O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Caderno de mensagens — Autores diversos


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Entrevistando André Luiz n

Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, veio ter com ele um centurião e lhe dirigiu esta súplica:

— Senhor, meu servo está de cama, em minha casa, atacado de paralisia e sofre extremamente.

Jesus disse:

— Irei lá e o curarei.

Mas, o centurião lhe ponderou:

— Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; dize, apenas, uma palavra e o meu servo estará curado; porquanto sou um homem submetido a outro; tenho, sob minhas ordens, soldados; digo a um: vai lá e ele vai; a outro: vem cá e ele vem; a meu servo: faze isto e ele faz.

Ouvindo estas palavras Jesus se encheu de admiração e disse aos que o seguiam:

— Em verdade vos digo que ainda não encontrara em Israel tão grande fé. (Mateus, cap. VIII, v. 5 e seguintes)


Não são poucas as referências evangélicas que nos levam à reflexão prolongada, à meditação profunda antes que o seu conteúdo venha a ser assimilado pelo nosso entendimento. Dentre estas, o texto acima de Mateus sempre nos chamou a atenção, em virtude do complemento final em que o senhor afirma categoricamente: “Em verdade vos digo que ainda não encontrara em Israel tão grande fé.”

Para perseguir a solução daquilo que nos parecia delicado enigma, perguntamos muitas vezes a nós mesmos: como entender a extraordinária fé daquele centurião romano? Fé que mereceu o registro nos apontamentos do apóstolo historiador em face, possivelmente, da observação positiva do Cristo?

Analisamos, então, em nossas reflexões, as palavras de Mateus: “sou um homem submetido a outro; tenho, sob minhas ordens, soldados; digo a um: vai lá e ele vai; a outro: vem cá e ele vem; a meu servo: faze isto e ele faz” e, parece, encontramos aí a chave feliz da compreensão procurada. Jesus, certamente, não estava sozinho nas suas pregações evangélicas, e o inteligente centurião compreendera perfeitamente a administração espiritual comandada pelo Mestre, eis que o próprio romano observara: “dize, apenas, uma palavra e o meu servo estará curado.” E, de fato, o servo se curou, sem que Jesus se dirigisse, pessoalmente, à sua casa, conforme testemunhou o próprio evangelista.


* * *


Considerando as profundas impressões deixadas nos meios espíritas pelas descrições realistas de André Luiz, sobremaneira em “Nosso Lar”, no que tange às organizações existentes em colônias espirituais localizadas nas proximidades da Terra, torna-se inevitável a associação de ideias com o texto apostólico acima referido. Colônias espirituais com vida social organizada, governadorias, ministérios, problemas de alimentação, de sexo, veículos de transportes, ruas e quarteirões, fábricas de preparação de sucos, de tecidos e artesanatos em geral, que dão trabalho a mais de cem mil criaturas, músicas, jardins, etc., são detalhes das descrições dessa obra, que abriram um novo horizonte para os olhos limitados da visão humana.

Estamos, afinal, nos tempos em que a alegoria cede lugar à explicação direta.

Sabemos pelos ensinamentos espíritas que a revelação não é abrupta, mas progressiva e contínua, atendendo às necessidades de tempo e de lugar. Solicitamos, todavia, aos nossos orientadores espirituais levantassem um pouco, na medida do possível, o véu que encobre diversos assuntos que nos pareceram de interesse comum a grande parte da nossa comunidade, rogando respostas as questões que seguem relacionadas:


VIDA NO ESPAÇO


1. Qual a quantidade aproximada de habitantes espirituais — em idade racional — que se desenvolvem, presentemente, nas circunvizinhanças da Terra?

“Será lícito calcular a população de criaturas desencarnadas em idade racional, nos círculos de trabalho, em torno da Terra, para mais de vinte bilhões, observando-se que alta percentagem ainda se encontra nos estágios primários da razão e sendo esse número passível de alterações constantes pelas correntes migratórias de Espíritos em trânsito nas regiões do Planeta.”


2. A quantidade de Espíritos que vivem nas diversas Esferas do nosso Planeta tende, atualmente, a aumentar ou a diminuir?

