1.
De volta ao domicílio de Gregório, fomos transferidos da cela trevosa
para um aposento de janelas gradeadas, onde tudo desagradava à vista.
2 Certo, devíamos a
mudança ao resultado encorajador que alcançáramos nas operações seletivas,
mas, em verdade, ainda aí, nos achávamos em autêntico pardieiro. De
qualquer modo, era para nós imenso consolo contemplar algumas estrelas,
através do nevoeiro que assaltava a paisagem noturna.
3 O Instrutor, versado em
expedições idênticas à nossa, recomendou-nos não tocar os varões de
metal que nos impediam a retirada, esclarecendo se achavam imantados
por forças elétricas de vigilância e acentuando que a nossa condição
ainda era de simples prisioneiros.
4 Aproximamo-nos, porém, das
janelas que nos comunicavam com o exterior e reparei que o espetáculo
era digno de estudo.
5 Grande movimento na via
pública, congregando vários grupos de criaturas, em conversação não
longe de nós.
Os diálogos e entendimentos surpreendiam. Quase todos se referiam à Esfera carnal.
Questões minuciosas e pequeninas da vida particular eram analisadas com inequívoco interesse; contudo, as notas dominantes caíam no desequilíbrio sentimental e nas emoções primárias da experiência física.
6 Percebi diferentes expressões
nos “halos vibratórios” que revestiam a personalidade dos conversadores,
através das cores de variação típica.
7 Dirigi-me a Gúbio, buscando-lhe
oportuno esclarecimento.
— Não mediste, ainda, — respondeu, prestimoso, — a extensão do intercâmbio
entre encarnados e desencarnados. 8
A determinadas horas da noite, três quartas partes da população de cada
um dos hemisférios da Crosta Terrestre se acham nas zonas de contato
conosco e a maior percentagem desses semilibertos do corpo, pela influência
natural do sono, permanecem detidos nos Círculos de baixa vibração qual
este em que nos movimentamos provisoriamente. 9
Por aqui, muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam
nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas
nascentes e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores
que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta
e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais
trágicos estarreceriam as criaturas.
10 De alma voltada para as
noções da vida imensa que o ambiente sugeria, rememorei o curso incessante
das civilizações. Pensamentos mais altos clarearam-me os raciocínios.
A Bondade do Senhor não violenta o coração. O Reino Divino nascerá dentro
dele e, à maneira da semente de mostarda que se liberta dos envoltórios
inferiores, medrará e crescerá gradativamente, sob os impulsos construtivos
do próprio homem.
11 Que temerária concepção
a de um paraíso fácil!
Gúbio percebeu-me a posição mental e falou em socorro de minhas pobres reflexões íntimas:
— Sim, André, a coroa da sabedoria e do amor é conquistada por evolução,
por esforço, por associação da criatura aos propósitos do Criador. 12
A marcha da Civilização é lenta e dolorosa. Formidandos atritos se fazem
indispensáveis para que o Espírito consiga desenvolver a luz que lhe
é própria. 13 O homem
encarnado vive simultaneamente em três planos diversos. Assim como ocorre
à árvore que se radica no solo, guarda ele raízes transitórias na vida
física; estende os galhos dos sentimentos e desejos nos Círculos de
matéria mais leve, quanto o vegetal se alonga no ar; e é sustentado
pelos princípios sutis da mente, tanto quanto a árvore é garantida pela
própria seiva. 14
Na árvore, temos raiz, copa e seiva por três processos diferentes de
manutenção para a mesma vida e, no homem, vemos corpo denso de carne,
organização perispirítica em tipo de matéria mais rarefeita e mente,
representando três expressões distintas de base vital, com vistas aos
mesmos fins. 15 Segundo
observamos, o homem exige para sustentar-se, no quadro evolucionário,
segurança relativa no campo biológico, alimento das emoções que lhe
são próprias nas esferas de vida psíquica que se afinam com ele e base
mental no mundo íntimo. 16
A vida é patrimônio de todos, mas a direção pertence a cada um. 17
A inteligência caída precipita-se, despenhadeiro abaixo, encontrando
sempre, nos Círculos inferiores que elege por moradia, milhões de vidas
inferiores, junto às quais é aproveitada pela Sabedoria Celestial para
maior glorificação da obra divina. 18
Na economia do Senhor, coisa alguma se perde e todos os recursos são
utilizados na química do Infinito Bem. 19
Aqui mesmo, nesta cidade, tínhamos, a princípio, autêntico império de
vidas primitivas que, pouco a pouco, se fez ocupado por extensas coletividades
de almas vaidosas e cruéis. Entrincheiraram-se nestes sítios, guardando
o louco propósito de hostilizar a Bondade Excelsa, e exercem funções
úteis junto a enorme agrupamento de criaturas, ainda subumanas, não
obstante atenderem a serviço que para nós outros seria presentemente
insuportável. 20 Usam
a violência em largas doses, todavia, no curso dos anos, a influenciação
intelectual delas trará grandes benefícios aos oprimidos de agora e
estejamos convictos de que, apesar de blasonarem inteligência e poder,
permanecerão nos postos que ocupam apenas enquanto perdurar o consentimento
da Divina Direção, atento ao princípio que determina tenha cada assembleia
o governo que merece.
