O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier pede licença — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Delito e reencarnação

Cornélio Pires


  1 Por ódio trocado, Antônia

  Matou Lina do Lagarto.

  Hoje, elas são mãe e filha

  Doentes no mesmo quarto.


  2 Joaquim arrasou Simão

  Para tomar-lhe Ana Vera,

  Mas Simão tornou a ele,

  É o filho que o não tolera.


  3 Por Téo, Naná largou Juca

  Que se matou pela ingrata,

  E Juca voltou a ela,

  É o filho que a desacata.


  4 Manoel seduziu Percília,

  Deixando-a em tombos loucos…

  Ela morreu e voltou:

  É a filha que o mata aos poucos.


  5 Por Zina, matou-se João…

  Um carro fê-lo aos pedaços…

  Hoje ele é o filho doente

  Que Zina beija nos braços.


  6 Tesouro maior da vida

  É a mente tranquila e sã.

  Erro que a gente faz hoje

  A vida acerta amanhã.


Delito e Reencarnação


Irmão Saulo


Cornélio Pires foi o poeta caipira que marcou uma época da vida paulista, assinalou a fase de transição da cultura caipira para a cultura cosmopolita que surgiria com a transformação da cidade provinciana em metrópole moderna. Deixou vasta e curiosa obra de inegável interesse folclórico e literário. Todos os anos a cidade de Tietê, sua terra, promove oficialmente a Semana Cornélio Pires. Na praça central da cidade há um busto do poeta e Tietê mantém carinhosamente o Museu Cornélio Pires.

Tendo falecido em São Paulo a 17 de janeiro de 1958, Cornélio teve o seu corpo transportado para Tietê, onde se deu o enterro. Pouco tempo depois começou a transmitir sonetos e trovas através de Chico Xavier. A Federação Espírita Brasileira lançou o livro “O espírito de Cornélio Pires”, reunindo essa produção inicial. Mas o poeta continua a transmitir os seus versos pelo telégrafo mediúnico, na mesma linha espírita que já havia adotado nos seus últimos anos de vida terrena, quando publicou “Coisas do Outro Mundo” e “Onde está, ó Morte, a tua vitória?”.

A trova é o haicai da língua portuguesa, uma forma de síntese poética de que Cornélio sempre se serviu com habilidade. Mas, nas trovas deste capítulo, o tema é a reencarnação. Note-se que o poeta não joga com argumentos, mas com fatos. Expõe a tese focalizando pequenos episódios da vida diária, no permanente intercâmbio da morte com a vida. Uma forma didática de mostrar as consequências de nossos atos e de nosso comportamento, não no após morte, mas na volta à vida.

Quem conheceu Cornélio Pires e conhece a sua obra não tem a menor dificuldade em identificá-lo nesses versos. O poeta caipira, simples, objetivo, direto, reflete-se nessas quadras psicografadas como se elas viessem das suas próprias mãos. Atente-se para a maleabilidade extrema do médium, que com a mesma presteza recebe um alexandrino grandiloquente de Cyro Costa, como se viu no “Pinga Fogo” do Canal 4; um poema erudito de Augusto dos Anjos ou uma quadra caipira de Cornélio Pires. Chico Xavier, segundo sua resposta a Scantimburgo na televisão, não escreve “à maneira de…”, mas deixa que os Espíritos escrevam por suas mãos “à maneira deles”.


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