, menosprezam oportunidades de crescimento, fogem ao aprendizado
salutar e contraem débitos clamorosos, retardando a obra de elevação
própria. 14 E se eles
mesmos, senhores de preciosos dons de inteligência, com todo o acervo
de revelações religiosas de que dispõem para solucionar os problemas
da alma, se confiam voluntariamente a semelhante atraso, que nos resta
fazer senão seguir nas linhas de paciência por onde se regula a influenciação
dos nossos benfeitores? Sem dúvida, esta paisagem é inquietante e angustiosa,
mas compreensível e necessária.
15 Perguntei-lhe se naqueles
sítios purgatoriais não havia companheiros amigos, detentores da missão
de consolar; ao que o nosso Instrutor respondeu afirmativamente.
— Sim, — disse, — esta imensa coletividade, dentro da qual preponderam individualidades
que pelo sofrimento contínuo se caracterizam pelo comportamento subumano,
não está esquecida. 16
A renúncia opera com Jesus, em toda parte. Agora, todavia, não dispomos
de ensejos para a identificação de missionários e servidores do bem.
Vamos ao estudo que nos interessa de mais perto.
3.
Descemos alguns metros e encontramos esquálida mulher estendida no solo.
2 Gúbio nela fixou os olhos
muito lúcidos e, depois de alguns momentos, recomendou-nos seguir-lhe
a observação acurada.
— Vês, realmente, André? — Inquiriu, paternal.
3 Percebi que a infeliz se
cercava de três formas ovóides, diferençadas entre si nas disposições
e nas cores, que me seriam, porém, imperceptíveis aos olhos, caso não
desenvolvesse, ali, todo o meu potencial de atenção.
— Reparo, sim, — expliquei, curioso, — a existência de três figuras vivas,
que se lhe justapõem ao perispírito, apesar de se expressarem por intermédio
de matéria que me parece leve gelatina, fluida e amorfa.
4 Elucidou Gúbio, sem detença:
— São entidades infortunadas, entregues aos propósitos de vingança e que perderam
grandes patrimônios de tempo, em virtude da revolta que lhes atormenta
o ser. 5 Gastaram o
perispírito, sob inenarráveis tormentas de desesperação, e imantam-se,
naturalmente, à mulher que odeiam, irmã esta que, por sua vez, ainda
não descobriu que a ciência de amar é a ciência de libertar, iluminar
e redimir.
6 Auscultamos, de mais perto,
a desventurada criatura.
Assumiu Gúbio a atitude do médico ante a paciente e os aprendizes.
A mulher sofredora, envolvida num halo de “força cinzento-escura”, registou-nos a presença e gritou, entre a aflição e a idiotia:
— Joaquim! Onde está Joaquim? Digam-me, por piedade! Para onde o levaram?
Ajudem-me! Ajudem-me!
7 O nosso orientador tranquilizou-a
com algumas palavras e, não lhe conferindo maior atenção, além daquela
que o psiquiatra dispensa ao enfermo em crise grave, observou-nos:
— Examinem os ovóides! Sondem-nos, magneticamente, com as mãos.
8 Operei, expedito.
Toquei o primeiro e notei que reagia, positivamente.
Liguei, num ato de vontade, minha capacidade de ouvir ao campo íntimo da forma e, assombrado, ouvi gemidos e frases, como que longínquos, pelo fio do pensamento:
— Vingança! Vingança! Não descansarei até ao fim… Esta mulher infame me pagará…
9 Repeti a experiência
com os dois outros e os resultados foram idênticos.
As exclamações “Assassina! Assassina!…” transbordavam de cada um.
10 Após afagar a doente com
fraternal carinho, analisando-a, atencioso, o Instrutor dirigiu-nos
a palavra, esclarecendo:
— Joaquim será naturalmente o companheiro que a precedeu nas lides
da reencarnação. Certo, já regressou à Terra mais densa, a fim de preparar-lhe
lugar. A pobrezinha está esperando ensejo de retorno à luta benéfica.