2.
O Instrutor confiou-se a pausa mais longa e concentrei minha atenção
numa dupla feminina que conversava, rente à grade.
2 Certa mulher já desencarnada
dizia para a companheira, ainda presa à experiência física, parcialmente
liberta nas asas do sono:
— Notamos que você, ultimamente, anda mais fraca, mais serviçal… Estará desencantada, quanto aos compromissos assumidos?
3 A interpelada explicou um
tanto confundida:
— Acontece que João se filiou a um círculo de preces, o que, de alguma sorte, nos vem alterando a vida.
4 A outra deu um salto à retaguarda,
ao modo de um animal surpreendido e gritou:
— Orações? Você está cega quanto ao perigo que isso significa? Quem reza cai
na mansidão. É necessário espezinhá-lo, torturá-lo, feri-lo, a fim de
que a revolta o mantenha em nosso círculo. Se ganhar piedade, estragar-nos-á
o plano, deixando de ser nosso instrumento na fábrica.
5 A interlocutora, no entanto,
observou, ingênua:
— Ele se diz mais calmo, mais confiante…
6 — Marina, — obtemperou
a outra, intempestiva, — você sabe que não podemos fazer milagres e
não é justo aceitar regras e intrujices de Espíritos acovardados que,
a pretexto de fé religiosa, se arvoram em ditadores de salvação. 7
Precisamos de seu marido e de muitas outras pessoas que a ele se agregam
em serviço e em nosso nível. O projeto é enorme e interessante para
nós. Já esqueceu quanto sofremos? Eu, de mim mesma, tenho duras lições
por retribuir.
8 E batendo-lhe esquisitamente
nos ombros, acentuava:
— Não admita encantamentos espirituais. A realidade é nossa e cabe-nos
aproveitar o ensejo, integralmente. 9
Volte para o corpo e não ceda um milímetro. Corra com os apóstolos improvisados.
Fazem-nos mal. Prenda João, controlando-lhe o tempo. Desenvolva serviço
eficiente e não o liberte. 10
Fira-o devagarinho. O desespero dele chegará, por fim, e, com as forças
da insubmissão que forem exteriorizadas em nosso favor, alcançaremos
os fins a que nos propomos. 11
Nada de transigência. Não se atemorize com promessas de inferno ou Céu
depois da morte. Em toda parte a vida é aquilo que fazemos dela.
12 Boquiaberto com o que me
era dado perceber, reparei que a entidade astuta e vingativa envolvia
a interlocutora em fluidos sombrios, à maneira dos hipnotizadores comuns.
13 Enderecei olhar interrogativo
ao nosso orientador que, após haver atenciosamente acompanhado a cena,
informou, prestimoso:
— A obsessão desse teor apresenta milhões de casos. 14
De manhãzinha, na Esfera da Crosta, essa pobre mulher, vacilante na
fé, incapaz de apreciar a felicidade que o Senhor lhe concedeu num casamento
digno e tranquilo, despertará no corpo, de alma desconfiada e abatida.
Oscilando entre o “crer” e o “não crer” não saberá polarizar a mente
na confiança com que deve enfrentar as dificuldades do caminho e aguardar
as manifestações santificantes do Alto e, em face da incerteza íntima,
em que se lhe caracterizam as atitudes, demorar-se-á imantada a essa
irmã ignorante e infeliz, que a persegue e subjuga para conseguir deplorável
vingança. 15 Converter-se-á,
por isso, em objeto de acentuada aflição para o esposo e suas conquistas
incipientes periclitarão.
— Como se libertaria de semelhante inimiga? — Perguntou Elói, interessado.
16 — Mantendo-se
num padrão de firmeza superior, com suficiente disposição para o bem.
Com esse esforço, nobre e contínuo, melhoraria intensivamente os seus
princípios mentais, afeiçoando-os às fontes sublimes da vida e, ao invés
de converter-se em material absorvente das irradiações enfermiças e
depressivas, passaria a emitir raios transformadores e construtivos,
em benefício de si mesma e das entidades que se lhe aproximam do caminho.
17 Em todos os quadros
do Universo, somos satélites uns dos outros. Os mais fortes arrastam
os mais fracos, entendendo-se, porém, que o mais frágil de hoje pode
ser a potência mais alta de amanhã, conforme nosso aproveitamento individual.
