O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Evolução em dois mundos — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


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Células e corpo espiritual

(Sumário)

1. PRINCÍPIOS INTELIGENTES RUDIMENTARES. — Com o transcurso dos evos, surpreendemos as células como princípios inteligentes de feição rudimentar, 2 a serviço do princípio inteligente em estágio mais nobre nos animais superiores e nas criaturas humanas, 3 renovando-se continuamente, no corpo físico e no corpo espiritual, 4 em modulações vibratórias diversas, conforme a situação da inteligência que as senhoreia, depois do berço ou depois do túmulo.


2. FORMAS DAS CÉLULAS. — Animálculos infinitesimais, que se revelam domesticados e ordeiros na colmeia orgânica, 2 assumem formas diferentes, segundo a posição dos indivíduos e a natureza dos tecidos em que se agrupam, 3 obedecendo ao pensamento simples ou complexo que lhes comanda a existência.

4 São cenositos ou microrganismos que podem viver livremente, como autositos, ou como parasitos;  5 sincícios ou massa de células que se fundem para a execução de atividade particular, como, por exemplo, na musculatura cardíaca ou na camada epitelial que compõe a parte externa da placenta, com ação histolítica sobre a estrutura da organização materna; 6 células anastomosadas, como as que se coordenam na formação dos tecidos conjuntivos; 7 células em grupos coloniais, com movimentos perfeitamente coordenados, quais as que se mostram nos volvocídeos; 8 células com matriz intersticial, que elaboram substâncias imprescindíveis à conservação da vida na província corpórea, 9 e as células que podem diversificar-se, constituindo-se elementos livres, como na preparação dos glóbulos da corrente sanguínea.

10 Articulam-se em múltiplas formas, adaptando-se às funções que lhes competem, no veículo de manifestação da criatura que temporariamente as segrega, 11 à maneira de peças eletromagnéticas inteligentes, em máquina eletromagnética superinteligente, 12 atendendo com precisão matemática aos apelos da mente, 13 assemelhando-se, de certo modo, no organismo, aos milhões de átomos que constituem harmonicamente as cordas de um piano, acionadas pelos martelos minúsculos dos nervos, ao impacto das teclas que podemos simbolizar nos fulcros energéticos do córtice encefálico, 14 movimentado e controlado pelo Espírito, através do centro coronário que sustenta a conjunção da vida mental com a forma organizada em que ela própria se expressa.


3. MOTORES ELÉTRICOS MICROSCÓPICOS. — Dispostas na construção da forma em processo idêntico ao da superposição dos tijolos numa obra de alvenaria, as células são compelidas à disciplina, perante a ideia orientadora que as associa e governa, quanto os tijolos vulgares são constrangidos à submissão ante as linhas traçadas pelo arquiteto que lhes aproveita o concurso na concretização de projeto específico.

2 É assim que são funcionárias da reprodução no centro genésico, 3 trabalhadores da digestão e absorção no centro gástrico, 4 operários da respiração e fonação no centro laríngeo, 5 da circulação no centro cardíaco, 6 servidoras e guardiãs fixas ou migratórias do tráfego e distribuição, reserva e defesa no centro esplênico, 7 auxiliares da inteligência e elementos de ligação no centro cerebral  8 e administradoras e artistas no centro coronário, 9 amolgando-se às ordens mentais recebidas e traduzindo na região de trabalho que lhes é própria a individualidade que as refreia e influencia, com justas limitações no tempo e no espaço.

10 Temo-las, desse modo, — repetimos, — por microscópicos motores elétricos, com vida própria,  11 subordinando-se às determinações do ser que as aglutina e que lhes imprime a fixação ou a mobilidade indispensáveis às funções que devam exercer no mar interior do mundo orgânico, 12 formado pelos líquidos extracelulares, a se definirem no líquido lacunar que as irriga e que circula vagarosamente; 13 na linfa que verte dos tecidos, endereçada ao sangue; 14 e no plasma sanguíneo que se movimenta, rápido, 15 além de outros líquidos intersticiais, característicos do meio interno.