11 Vejo-lhe o drama
cruel. Foi tirânica senhora de escravos no século que findou. Percebo-lhe
as recordações da fazenda próspera e feliz, nos arquivos mentais. 12
Foi jovem e bela, mas desposou, consoante o programa de provas salvadoras,
um cavalheiro na idade madura, que, a seu turno, já assumira compromissos
sentimentais com humilde filha do cativeiro. 13
Embora a mudança natural de vida, à face do casamento, não abandonou
ele o débito contraído. Em razão disso, a pobre mãe e escrava, ainda
moça, penitente e desditosa, prosseguiu agregada à propriedade rural
com os rebentos de seu amor menos feliz. 14
Com a passagem do tempo, a esposa requestada e fascinante conheceu toda
a extensão do assunto e revelou a irascibilidade que lhe povoava a alma.
Dirigiu-se ao marido, colérica e violenta, dobrando-o aos caprichos
que lhe exacerbavam a mente. 15
A escrava sofredora foi separada de ambos os filhos que possuía e vendida
para uma região palustre onde em breve encontrou a morte pela febre
maligna. 16 Os dois
rapazes, metidos no tronco, padeceram vexames e flagelações em frente
da senzala. Acusados de ladrões, pelo capataz, a instâncias da senhora
dominada de egoísmo terrificante, passaram a exibir pesada corrente
no pescoço ferido. Viveram, no passado, sob humilhações incessantes.
No curso de reduzidos meses, caíram sem remissão, minados pela tuberculose
que ninguém socorreu. 17
Desencarnados, reuniram-se à genitora revoltada, formando um trio perturbador
na organização ruralista que os expulsara, sustentando sinistros propósitos
de desforço. 18 Não
obstante convidados à tolerância e ao perdão por amigos espirituais
que os visitavam frequentemente, nunca cederam um til nos planos sombrios
em que penhoraram o coração. 19
Atacaram, desapiedados, a mulher que os tratara com dureza, impondo-lhe
destrutivo remorso ao espírito vacilante e fraco. Dominando-lhe a vida
psíquica, transformaram-se para ela em perigosos carrascos invisíveis,
utilizando todos os processos de luta suscetíveis de acentuar-lhe as
perturbações. 20
Adoeceu ela, por isso, gravemente, desafiando conselhos e medidas de
cura. Embora socorrida por médicos e padres diversos, não mais recobrou
o equilíbrio orgânico. Arrasou-se-lhe o corpo físico, a pouco e pouco.
21 Incapaz de expandir-se
mentalmente, no idealismo superior, que corrige desvarios íntimos e
facilita a cooperação vibratória das almas que respiram em Esferas mais
elevadas, a desditosa fazendeira sofreu, insulada no orgulho destrutivo
que lhe assinalava o caminho, dez anos de mágoas constantes e indefiníveis.
22 Claro que possuía,
por sua vez, amigos prontos a lhe estenderem generosas mãos por ocasião
da morte do corpo que se tornou inevitável; contudo, quando nos enceguecemos
no mal, inabilitamo-nos, por nós mesmos, à recepção de qualquer recurso
do bem.
23 O Instrutor fez ligeira
pausa na narrativa e continuou:
— Exonerada dos liames carnais, viu-se perseguida pelas vítimas de
outro tempo, anulando-se-lhe a capacidade de iniciativa em virtude das
emissões vibratórias do próprio medo perturbador. 24
Padeceu muitíssimo, não obstante contemplada pela compaixão de benfeitores
do Alto que sempre tentaram conduzi-la à humildade e à renovação pelo
amor, mas o ódio permutado é uma fornalha ardente, mantenedora de cegueira
e sublevação. 25
Desencarnado o esposo, veio semilouco encontrá-la no mesmo invencível
abatimento, incapaz de socorrê-la em vista das próprias dores que o
constrangiam a difíceis retificações. 26
Os impiedosos adversários prosseguiram na obra deplorável e, ainda mesmo
depois de perderem a organização perispirítica, aderiram a ela, com
os princípios de matéria mental em que se revestem. A revolta e o pavor
do desconhecido, com absoluta ausência de perdão, ligam-nos uns aos
outros, quais algemas de bronze. 27
A infeliz perseguida, na posição em que se encontra, não os vê, não
os apalpa, mas sente-lhes a presença e ouve-lhes as vozes, através da
inconfundível acústica da consciência. Vive atormentada, sem direção.
Tem o comportamento de um ser quase irresponsável.
28 A infortunada criatura não
parecia registar as informações, ditas ali em voz alta, e que lhe diziam
respeito. Clamava amedrontada, pelo auxílio do companheiro.
