O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Pinga-fogo — Emmanuel — Entrevistas


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Os antigos filósofos, também médiuns

1 João de Scantimburgo — Chico Xavier eu não ponho em dúvida a sinceridade do seu ministério espiritista. Eu creio firmemente que o senhor trabalha com profundo amor à sua causa e à sua doutrina. Mas eu vou insistir no aspecto mais conhecido da sua obra, das suas atividades que é aquela de escritor psicográfico. O senhor afirmou, logo à minha primeira pergunta, que escreveu 107 livros e que tem 4 no prelo. Na literatura brasileira o senhor é, depois de Coelho Neto, o mais prolífico dos escritores que já redigiram na língua portuguesa. Por outro lado, o senhor disse, respondendo a uma pergunta minha, que havia feito apenas um curso primário. O senhor, para todos os que aqui estão e o estão assistindo pelo vídeo, em casa, é um homem que tem uma grande fluência ao falar. O senhor constrói com perfeição a frase, o senhor tem lógica na exposição da sua doutrina. Logo, o senhor é um autodidata, que se compenetrou da doutrina que esposou e a estudou profundamente e passou a exercer o seu trabalho expondo essa doutrina. Eu insisto que a escrita automática no senhor deve ser mais o produto do inconsciente do que o produto da mediunidade. Não sei se o senhor conhece uma coleção de livros publicados na França, com o título genérico “À maneira de….” em que os autores fazem a imitação de vários autores. Por exemplo: Marcel Proust, cujo centenário acaba de passar. Se o senhor ler uma página de Marcel Proust e uma página do livro “A maneira de…”, não distinguirá, ainda mesmo que tenha profundo conhecimento do estilo de Marcel Proust. Esta é uma imitação consciente. Eu tenho para mim que o senhor ao fazer, redigir os livros psicografados agiu sob impulso do inconsciente. O meu antigo companheiro de imprensa e caro companheiro de imprensa Herculano Pires, cuja inteligência brilhante eu sempre respeitei e sempre aplaudi, criou um embaraço para a minha pergunta, ao falar em 400 autores que o senhor teria citado. O senhor citou 400 autores ou o senhor escreveu à maneira de 400 autores como escreveu Humberto de Campos, como Guerra Junqueira, como Antero de Quental, como Augusto dos Anjos?

Chico Xavier — Creio que o número anunciado já está superado em mais de 400 comunicantes. Eles escreveram à maneira deles, mas respeito o ponto de vista do senhor, como respeito qualquer homem de Ciência que ainda não pode aceitar, por exemplo, o realismo da mediunidade. Respeito muito, mas continuo acreditando que eles escreveram à maneira deles, porque em algumas centenas, vamos dizer mais de três centenas destes 400 e tantos, hoje me parece que são quase 500, eu não tinha a menor ideia do que eles escreviam.


2 João de Scantimburgo — O senhor conhece um caso famoso ocorrido na Inglaterra, de escrita psicografada: uma senhora que psicografou a obra de Oscar Wilde e os meios literários ingleses não acreditaram como sendo uma obra psicografada de Oscar Wilde. Ainda mais: entre as minhas carreiras, além de jornalista eu também tenho a de Filosofia e não me consta que obras tão complexas como a de Platão, a de Aristóteles, a de Santo Agostinho, a de São Tomaz de Aquino, a de Descartes, a de Kant, e a de outros filósofos e outros pensadores tenham sido psicografadas. Não seria por causa da dificuldade de psicografar essas obras?

Chico Xavier — Bem, eu devo voltar um pouco o nosso pensamento inicial para dizer ao senhor que desde 1931 a presença de Emmanuel em minha vida tem sido a presença de um professor. Ele tem corrigido minhas expressões, ele tem procurado melhorar o meu vocabulário, melhorar as minhas atitudes do ponto de vista verbal e como o livro está à frente da presença apagada que eu possa trazer, ele sempre teve muito cuidado em podar tanto quanto possível as minhas impropriedades que eu sei que são muito grandes. De modo que eu posso declarar de público que qualquer estrutura fraseológica mais feliz de que eu possa ser portador, isso se deve à influência de Emmanuel, à presença dele junto de mim, compreendendo a responsabilidade de um programa como este. Quanto aos escritores da Antiguidade e aos escritores dos tempos modernos, com todo o respeito ao senhor, eu me permitiria perguntar, se eles também não seriam médiuns?


3 João de Scantimburgo — Este programa é de perguntas e não de debates.

Chico Xavier — Não, não é de debates, absolutamente. Apenas respeitando imensamente a Igreja Católica, em cujo seio formei a minha fé e que devo declarar de público, que nunca perdi e não quero perder. Então eu digo aqui de público eu não conheço essas obras, mas gostaria de conhecê-las, em português, mas os espíritos amigos se referem, por exemplo, a duas personalidades do mundo católico que deveriam ser mais conhecidas em nosso ambiente cultural. Por exemplo: Na latinidade, especialmente na língua portuguesa, eu não conheço absolutamente nada. Eles se referem a Santa Brígida, da Suécia e a Santa Clara, de Montefalco, na Itália, as biografias atestam a presença de mediunidades extraordinárias, a ponto, diz Emmanuel, que Santa Brígida deixou muitas páginas, vamos dizer, do ponto de vista de autenticidade absolutamente psicográfica. Seria muito interessante, estimaria muito conhecer a vida dessas duas grandes figuras da Igreja Católica, que eu venero tanto, ao que me parece pela palavra dos nossos amigos espirituais, foram duas criaturas portadoras de mensagens especiais para os cristãos.


 4 Herculano Pires — Almir, eu queria que você me concedesse apenas o direito de fazer uma observação a respeito do que o Chico acabou de falar. Eu queria lembrar a existência, no meio católico, também de fenômeno psicográfico. As edições Paulinas, aqui de São Paulo, há uns cinco anos mais ou menos, publicaram um livro muito curioso, e que se chama O Manuscrito do Purgatório. É um livro recebido na Espanha, num convento de lá, por uma freira. Ela recebeu o livro através do espírito de outra freira que havia morrido no próprio convento. Um trabalho evidentemente de psicografia católica. Esse livro foi traduzido para o português pelo padre Júlio Maria, tão conhecido, principalmente pela sua atuação na revista Ave Maria. E saiu publicado aqui em São Paulo, com todas as autorizações eclesiásticas, tendo vindo, também, da Espanha com essas autorizações. Mas acrescento o seguinte: As próprias edições Paulinas anunciaram que outros livros da mesma natureza seriam publicados por ela. Entretanto, não foram. Mas existem, portanto bastaria esse livro O Manuscrito do Purgatório, que foi publicado, para provar que existe uma psicografia católica.

Chico Xavier — Emmanuel pede para mencionar diante do nosso caro escritor e entrevistador que levantou o problema com tanta distinção e com tanto carinho, que não podemos esquecer um problema muito importante em nossa vida cristã. E que o livro é mesmo um instrumento de cultura extraordinário, um instrumento que está entre este mundo e o outro. É tão importante, que o primeiro livro que veio para a humanidade é um livro do mundo espiritual, um livro de pedra que foi os 10 Mandamentos, de Moisés.

Herculano Pires — Psicografia na pedra! Moisés como médium psicógrafo.


Francisco C. Xavier

Emmanuel


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