O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Ideias e ilustrações — Autores diversos


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Do pessimismo


O santo desiludido n

1 Inclinara-se a palestra, no lar humilde de Cafarnaum, para os assuntos alusivos à devoção, quando o Mestre narrou com significativo tom de voz:

— Um venerado devoto retirou-se, em definitivo, para uma gruta isolada, em plena floresta, a pretexto de servir a Deus. Ali vivia, entre orações e pensamentos que julgava irrepreensíveis, e o povo, crendo tratar-se de um santo messias, passou a reverenciá-lo com intraduzível respeito. Se alguém pretendia efetuar qualquer negócio do mundo, dava-se pressa em buscar-lhe o parecer. 2 Fascinado pela consideração alheia, o crente, estagnado na adoração sem trabalho, supunha dever situar toda gente em seu modo de ser, com a respeitável desculpa de conquistar o paraíso.

3 Se um homem ativo e de boa fé lhe trazia à apreciação algum plano de serviço comercial, ponderava, escandalizado.

— É um erro. Apague a sede de lucro que lhe ferve nas veias. Isto é ambição criminosa. Venha orar e esquecer a cobiça.

4 Se esse ou aquele jovem lhe rogava opinião sobre o casamento, clamava, aflito:

— É disparate. A carne está submetendo o seu espírito. Isto é luxúria. Venha orar e consumir o pecado.

5 Quando um ou outro companheiro lhe implorava conselho acerca de algum elevado encargo, na administração pública, exclamava, compungido:

— É um desastre. Afaste-se da paixão pelo poder. Isto é vaidade e orgulho. Venha orar e vencer os maus pensamentos.

6 Surgindo pessoa de bons propósitos reclamando-lhe a opinião quanto a alguma festa de fraternidade em projeto, objetava, irritadiço:

— É uma calamidade. O júbilo do povo é desregramento. Fuja à desordem. Venha orar, subtraindo-se à tentação.

7 E assim, cada consulente, em vista da imensa autoridade que o santo desfrutava se entristecia de maneira irremediável e passava a partilhar-lhe os ócios na soledade, em absoluta paralisia da alma.

8 O tempo, todavia, que tudo transforma, trouxe ao preguiçoso adorador a morte do corpo físico.

9 Todos os seguidores dele o julgaram arrebatado ao Céu e ele mesmo acreditou que, do sepulcro, seguiria direto ao paraíso. Com inexcedível assombro, porém, foi conduzido por forças das trevas a terrível purgatório de assassinos. Em pranto desesperado indagou, à vista de semelhante e inesperada aflição, dos motivos que lhe haviam sitiado o Espírito em tão pavoroso e infernal torvelinho, sendo esclarecido que, se não fora homicida vulgar na Terra, era ali identificado como matador da coragem e da esperança em centenas de irmãos em humanidade.

Silenciou Jesus, mas João, muito admirado, considerou:

— Mestre, jamais eu poderia supor que a devoção excessiva conduzisse alguém a infortúnio tão grande!

10 O Cristo, porém, respondeu, imperturbável:

— Plantemos a crença e a confiança entre homens, entendendo, entretanto, que cada criatura tem o caminho que lhe é próprio. A fé sem obras é uma lâmpada apagada. Nunca nos esqueçamos de que o ato de desanimar os outros, nas santas aventuras do bem, é um dos maiores pecados diante do Poderoso e Compassivo Senhor.

Neio Lúcio


*

Artigo da Lei Celeste

Para a vitória do bem:

Não arredes a esperança

Do coração de ninguém. ( † )

Oscar Batista


*

Verdade que nós devemos

Examinar face a face:

— Deus não criou coisa alguma

Que um dia desamparasse. ( † )

Antônio de Castro


*

Diante do bem, não pronuncies a palavra “impossível”. ( † )

Meimei



[1] Esta mensagem foi publicada originalmente em 1950 pela FEB e é a 11ª lição do livro “Jesus no lar.”


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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