Cap. XI — Item 9.
1 Diante do bem, não pronuncies a palavra “impossível”.
2 Certamente, sofres a dificuldade dos que herdaram a luta por preço das menores aquisições. Ainda assim, lembra-te de que a virtude não reside no cofre.
3 Onde encontrarias ouro puro a fazer-se pão na caçarola dos infelizes?
4 Em que lugar surpreenderias frágil cobertor tecido de apólices para agasalhar a criança largada ao colo da noite?
5 Entretanto, se o amor te faz lume no pensamento, arrebatarás à imundície a derradeira sobra da mesa, convertendo-a no caldo reconfortante para o enfermo esquecido, e farás do pano pobre o abrigo providencial em favor de quem passa, relegado à intempérie.
6 Uma garganta de pérolas não emite pequenina frase consoladora e um crânio esculpido de pedras raras não deixa passar leve fio de ideação.
7 Todavia, se o amor te palpita na alma, podes falar a palavra renovadora que exclui o poder das trevas e inspirar o trabalho que expresse o apoio e a esperança de muita gente.
8 Respeita a moeda capaz de fazer o caminho das boas obras, mas não esperes pelo dinheiro a fim de ajudar.
9 Hoje mesmo, em casa, alguém te pede entendimento e carinho e, além do reduto doméstico, legiões de pessoas aguardam-te os gestos de fraternidade e compreensão.
10 Recorda que a fonte da caridade tem nascedouro em ti mesmo e não descreias da possibilidade de auxiliar.
11 Para transmitir-nos semelhante verdade, Jesus, a sós, sem finança terrestre, usou as margens de um lago simples, ofertou simpatia aos que lhe buscavam a convivência, confortou os enfermos da estrada, falou do Reino de Deus a alguns pescadores de vida singela e transformou o mundo inteiro, revelando-nos, assim, que a caridade tem o tamanho do coração.
Meimei