4. O TODO INDIVISÍVEL DO ORGANISMO. — Lógico entender, dessa forma, que, diante do governo mental, a reunião das células compõe tecidos,  2 assim como a associação dos tecidos esculpe os órgãos, 3 partes constituintes do organismo que passa a funcionar, como um todo indivisível em sua integridade, 4 cingido pelo sistema nervoso e controlado pelos hormônios ou substâncias produzidas em determinado órgão e transportadas a outros arraiais da atividade somática, que lhes excitam as propriedades funcionais para certos fins, 5 hormônios esses nascidos de impulsão mecânica da mente sobre o império celular, conforme diferentes estados emotivos da consciência, enfeixando cargas de elementos químicos em nível ideal, quando o equilíbrio íntimo lhe preside as manifestações, 6 e consubstanciando recursos de manutenção e preservação da vida normal, perfeitamente isoláveis pela ciência comum, como já acontece com a adrenalina das supra-renais, com a insulina do pâncreas, a testosterona dos testículos e outras secreções glandulares do cosmo orgânico.


5. AUTOMATISMO CELULAR. — É da doutrina celular corrente no mundo que as células tomam aspectos diferentes conforme a natureza das organizações a que servem, 2 competindo-nos desenvolver mais amplamente o asserto, para asseverar que a inteligência, influenciando o citoplasma, que é, no fundo, o elemento intersticial de vinculação das forças fisiopsicossomáticas, obriga as células ao trabalho de que necessita para expressar-se, 3 trabalho este que, à custa de repetições quase infinitas, se torna perfeitamente automático para as unidades celulares que se renovam, de maneira incessante, na execução das tarefas que a vida lhes assinala.


6. EFEITOS DO AUTOMATISMO. — Perfeitamente compreensíveis, nessa base, os estudos científicos que reconhecem os agrupamentos colaboracionistas das células especializadas, através da cultura artificial dos tecidos orgânicos, 2 em que um fragmento qualquer desses mesmos tecidos, seja da epiderme ou do cérebro, permanece vivo, por muito tempo, quando mergulhado em soro que, cuidadosamente imunizado e mantido na temperatura correspondente à do corpo físico, acusa uma vida intensa. 3 Decorridas algumas horas, os produtos de excreta intoxicam o soro, impedindo o desenvolvimento celular; 4 mas, se o líquido for renovado, continuam as células a crescer no mesmo ritmo de movimento e expansão que lhes marca a atividade no edifício corpóreo.

5 Todavia, fora do governo mental que as dirigia, não se revelam iguais às suas irmãs em função orgânica.

6 As células nervosas, por exemplo, com as suas fibrilas especiais, não produzem células com fibrilas análogas, 7 e as que atendem nos músculos aos serviços da contração se desdiferenciam, regredindo ao tipo conjuntivo.

8 Todas as que se ausentam do conjunto estrutural do tecido inclinam-se para a apresentação morfológica da ameba, segundo observações cientificamente provadas.

9 Isso ocorre porque as células, quando ajustadas ao ambiente orgânico, demonstram o comportamento natural do operário mobilizado em serviço, sob as ordens da Inteligência, comunicando-se umas com as outras sob o influxo espiritual que lhes mantém a coesão, e procedem no soro quais amebas em liberdade para satisfazer aos próprios impulsos.


7. FENÔMENOS EXPLICÁVEIS. — Dentro do mesmo princípio de submissão das células ao estímulo nervoso, é que a experiência de transplante dos tecidos de embriões entre si, com alguns dias de formação, pode oferecer resultados surpreendentes, 2 de vez que as células orientadas em determinado sentido, quando enxertadas sobre tecidos outros “in vivo”, conseguem gerar órgãos-extras, em regime de monstruosidade, obedecendo a determinações especializadas resultantes das ordens magnéticas de origem que saturavam essas mesmas células.

3 E é ainda aí, pelo mesmo teor de semelhante saturação, que vamos entender as demonstrações do faquirismo e outras realizadas em sessões experimentais do Espiritismo,  4 nas quais a mente superconcentrada pode arremessar fluidos de impulsão sobre vidas inferiores, como seja a das plantas, imprimindo-lhes desenvolvimento anormal, e explicar os fenômenos da materialização mediúnica. 5 Neste caso, sob condições excepcionais e com o auxílio de Inteligências desencarnadas, o organismo do médium deixa escapar o ectoplasma ou o plasma exteriorizado, no qual as células, em tonalidade vibratória diferente, elastecem-se e se renovam, de conformidade com os moldes mentais que lhes são apresentados, produzindo os mais significativos fenômenos em obediência ao comando da Inteligência, por intermédio dos quais a Esfera Espiritual sugere ao Plano Físico a imortalidade da alma, a caminho da Vida Superior.


André Luiz


Uberaba, 29/1/1958.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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