07|03|1986
1 Querida Lúcia, n com você, Sérgio e Luizinha o meu pedido de bênçãos a Jesus em favor de nós todos!
2 Filha querida, com o amparo da Providência Divina, você atravessou a cirurgia e estamos, como sempre, mais juntas, a fim de trabalhar e fazer o melhor. Graças a Deus, estamos vendo o sol da paz refulgindo no horizonte, depois de tanto tempo de luta e inquietação! 3 Jesus nos abençoe, a fim de que estejamos em nossa velha casa, cultivando as lembranças de nosso amor de mães, junto aos filhos e netos. Deus recompense nosso Oscar pela bondade com que nos abraçou os problemas que hoje, no presente, estão a terminar… Cultive as suas flores e ame os seus animais.
4 Peçamos a Deus saúde e busquemos servir. Paz a todos os nossos, paz de Jesus a todos os que o Céu nos concedeu para amar e zelar. Nenhuma recordação amarga nos escape da boca, porque temos em tudo recebido a proteção de Deus.
5 Estou mais consolada nestes dias em que a vejo meditando em repouso. As pessoas que se nos fazem as mais queridas não são o que aparentam e nem mesmo o que imaginam ser. Por essa afirmativa, você consegue avaliar facilmente a quantidade de surpresas que me tomaram o coração! Compreendo as dimensões de nossa luta, na qual o nosso Oscar é um herói silencioso, desenvolvendo esforços de gigante para defender-nos.
6 Entenderá você por que razão não me expando hoje, qual o fiz das vezes primeiras em que lhe trouxe as minhas pobres palavras. Estamos diante de várias questões pendentes, sobre as quais não me será lícito opinar. Posso falar o que quero, mas agora não sei se o que desejo é o mais certo, e como sucede com você sou compelida a esperar o desenrolar das ocorrências para examinar os resultados de cada uma. 7 Você sabe que não sou indiferente aos tópicos da família e devo me abster de longos comentários. É o mesmo que estivéssemos à frente de uma ponte perigosa para atravessar. Peçamos a Jesus forças para fazer a travessia com a paz possível. Sabemos que Deus é misericórdia, mas não devemos esquecer que as nossas contas são as nossas contas. 8 Rogo a você não se desligar da prece, na qual teremos sempre um ponto de apoio para nos entendermos através da intuição. Hoje, acho graça nos amigos que se largaram daí, através da morte, supondo que iriam para o descanso celestial! Diante dos desafios remanescentes da vida que fomos obrigados a deixar, a paz continua a ser um símbolo em meio dos atritos a que nos vemos forçados ao aceite para solucionar os casos que ficam. Mas os casos que ficam saem da esfera dos filhos e se prolongam nos netos…
9 Para o meu raciocínio ainda curto, ignoro onde tudo isso poderá encontrar o fim desejado. E já que a luta é inevitável, saibamos admiti-la com fé em Deus, com o respeito aos outros e comiseração por todos os que se ligam a nós, porque nós todos somos devedores perante Deus. 10 E assim a prece é o nosso arrimo e o nosso consolo, a fim de seguirmos adiante, desenvolvendo todas as nossas possibilidades em favor da paz possível com todos — o que equivale a dizer com todos aqueles que desejem a paz conosco. Aguardemos.
11 Estamos trabalhando pelas melhoras de saúde do nosso Oscar e agindo da melhor maneira que se nos faz possível para dar a cada filho e a cada neto um pedaço do nosso próprio coração. De minha situação geral, digo que estou seguindo mais conformada. 12 Lutar contra a morte seria assestar a nossa defesa contra o que não existe. Isso é assim porque a vida prossegue sem muitas diferenças e nós continuamos sem muitas diferenças dentro dela. Peço a você manter-se no regime de nossas orações, o que rogo igualmente à nossa Luizinha, que tem sido a nossa fiel companheira.
13 Querida filha, saiba quanto a amo e que você continua sendo a minha menininha do coração! Reconheço que posso tão pouco, mas mesmo assim darei tudo de mim para que você e Oscar permaneçam tranquilos. A nossa Cândida tem estado comigo, com a diferença de que ela, por enquanto, se acha numa instituição religiosa de práticas mais rígidas, às quais ela mesma se afeiçoa com alegria. Acontece, porém, que fiquei em um Instituto diferente, no qual as regras não se mostram tão austeras como sucede no caso de nossa Cândida.
14 Não cheguei a ser uma companheira militante da Doutrina Espírita, que atualmente estou aprendendo a conhecer, mas de tanto ouvir os casos do Chico e as narrações de nossos amigos e de nossas irmãs em nossa casa o meu entendimento não conseguiu aceitar austeridades e rituais de que não mais precisei. Por isso, estou numa organização mais liberal, em que se pode crer e comentar o que se crê com mais liberdade. Os amigos aqui são muitos, graças a Deus, no entanto, preciso aprender a contar com Deus e comigo mesma.
15 Para Oscar, Sérgio, para José Geraldo e Caio, e igualmente para Tucha, as minhas muitas lembranças. Beijos à querida Tuquinha, cujo amor ao nosso recanto agradeço, contente!
16 Estou pedindo a você muita calma e confiança em Jesus, sem esquecer o nosso mundo de orações e serviços aos necessitados, tanto quanto seja possível. Fale do meu muito carinho à Dirce, Palmira, Célia, Cleusa e a todas as nossas amigas.
17 Rogo a você receber o coração agradecido de sua mãe, a sempre sua mãe do coração, com muitas saudades de sua presença e de seu convívio, a sempre sua Luiza…
Luiza Xavier
[1] [Ver nota nº 1 da mensagem de José Xavier.]