18 Expedimos raios
magnéticos e recebemo-los ao mesmo tempo. 19
É imperioso reconhecer, todavia, que aqueles que se acham sob o controle
de energias cegas, acomodando-se aos golpes e sugestões da força tirânica,
emitidos pelas inteligências perversas que os assediam, demoram-se,
longo tempo, na condição de aparelhos receptores da desordem psíquica.
20 Muito difícil reajustar
alguém que não deseja reajustar-se. A ignorância e a rebeldia são efetivamente
a matriz de sufocantes males.
3.
Ante o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas
às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras.
2 Semelhavam-se a pequenas
esferas ovóides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano.
Variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento
próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual;
outras, contudo, pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas
ao halo vital das personalidades em movimento.
3 Fixei, demoradamente, o
quadro, com a perquirição do laboratorista diante de formas desconhecidas.
Grande número de entidades, em desfile nas vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às irradiações que lhes eram próprias.
4 Nunca havia observado, antes,
tal fenômeno.
Em nossa colônia de residência, ainda mesmo em se tratando de criaturas perturbadas e sofredoras, o campo de emanações era sempre normal. E quando em serviço, ao lado de almas em desequilíbrio, na Esfera da Crosta, nunca vira aquela irregularidade, pelo menos quanto me fora, até ali, permitido observar.
4.
Inquieto, recorri ao Instrutor, rogando-lhe ajuda.
— André, — respondeu ele, circunspecto, evidenciando a gravidade do assunto,
— compreendo-te o espanto. Vê-se, de pronto, que és novo em serviços
de auxílio. 2 Já ouviste
falar, de certo, numa “segunda morte”.
— Sim, — acentuei, — tenho acompanhado vários amigos à tarefa reencarnacionista,
quando, atraídos por imperativos de evolução e redenção, tornam ao corpo
de carne. 3 De outras
vezes, raras aliás, tive notícias de amigos que perderam o veículo perispiritual, n
conquistando Planos mais altos. A esses missionários, distinguidos por
elevados títulos na vida superior, não me foi possível seguir de perto.
4 Gúbio sorriu e considerou:
— Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita.
5 — Sim… — acrescentei, reticencioso,
em minha sede de saber.
— Viste companheiros, — prosseguiu o orientador, — que se desfizeram
dele, rumo a Esferas sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é
dado sondar, e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas
e desintegradoras dos elementos perispiríticos para renascerem na carne
terrestre. 6 Os
primeiros são servidores enobrecidos e gloriosos, no dever bem cumprido,
enquanto que os segundos são colegas nossos, que já merecem a reencarnação
trabalhada por valores intercessores, mas, tanto quanto ocorre aos companheiros
respeitáveis desses dois tipos, os ignorantes e os maus, os transviados
e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual. 7
Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, não conseguem
elevar-se e gravitam em derredor das paixões absorventes que por muitos
anos elegeram em centro de interesses fundamentais. 8
Grande número, nessas circunstâncias, mormente os participantes de condenáveis
delitos, imantam-se aos que se lhes associaram nos crimes. 9
Se o discípulo de Jesus se mantém ligado a Ele, através de imponderáveis
fios de amor, inspiração e reconhecimento, os pupilos do ódio e da perversidade
se demoram unidos, sob a orientação das inteligências que os entrelaçam
na rede do mal. 10
Enriquecer a mente de conhecimentos novos, aperfeiçoar-lhe as faculdades
de expressão, purificá-la nas correntes iluminativas do bem e engrandecê-la
com a incorporação definitiva de princípios nobres é desenvolver nosso
corpo glorioso, na expressão do apóstolo Paulo, ( † ) estruturando-o em matéria
sublimada e divina. Essa matéria, André, é o tipo de veículo a que aspiramos,
ao nos referirmos à vida que nos é superior. 11
Estamos ainda presos às aglutinações celulares dos elementos físio-perispiríticos,
tanto quanto a tartaruga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos
dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém,
através de existências numerosas, até que acordemos a vida mental para
expressões santificadoras. 12
Somos quais arbustos do solo planetário. Nossas raízes emocionais se
mergulham mais ou menos profundamente nos círculos da animalidade primitiva.
Vem a foice da morte e sega-nos os ramos dos desejos terrenos; todavia,
nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas camadas inferiores e
renascemos entre aqueles mesmos que se converteram em nossos associados
de longas eras, através de lutas vividas em comum, e aos quais nos agrilhoamos
pela comunhão de interesses da linha evolutiva em que nos encontramos.
5.
