Da morte
O temor da morte n
1 — Doutor, a sua competência é a nossa esperança. O senhor já operou Paulina por duas vezes…
Narciso Meireles pedia o concurso do Dr. Sales Neto, distinto médico espírita, para a mulher que experimentava parto difícil, em vilarejo distante.
2 — Por que se deixaram ficar assim, tão longe? — Disse o médico, procurando esquivar-se.
3 — A crise apareceu de surpresa… O senhor prefere o avião? Dez minutos apenas.
— Nada disso. Perdi dois amigos de uma só vez na semana passada. Nada de voo…
4 — Um carro?
— A estrada é péssima. Não soube do desastre havido anteontem?
5 — Um cavalo, doutor? Arranjo-lhe um cavalo…
— Era o que faltava! Não posso expor-me assim…
6 — Que sugere? — Roga o marido desapontado.
— Se quiserem, — disse o médico, — tragam a parturiente aqui, como julgarem melhor… De minha parte, não me arrisco…
7 Em face da evidente má-vontade do facultativo, o esposo aflito aquiesceu e partiu a galope, em busca do teco-teco.
8 No outro dia, porém, quando a senhora Meireles chegou, abatida, na expectativa da intervenção, a residência do operador estava cheia de gente.
O Dr. Sales Neto, naquela noite, havia morrido, no próprio leito, em consequência de uma trombose…
Hilário Silva
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Todo Espírito encarnado
É um viajor em caminho…
Sonha, sofre, luta e segue,
Morrendo devagarinho… ( † )
Jovino Guedes
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A morte não provocada
É bênção que Deus envia,
Lembrando noite estrelada
Quando chega o fim do dia. ( † )
Roberto Correia
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A morte de um homem começa no instante em que ele desiste de aprender. ( † )
Mariano José Pereira da Fonseca
[1] Esta mensagem foi publicada originalmente em 1960 pela FEB e é a 6ª lição da 2ª parte do
livro “A Vida Escreve.”