O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Crianças no Além — Marcos


1

A separação

Tão grande era o apego de Ukuru Hayashi — o Roberto — aos filhos, que não fora fácil convencê-lo a deixar Marcos e seu irmão João Batista passarem uma semana em Ribeirão Preto, junto de amigos da família.

Os argumentos de D. Elite eram muitos: as férias se aproximavam do fim; Marcos, o mais velho dos três, fora aprovado, em primeiro lugar, nos exames de dezembro e ajudara bastante o pai, nas entregas com o “Mercedinho”; tudo, enfim, servia de motivo para que Roberto cedesse.

 Calado, introvertido, efetivamente o Roberto pouco falava. E, para agravar sua sisudez ainda mais, ocorreu-lhe uma revelação que tivera anos atrás, antes mesmo de conhecer a esposa, D. Elite.

Quando solteiro, um amigo profetizou com convicção que o destino lhe reservara uma esposa brasileira, sem qualquer ascendência japonesa, e que o casal teria três filhos que, contudo, morreriam, ainda crianças. Tal fato, que marcou profundamente Roberto, somente foi revelado à esposa, após o falecimento das crianças.

Como dizíamos, com a insistência de D. Elite e das próprias crianças, Roberto concordou que os filhos mais velhos, Marcos e João Batista, fossem passar a primeira semana de fevereiro de 1975 em Ribeirão Preto.

Seguiram de ônibus, com uma amiga do casal e, no fim da semana seguinte, D. Elite, com a filha caçula Sheila, com o irmão, Saulo Prestes de Oliveira, e a cunhada, Maria Prestes de Oliveira, foram de Volkswagen buscar os filhos em Ribeirão Preto. Seguia também no carro o filhinho do casal que acompanhava D. Elite, pequeno, ainda de colo.

No domingo, 9 de fevereiro, voltavam a Perus. Saulo ao volante, D. Elite ao lado, com a filha Sheila no colo. Atrás, Marcos, João Batista e D. Maria com o filhinho. Muita alegria, músicas, comemorações, pois no dia anterior, 8 de fevereiro, o João Batista completara onze anos. Assim descontraídos, chegaram até a entrada de Perus, quando uma veraneio colheu e arremessou longe o Volks que já deixava a Via Anhanguera para atingir o acesso que leva a Perus.

Todos os ocupantes do banco traseiro do carro tiveram morte instantânea: D. Maria e os três irmãos, Marcos, João Batista e Sheila. Segundo D. Elite, apenas três minutos antes do acidente, em virtude de um mal-estar súbito da cunhada, a Sheilinha precisou ir para trás, a fim de que D. Elite segurasse no colo o sobrinho.

O menino sobreviveu, mas a Sheila, em função da troca de lugar, veio a falecer com os dois irmãos e com a tia.


Caio Ramacciotti


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