As elucidações eram belas e novas aos meus ouvidos, e, em razão disso,
calei as interrogações que me vagueavam no íntimo, para atenciosamente
registar as considerações do Instrutor, que prosseguiu:
2 — A vida física
é puro estágio educativo, dentro da eternidade, e a ela ninguém é chamado
a fim de candidatar-se a paraísos de favor e, sim, à moldagem viva do
Céu no santuário do Espírito, pelo máximo aproveitamento das oportunidades
recebidas no aprimoramento de nossos valores mentais, com o desabrochar
e evolver das sementes divinas que trazemos conosco. 3
O trabalho incessante para o bem, a elevação de motivos na experiência
transitória, a disciplina dos impulsos pessoais, com amplo curso às
manifestações mais nobres do sentimento, o esforço perseverante no infinito
bem, constituem as vias de crescimento mental, com aquisição de luz
para a vida imperecível. 4
Cada criatura nasce na Crosta da Terra para enriquecer-se através do
serviço à coletividade. Sacrificar-se é superar-se, conquistando a vida
maior. Por isto mesmo, o Cristo asseverou que o maior no Reino Celeste
é aquele que se converter em servo de todos. ( † )
5 Um homem poderá ser
temido e respeitado no Planeta pelos títulos que adquiriu à convenção
humana, mas se não progrediu no domínio das ideias, melhorando-se e
aperfeiçoando-se, guarda consigo mente estreita e enfermiça. 6
Em suma, ir à matéria física e dela regressar ao campo de trabalho em
que nos achamos presentemente, é submetermo-nos a profundos choques
biológicos, destinados à expansão dos elementos divinos que nos integrarão,
um dia, a forma gloriosa.
6.
E porque me visse na atitude do aprendiz que interroga em silêncio,
Gúbio asseverou:
— Para fazer-me mais claro, voltemos ao símbolo da árvore. 2
O vaso físico é o vegetal, limitado no espaço e no tempo, o corpo perispirítico
é o fruto que consubstancia o resultado das variadas operações da árvore,
depois de certo período de maturação, e a matéria mental é a semente
que representa o substrato da árvore e do fruto, condensando-lhes as
experiências. 3 A criatura
para adquirir sabedoria e amor renasce inúmeras vezes, no campo fisiológico,
à maneira da semente que regressa ao chão. 4
E quantos se complicam, deliberadamente, afastando-se do caminho reto
na direção de zonas irregulares em que recolhem experimentos doentios,
atrasam, como é natural, a própria marcha, perdendo longo tempo para
se afastarem do terreno resvaladiço a que se relegaram, ligados a grupos
infelizes de companheiros que, em companhia deles, se extraviaram através
de graves compromissos com a leviandade ou com o desequilíbrio. Compreendeste,
agora?
7.
Apesar da gentileza do orientador, que fazia o possível por clarear
o seu pensamento, ousei indagar:
— E se consultarmos esses esferóides vivos? Ouvir-nos-ão? Possuem capacidade
de sintonia?
2 Gúbio atendeu, solícito:
— Perfeitamente, compreendendo-se, porém, que a maioria das criaturas,
em semelhante posição nos sítios inferiores quanto este, dormitam em
estranhos pesadelos. 3
Registam-nos os apelos, mas respondem-nos, de modo vago, dentro da
nova forma em que se segregam, incapazes que são, provisoriamente, de
se exteriorizarem de maneira completa, sem os veículos mais densos que
perderam, com agravo de responsabilidade, na inércia ou na prática do
mal. 4 Em verdade,
agora se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis,
contudo, por entidades perversas ou rebeladas. 5
O caminho de semelhantes companheiros é a reencarnação na Crosta da
Terra ou em setores outros de vida congênere, qual ocorre à semente
destinada à cova escura para trabalhos de produção, seleção e aprimoramento.
6 Claro que os Espíritos
em evolução natural não assinalam fenômenos dolorosos em qualquer período
de transição, como o que examinamos. 7
A ovelha que prossegue, firme, na senda justa, contará sempre com os
benefícios decorrentes das diretrizes do pastor; no entanto, as que
se desviam, fugindo à jornada razoável, pelo simples gosto de se entregarem
à aventura, nem sempre encontrarão surpresas agradáveis ou construtivas.
8 O orientador silenciou por
momentos e perguntou, em seguida:
— Entendeste a importância de uma existência terrestre?
9 Sim, entendia, por
experiência própria, o valor da vida corporal na Crosta Planetária;
contudo, ali, diante dos esferóides vivos, tristes mentes humanas sem
apetrechos de manifestação, meu respeito ao veículo de carne cresceu
de modo espantoso. 10
Alcancei, então, com mais propriedade, o sublime conteúdo das palavras
do Cristo: “andai, enquanto tendes luz”. ( † )
O assunto era fascinante e tentei Gúbio a examiná-lo, mais detidamente;
todavia, o orientador, sem trair a cortesia que lhe é característica,
recomendou-me esperasse o dia seguinte.
André Luiz
[1]
O perispírito, mais tarde, será objeto de mais amplos estudos das escolas
espiritistas cristãs. — Nota do Autor espiritual. [v.
Deus
conosco.]