“Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.” — JESUS — Mateus, 5.5. n
“Por estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados”, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.” — Cap. V, 12.
1 Perguntas, muitas vezes, pela presença dos Espíritos guardiães, quando tudo indica que forças contrárias às tuas noções de segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.
2 Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas.
Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas?
3 Como não puderam prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades?
*
4 Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos Espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações que amam verdadeiramente na Terra.
5 Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vício, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.
6 Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os rebentos do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corrutora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.
7 Escuta as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos, evitando-se-lhes a queda em fossas mais profundas de delinquência.
8 Perquire o pensamento dos filhos afetuosos, ao carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças infecto-contagiosas, na direção das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.
9 Todos eles trocam as frases de carinho e os dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.
*
10 Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse alguém permaneça no olvido, por parte dos benfeitores espirituais que lhe seguem a marcha.
11 O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.
12 Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.
13 Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.
Emmanuel
[1] No livro impresso: “Mateus 5.4”, que corresponde ao texto citado na tradução de João Ferreira A. d’Almeida.