O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Horas de luz — Familiares diversos


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Luciene Nascimento

“Pensemos em vida e esperanças, paz e felicidade…”

1 Querida mãezinha Neuza e querido papai Luiz, sinto-me reconfortada em lhes pedindo para que me abençoem.

2 Creio que nem precisaríamos comentar. Estou escrevendo sob a indução de amigos novos daqui, a fim de pacificar-lhes os corações queridos. Afinal, procurávamos nós todos uma Semana Santa de verdade, quando decidimos ir ao encontro de nossos prezados amigos Dr. Jonas e Dra. Júlia. n

3 De começo, aquela satisfação de cortar a rotina para a mudança passageira de algumas horas. n A Nelize e o Luizinho n estavam tão felizes, que nem sei descrever aquele contraste em que a face da alegria iria nos mostrar o outro lado escondido daquela felicidade que nos alcançava a todos.

4 O que aconteceu em caminho, não saberia contar. Se uma bomba estourasse sobre nós, vindo de procedência desconhecida, seria o mesmo, porquanto me via arrasada por um estrondo, e as ferragens do carro rangiam, qual se a máquina tivesse vida e estivesse quebrando os próprios nervos, nas estruturas dela, sob a pressão de algum petardo que fosse atirado sobre nós.

5 Até hoje não consigo alinhar minudências. Aliás, é contado frequentemente, por aqui, em minha vida nova, que as vítimas de acidentes de automóveis e aviões nunca se conscientizam de pormenores dos desastres que as surpreendem, de vez que, estando no bojo dos aparelhos, a gente não dispõe de muitas possibilidades para revisões do assunto.

6 Naquele instante, senti-me no dever de me levantar para as tarefas de socorro em auxílio de alguém, pois ouvia os gritos e as petições dos companheiros de viagem. Entretanto, uma força irresistível se apoderou de mim, como se me sufocasse, inibindo-me as palavras.

7 O corpo esmorecera. Não sei, foi um sono de tranquilizante maciço.

8 Comecei a ouvir cada vez mais longe as vozes dos companheiros, até que muito a contragosto, adormeci totalmente. Anestesia da brava.

9 Somente acordei, não sei depois de quanto tempo, a pedir socorro…

10 Reconhecia-me de corpo íntegro, e acreditei que não estivesse a muita distância de casa, mas a vovó Luíza n se encarregou de vir ao meu encontro, dialogando comigo.

11 A ideia da morte não é flor de nossos jardins, por muito que se sofra, e quando a benfeitora me disse que me conformasse com o acontecido, entreguei-me em crises de lágrimas, que não conseguiria frustrar.

12 A vovó permitiu que eu chorasse o quanto quisesse, e, depois que as nuvens de minha tristeza se desfizeram em pranto, pude saber, sem alarde, que a nossa Nelize voltara igualmente à vida espiritual, e se encontrava sob a tutela de afeições querida da família Campos.

13 Um vazio de esperanças se fez na cachoeira de meus pesares, e eu recomecei lentamente a refazer as próprias forças.

14 Então pude verificar, em nossa própria casa, que o papai e o Luizinho sofriam terrivelmente ao lado da angustiada mãezinha Neuza, a me buscarem, através dos pensamentos de indagações.

15 A minha luta para demonstrar lhes que estava ali, eu mesma, foi um esforço gigantesco, do qual não retirei momento algum.

16 Doía-me vê-los chorando, com o nosso Luiz marcado pelo sofrimento, e anunciava-me as preces com que rogavam, com as bênçãos de Deus, em nosso benefício.

17 Mãe querida e querido papai Luiz, venho repetir-lhes que vou bem, e que espero retornar à minha própria capacidade de serviço, para lhes ser útil.

18 Não nos recordem, a Nelize e a mim, quais pessoas punidas pela vida. Estamos refeitas e bem dispostas, entrando em novos conhecimentos que nos libertam, pouco a pouco, do sentido da posse, a fim de sermos nós mesmos.

19 Tudo já foi tragado pela viagem do tempo, que não poupa ninguém, quando se trata de mostrar que a dor é uma espécie de volante da alegria.

20 O Luizinho está melhor, e a própria Nelize nos auxilia, a fim de vê-lo conformado para suportar as consequências da nossa semana agitada de abril que já se foi.

