O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Evolução em dois mundos — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 1ª Parte


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Automatismo e corpo espiritual

(Sumário)

1. AUTOMATISMO FISIOLÓGICO. — Compreensível salientar que o princípio inteligente, no decurso dos evos, plasmou em seu próprio veículo de exteriorização as conquistas que lhe alicerçariam o crescimento para maiores afirmações nos horizontes evolutivos.

2 Dominando as células vivas, de natureza física e espiritual, 3 como que empalmando-as a seu próprio serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e progresso, sofre no Plano terrestre e no Plano extraterrestre as profundas experiências que lhe facultarão, no bojo do tempo, o automatismo fisiológico, 4 pelo qual, sem qualquer obstáculo, executa todos os atos primários de manutenção, preservação e renovação da própria vida.


2. ATIVIDADES REFLEXAS DO INCONSCIENTE. — Sabemos que, em nos propondo aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa difícil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas fases de atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para, depois, conseguirmos ler e escrever, mecanicamente, 2 sem qualquer esforço, a não ser aquele que se refere à absorção, comunicação ou materialização do pensamento lido ou escrito, porquanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado automáticas na esfera de nossa atividade mental.

3 Nessa base de incessante repetição dos atos indispensáveis ao seu próprio desenvolvimento, 4 vestindo-se de matéria densa no Plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte, 5 para revestir-se de matéria sutil no Plano extrafísico e renascer de novo na Crosta da Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, 6 é que o princípio espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no cérebro do futuro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.


3. TEORIA DE DESCARTES. — Atento a isso e espantado diante do gigantesco patrimônio da mente humana é que Descartes, no século XVII, indagando de si mesmo sobre a complexidade dos nervos, formulou a “teoria dos espíritos animais” que estariam encerrados no cérebro, perpassando nas redes nervosas para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da defesa orgânica, sem participação consciente da vontade, chegando o filósofo a asseverar que esses “espíritos se conjugavam necessariamente refletidos”, aplicando semelhante regra notadamente aos animais que ele classificava por máquinas desprovidas de pensamento.

2 Descartes não logrou apreender toda a amplitude dos caminhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervoso, 3 no automatismo em que a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do nascimento, morte, experiência e renascimento, na vida física e extrafísica, em avanço inevitável para a vida superior.


4. AUTOMATISMO E HERANÇA. — Assim como na coletividade humana o indivíduo trabalha para a comunidade a que pertence, entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor do indivíduo que a compõe, protegendo-lhe a existência, no impositivo do aperfeiçoamento constante,  2 nos reinos menores o ser inferior serve à espécie a que se ajusta, confiando-lhe, maquinalmente, o fruto das próprias conquistas, e a espécie labora em benefício dele, amparando-o com todos os valores por ela assimilados, a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de continuidade.

3 Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, 4 observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, 5 que é base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, 6 nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a maturação sublimada no campo angélico.

7 Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiritual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da herança na formação da individualidade responsável, para compreendermos a inexequibilidade de qualquer separação entre a Fisiologia e a Psicologia, 8 porquanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de organização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.


5. EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS COSMOCINÉTICOS. — Os dias da Criação, assinaladas nos livros de Moisés, ( † ) equivalem a épocas imensas no tempo e no espaço, 2 porque o corpo espiritual que modela o corpo físico e o corpo físico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos numerosos, pacientemente elaborada em duas Esferas diferentes da vida, a se retomarem no berço e no túmulo com a orientação dos Instrutores Divinos que supervisionam a evolução terrestre.

3 Com semelhante enunciado não diligenciamos, de modo algum, explicar a gênese do Espírito, porque isso, por enquanto, implicaria arrogante e pretensiosa definição do próprio Deus.

4 Propomo-nos simplesmente salientar que a lei da evolução prevalece para todos os seres do Universo,  5 tanto quanto os princípios cosmocinéticos, que determinam o equilíbrio dos astros, são, na origem, os mesmos que regulam a vida orgânica, na estrutura e movimento dos átomos.

6 O veículo do Espírito, além do sepulcro, no Plano extrafísico ou quando reconstituído no berço, é a soma de experiências infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuridade para a luz. 7 Nele, situamos a individualidade espiritual, que se vale das vidas menores para afirmar-se, — das vidas menores que lhe prestam serviço, — dela recolhendo preciosa cooperação para crescerem a seu turno, conforme os inelutáveis objetivos do progresso.


6. GÊNESE DOS ÓRGÃOS PSICOSSOMÁTICOS. — Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre.

2 É assim que o tato nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus impulsos ameboídes; 3 que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelados monocelulares expostos ao clarão solar; 4 que o olfato começou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que evolviam; 5 que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pêlos viscosos destilando sucos digestivos, 6 e que as primeiras sensações do sexo apareceram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas uma para as outras, mas também de um esboço de epiderme sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.


7. TRABALHO DA INTELIGÊNCIA. — Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automatismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, 2 reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que a viagem da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus 3 que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.


André Luiz


Pedro Leopoldo, 26/1/1958.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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