Vítor Leonardo Santana n
1 Querido papai Osmar e querida mãezinha Elvira, peço a Jesus nos abençoe.
2 Hoje, pedi aos nossos orientadores para lhes escrever uma carta, mesmo pequena, que lhes fale de minhas enormes saudades. Para isso, estou aproveitando a bondade dos amigos de Frutal.
3 Minha vontade seria tê-los perto de suas preces, mas reconheço que isso não lhes é fácil.
4 Vou ver o papai Osmar no escritório, e vejo-o, muitas vezes, a contabilizar tristeza e perguntas amargas, sem que eu possa responder, e, a busquei, mãezinha Elvira, surpreendendo-a, como sempre, costurando saudades… n
5 Felizmente, em família, estamos todos na melhor forma, e isso me reconforta. Abraço a Cláudia, o Márcio, a Lílian e a Luciane, n mas sei que não devo afundar a imaginação, porque se vejo os meus queridos irmãos, e eles não me podem ver, isso me apavora as saudades, e volto mais preocupado para o nosso recanto de serviço.
6 Pai, o que me chama a atenção em nosso querido lar, é aquele pedacinho de espaço em que eu procurava descansar, sentado no chão, com a cabeça recostada em seus joelhos.
7 Quando vou até a cadeira de sua preferência, sinto uma ansiedade muito grande, no íntimo, recordando o seu amor e a sua paciência, sustentando-me a cabeça para ver os programas de TV, de que nós dois líamos as notícias.
8 Tenho muita vontade de chorar, mas lembro-me de que o senhor não ficaria satisfeito em me ver enfraquecido.
9 Vou até a nossa casa, sempre que possível, com o vovô Juca n e, por isso, não posso dar campo às tristezas, que o senhor me ensinou a esquecer.
10 Mãezinha Elvira, o que passamos, na vinda para cá, os meninos já contaram. Rodrigo foi o primeiro a dar notícias e, por isso, não tenho novidades para contar. n
11 O Romêro também já escreveu. O Guto, que está aqui conosco, muito feliz com o abraço da vovó Dila, n que ele tanto ama.
12 O Alexandre também escreveu; por isso, não quero ficar na retaguarda, e estou escrevendo ao senhor e à mãezinha Elvira, para lhes dizer que as saudades estão igualmente comigo.
13 Vamos procurando seguir o que aprendemos em casa, mantendo serenidade e paz de espírito, mas as saudades transbordam, assim como acontece hoje, em que lhes escrevo.
14 Pai, não fique triste com Deus, pelo acidente que nos arrancou de nossa cidade para cá. Deus sabe o que faz.
15 Eu penso que foi melhor suceder o que aconteceu, do que se nós tivéssemos de ficar aí, para mais tarde desgostar aos paizinhos, que tanto amamos.
16 A bondade de Deus sabe o que seria melhor, e resolveu chamar-nos para cá. Mas percebo que trabalharemos, em breve, para cumprir os nossos deveres para com Deus.
17 O vovô Juca me explica muitas novidades, que ainda não sei entender entretanto, querido papai Osmar, estarei pronto para estudar apontamentos para fazer melhorar aquilo que esteja destinado para mim.
18 Sei que o senhor e a mamãe Elvira estão muito tristes, e um procura ficar distante do outro, em nossa casa, para cada um chorar livremente, mas choro com os dois, e confio em Deus, que nos concederá a força de que estamos necessitados.
19 O vovô Juca me diz que todo problema reclama tempo para ser resolvido, e, assim, aguardo a vez de nossa conformação verdadeira.
20 Às meninas e ao Márcio envio muitas lembranças. Para o querido papai Osmar e para querida mamãe Elvira, envio o coração muito saudoso do Nadinho, ao lado do vovô Juca, que me recomenda abraçá-los, em nome dele.
21 Deus nos proteja e nos fortaleça.
22 É a prece do filho que ainda traz o pensamento em casa, embora esteja vivendo no Plano Espiritual, sempre com muito carinho e gratidão, o filho reconhecido
Nadinho
Vítor Leonardo Santana
Filho do Sr. Osmar José de Santana, distinto Técnico em Contabilidade, e de D. Elvira Alves de Santana, residentes em Frutal, à Avenida Brasil, nº 29, fone: 421-2988, nasceu Nadinho — Vítor Leonardo Santana, a 13 de fevereiro de 1972, concluindo a 6ª série do 1º Grau.
1 — “Vou ver o papai Osmar no escritório, e vejo-o, muitas vezes, a contabilizar tristeza e perguntas amargas, sem que eu possa responder, e, a busquei, mãezinha Elvira, surpreendendo-a, como sempre, costurando saudades…” — Ao visitar o Grupo Espírita da Prece, pela primeira vez, em momento algum, o Sr. Osmar mencionou a sua profissão ao médium Xavier ou a qualquer outra pessoa no recinto. O endereço do seu Escritório de Contabilidade União é o seguinte: Praça Dr. Alcides de Paula Gomes, nº 5, Frutal, MG, CEP 38200.
2 — Cláudia, Márcio, Lílian e Luciane — Cláudia Santana; Márcio Expedito Santana; Lílian Alves de Santana e Luciane Santana, irmãos. Cláudia se casou no dia 15 de março de 1986, treze meses após a desencarnação de Nadinho.
3 — Vovô Juca — Sr. Osório José de Santana — Sr. Juca —, avô paterno.
4 — Rodrigo, Romêro, Guto e Alexandre — Cf., respectivamente, os Capítulos 2, 5, 3, e 1 deste volume.
5 — Vovó Dila — D. Silvandira Menezes de Queiroz, avó materna, residente em Frutal, esposa do Sr. Alfredo de Queiroz, desencarnado a 21 de outubro de 1986.
Segundo fomos informados, após o recebimento da mensagem de Guto — Wagner Augusto Alves de Souza —, Capítulo 3, acima, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 29 de junho de 1985, Chico Xavier disse à D. Helena:
— Wagner Augusto está me dizendo: “Chico, eu peço à minha mãe dar o meu abraço em vovó Dila!”
Rogando ao genitor para que não fique triste com Deus, pelo acidente que o arrancou, juntamente com os outros quatro amigos, da arena física para o Plano Espiritual, afirmando que Deus sabe o que faz, esforça-se por justificar a sábia resolução da Divina Providência:
“Eu penso que foi melhor suceder o que aconteceu, do que se nós tivéssemos de ficar aí, para mais tarde desgostar aos paizinhos que tanto amamos.”
Elias Barbosa