21 Quando pudermos, pensemos em vida e esperanças, paz e felicidade. A vida mental é que determina os nossos estados espirituais. Peço-lhes me auxiliem nisso.

22 Não queremos ser recordados como estátuas da morte. n Não somos a sombra estragada que perdemos, sim nossa própria pessoa no fim do tempo, nós que nos enriquece a vida nova.

23 É o que lhes desejávamos dizer, comentando a nova existência da morte, na condição do fim da vida.

24 Para mim tudo se processou à feição do sono de uma noite para quem desperta de manhã.

25 Espero que o nosso querido Luizinho esteja forte e bem disposto.

26 Querida mamãe Neuza e querido papai Luiz, recebam minha alma da filha agradecida que lhes escreve, situando o coração nas palavras, sempre a filha do coração, que traz o coração que lhes pertence e lhes pertencerá no todo o sempre com o amparo de Deus, sempre a filha reconhecida,


Luciene Nascimento


Dados esclarecedores sobre a mensagem de Luciene Nascimento


Luciene Nascimento nasceu em Uberlândia, Estado de Minas Gerais a 29 de julho de 1966, e desencarnou a 16 de abril de 1981, em consequência de um acidente automobilístico, na Rodovia Uberlândia/Prata, ocorrido no dia anterior, no qual também desencarnou sua amiga Maria Nelize Campos Silva, como veremos adiante, no Capítulo 7.

Adorava crianças, era muito caridosa e tinha muita pena de pessoas idosas e de parcos recursos econômicos.

Acima de tudo, estimava seus pais, Sr. Luiz Henrique Nascimento e D. Neuza Silva, e o irmão Luiz Henrique Nascimento Júnior.

Dizia sempre que não chegaria aos 15 anos de idade, e que, dentro em breve, iria ver de perto o Mundo Maravilhoso que ela sabia ser o Espiritual.

Por diversas vezes, solicitou à genitora que a levasse a Uberaba para conhecer o Chico Xavier e lhe pedir notícias da avó e das tias desencarnadas em acidentes.

D. Neuza costumava explicar-lhe que era difícil falar com o médium de Emmanuel, devido ao grande número de pessoas que o procuram, não somente do Brasil, como de diversas partes de todo o mundo, ao que Luciene retrucou, da última vez que tocaram no assunto:

— Tenho certeza de que quando eu desencarnar, a senhora conseguirá chegar perto dele para obter notícias minhas!

Numa festa de quinze anos, alguém brincou com Luciene que breve fariam aquela mesma festa para ela, ao que a jovem respondeu:

— Não vai haver festa, porque até lá eu já morri, e quero que me enterrem com uma “Adidas” vermelha.

No caderno de um amigo, nossa autora espiritual deixou escrito que, quando desencarnasse, queria ir vestida de “Adidas”, desejo que foi plenamente satisfeito por sua mãezinha.

1 — Dr. Jonas e Dra. Júlia: Dr. Jonas Lima Silva e Dra. Maria Júlia Campos Silva, pais de Maria Nelize Campos Silva, residentes no Prata, Minas. (Cf. Capítulo 7, adiante).

2 — “De começo, aquela satisfação de cortar a rotina para mudança passageira de algumas horas.” — Horas antes de viajar, Luciene, do Colégio, telefonou para a genitora, perguntando se ela deveria ir para o Prata.

Ao obter resposta afirmativa, concluiu:

— Mamãe, você é a melhor mãe do mundo, eu te amo!

3 — A Nelize e o Luizinho: Maria Nelize Campos Silva e Luiz Henrique Nascimento Júnior, irmão de Luciene e namorado de Nelize.

4 — Vovó Luíza: Trata-se de uma benfeitora espiritual.

5 — “Não queremos ser recordados como estátuas da morte.” — Lembrete dos mais oportunos, para que os familiares e amigos não fiquem com o pensamento fixo no sofrimento da pessoa desencarnada, mas, sim, mentalizá-la forte e em refazimento, a fim de oferecer-lhe recursos energéticos, uma vez que “a vida mental é que determina os nossos estados espirituais.”


Sugerindo ao leitor que possa reler a mensagem que ora acabamos de analisar, de forma sumária, recebida a 11 de dezembro de 1981, roguemos a Jesus continuar iluminando os passos de nossa jovem Luciene, para que ela prossiga espargindo luz e bênçãos a todos os seus semelhantes.


Elias Barbosa


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