“Três filhos esmagados quase ao chegarem em casa… E a nossa separação de repente. Isso transtornaria o cérebro de um gigante, quanto mais os nossos corações sempre ligados, pelo carinho.”
São palavras do menino de doze anos. Se os conceitos profundos, sobretudo se creditados ao cérebro de uma criança, quase adolescente, impressionam-nos, do mesmo modo a grandeza de seus sentimentos nos comove muito.
É a criança que fala aos pais, mostrando que as dificuldades são as mesmas do lado de lá, mormente quando a saudade permanece tão viva.
Na mensagem, o filho conversa com a mãezinha, em súplica, rogando-lhe não se detenha mais nas lágrimas, pois quem sofre mais com as lágrimas dos pais, são os filhos no outro lado da vida. É por isso que o Marcos diz: — “Mamãe, se não fosse a falta que a gente experimenta de casa, se não fosse a voz da senhora e do papai por dentro de mim, eu diria que tudo está bem.”
Da mensagem, separaremos algumas citações, obedecendo a sequência da psicografia, para maior esclarecimento:
1 — “Meu avô Joaquim” — avô materno, Joaquim Diogo de Oliveira, desencarnado há 16 anos, 1959, em Perus.
2 — “Papai é calado” — tão simples quanto surpreendente revelação. Chico mal cumprimentara pela primeira vez o Sr. Ukuru, pai das crianças, momentos antes da recepção da mensagem. Ser calado é um singular traço da personalidade do Roberto. Praticamente não fala, tendo sido difícil mesmo, nas entrevistas que realizamos com o casal, arrancar alguma palavra ao pai amoroso, mas realmente quieto.
3 — Entre as doses de calmantes e os acessos de desespero, D. Elite era por muitos considerada já em alienação mental, desencadeada pelo trauma da separação dos filhos.
4 — “Estamos num parque de crianças que vieram para cá apressadamente.” A respeito da situação das crianças, após sua desencarnação, o leitor encontrará esclarecimentos de André Luiz, no livro “Entre a Terra e o Céu”, ( † ) psicografado pelo Chico, quando fala no Lar da Bênção, em que pequenos desencarnados se reúnem, sob a proteção de dedicadas professoras do Plano Espiritual.
5 — Referência ao acidente que tirou a vida aos três irmãos na Via Anhanguera, na tarde de 9 de fevereiro de 1975.
6 — Como observamos no início destes comentários, a angústia dos pais funciona como dardos que atingem diretamente os filhos desencarnados; daí Marcos lembrar, suplicante, à mãezinha, que ela não choraria mais, “se visse a sua querida Sheila cair de aflição, querendo ir ao seu encontro, sem poder…”
7 — Irmã Luiza — possivelmente Marcos se refere à amiga da família, falecida em Guaíra, SP, há muitos anos.
8 — O Irmão Ukuru, homônimo do pai das crianças, não foi ainda identificado, pelo menos nas recordações mais imediatas do grupo familiar.
9 — Diogo — Pedro Diogo de Faria, irmão do avô Joaquim, faleceu em Guaíra, no ano de 1934.
10 — Tia Maria — cunhada de D. Elite. Faleceu com as crianças no acidente. Maria Prestes de Oliveira contava 21 anos e minutos antes do desastre deu o filho para D. Elite segurar no banco dianteiro do carro, pois não estava se sentindo bem. A Sheilinha que estava com a mãe, precisou passar para trás e, pouco depois, também foi colhida pelo impacto mortal. Estranha coincidência, o acaso reunir pouco antes do acidente justamente os Espíritos que deveriam partir. [Vide o terceiro parágrafo do cap. “A separação”]
11 — “Aquela Veraneio” — o veículo que colidiu com o carro em que se encontravam as crianças. Oportuna revelação, pois o Chico não sabia dos detalhes do acidente.
Caio Ramacciotti