4.
Vali-me ainda do ensejo para algumas indagações.
— Diante deste quadro comovedor, como encarar a solução? — Desfechei a pergunta
direta.
2 Gúbio, todavia, observou,
muito calmo:
— Gastaremos tempo. A perturbação vem de inesperado, instala-se à pressa; entretanto, retira-se muito devagar. Aguardemos a obra paciente dos dias.
3 Após uma pausa expressiva,
acentuou:
— Tudo me faz crer que os missionários da caridade já lhe reconduziram o esposo às correntes da reencarnação e é de supor que esta irmã se ache em vias de seguir-lhe as pegadas, a breve tempo. Naturalmente, renascerá em círculos de vida torturada, enfrentando obstáculos imensos para reencontrar o ex-esposo e partilhar-lhe as experiências futuras. Então…
4 — Os inimigos ser-lhe-ão
filhos? — Indaguei, ansioso, quebrando-lhe as reticências.
— Como não? Certamente, o caso já se encontra sob a jurisdição superior. Esta mulher retornará à carne, seguida pelas mentes dos adversários que aguardarão, junto dela, o tempo de imersão nos fluidos terrestres.
5 — Oh! — Exclamei,
profundamente espantado. — Não se separará dos perseguidores, nem mesmo
para o regresso? Tenho acompanhado reencarnações que invariavelmente
se fazem seguidas de cautelas especiais…
6 — Sim, André, —
concordou o Instrutor, — reparaste nos processos em que funcionaram
elementos intercessores de vulto, atendendo-se à nobilitante missão
dos interessados no futuro e, com o auxílio divino, semelhantes casos
contam-se por milhões. 7
Contudo, existem, ainda, nos setores da luta humana, milhões de renascimentos
de almas criminosas que tornam ao mergulho da carne premidas pela compulsória
do Plano Superior, de modo a expiarem delitos graves. 8
Em ocorrências dessa ordem, a individualidade responsável pela desarmonia
reinante converte-se em centro de gravitação das consciências desequilibradas
por sua culpa e assume o comando dos trabalhos de reajustamento, sempre
longos e complicados, de acordo com os ditames da Lei.
9 Compreendendo meu assombro,
Gúbio considerou:
— Porque a estranheza? Os princípios de atração governam o Universo
inteiro. Nos sistemas planetários e nos sistemas atômicos vemos o núcleo
e os satélites. 10
Na vida espiritual, os ascendentes essenciais não diferem. Se os bons
representam centros de atenção dos Espíritos que se lhes afinam pelos
ideais e tendências, os grandes delinquentes se transformam em núcleos
magnéticos das mentes que se extraviaram da senda reta, em obediência
a eles. 11 Elevamo-nos
com aqueles que amamos e redimimos ou rebaixamo-nos com aqueles que
perseguimos e odiamos.
12 As afirmativas inspiravam-me
profundos pensamentos, quanto à grandeza das leis que regem a vida e,
atento à meditação daquele instante, evitei novas perguntas.
13 O Instrutor acariciou a
fronte da criatura desventurada, envolvendo-a, intencionalmente, numa
bênção de fluidos divinos e acrescentou:
— Pobre irmã! Que o Céu a fortaleça na jornada por empreender! 14
Seguida de perto pela influência dos seres que com ela se projetaram
no abismo mental do ódio, terá infância dolorosa e sombria pelos pesares
desconhecidos que se lhe acumularão, incompreensivelmente, na alma opressa.
15 Conhecerá enfermidades
de diagnose impossível, por enquanto, no quadro dos conhecimentos humanos,
por se originarem da persistente e invisível atuação dos inimigos de
outra época… 16 Terá
mocidade torturada por sonhos de maternidade e não repousará, intimamente,
enquanto não oscular, no próprio colo, os três adversários convertidos,
então, em filhinhos tenros de sua ternura sedenta de paz… 17
Transportará consigo três centros vitais desarmônicos e, até que os
reajuste na forja do sacrifício, recambiando-os à estrada certa, será,
na condição de mãe, um ímã atormentado ou a sede obscura e triste de
uma constelação de dor.
18 O estudo era, sem dúvida,
absorvente e fascinante, mas a hora controlava-nos o serviço e era imperioso
regressar.
André Luiz