“Qual acontece na Crosta Planetária, as Esferas de trabalho e evolução que rodeiam a Terra estão muito longe de quaisquer perspectivas de saturação, em matéria de povoamento.”


3. Considerando-se que as criaturas dos reinos vegetal e animal, deste e de outros Planos, absorvem elementos de economia planetária, pergunta-se: o nosso planeta dispõe de recursos para a manutenção e sustentação de uma comunidade de número ilimitado de indivíduos, ou a despensa celeste do nosso domicílio cósmico se destina a uma sociedade de proporções limitadas, ainda que de dimensões desconhecidas?

“Certo, nos limites do orbe terreno, não é justo conceituar os problemas da vida física fora de peso e medida, entretanto, é preciso considerar que as ciências aplicadas à técnica, à indústria e à produção, nos outros domínios da natureza, assegurando conforto e sustento a bilhões de Espíritos encarnados na Terra, com os recursos existentes no Planeta, por muitos e muitos séculos ainda, desde que o homem se disponha a trabalhar.”


4. Espíritos originários da Terra têm emigrado, nos últimos séculos, para outros orbes?

“Seja de modo coletivo ou individual, em todos os tempos, Espíritos superiores têm saído da Terra, no rumo de Esferas enobrecidas, compatíveis com a elevação que alcançaram. Quanto a companheiros de evolução retardada, principalmente os que se fizeram necessitados de corretivo doloroso por delitos conscientemente praticados, em muitos casos, sofrem temporária segregação em Planos regenerativos.”


5. Espíritos originários de outras plagas costumam estagiar na Terra em encarnações de exercício evolutivo?

“Isso acontece com frequência, de vez que muitos Espíritos superiores se reencarnam no Planeta terrestre a fim de colaborarem na educação da Humanidade e criaturas inferiores costumam aí sofrer curtos ou longos períodos de exílio das elevadas comunidades a que pertencem, pela cultura e pelo sentimento, porquanto, a queda moral de alguém tanto se verifica na Terra quanto em outros domicílios do Universo.”


6. Considerando-se a enorme distância geométrica existente entre dois ou mais orbes de um sistema solar, ou entre dois ou mais sistemas solares, pergunta-se:

a — Os Espíritos, em seu desenvolvimento evolutivo, ligam-se, necessariamente, a determinados orbes?

“Em seu desenvolvimento, sim, qual acontece com a pessoa que em determinada fase da experiência física se vincula, transitoriamente, a certa raça ou família.


b — Na imensidão dos espaços que separam dois ou mais corpos celestes vivem, também, inteligências individuais?

“Isso é perfeitamente compreensível; basta lembrar os milhares de criaturas que atendem aos interesses de um país ou de outro nas extensões do oceano.”


7. Quais os processos de locomoção utilizados nas migrações interplanetárias, considerando-se a possibilidade de migrações de entidades de categoria até mesmo criminosa, como parece ser o caso dos imigrantes da Capela?

“Esses processos de locomoção, no Plano espiritual, são numerosos. A técnica não se relaciona com a moral. Os maiores criminosos do mundo podem viajar num jato sem que isso ofenda os preceitos científicos.”


8. Onde começa, o Umbral?

“A rigor, o Umbral, expressando região inferior da Espiritualidade, pelos vínculos que possui com a ignorância e com a delinquência, começa em nós mesmos.”


9. Onde se situa “Nosso Lar”?

“Não possuímos termos terrestres para falar em torno da geografia no Plano espiritual, mas podemos informar que as primeiras fundações da cidade de “Nosso Lar” por Espíritos pioneiros da evolução brasileira, se verificaram no espaço do território hoje conhecido como sendo o Estado da Guanabara [Rio de Janeiro].”

 


SEXO


10. Por que a disciplina sexual é recomendada pelo Plano Espiritual Cristão?

“Claramente que a disciplina sexual é recomendável em qualquer Plano da vida, para que a degradação não arruíne os valores do espírito.”


11. Há alguma relação entre sexo e mediunidade?

“Tanto quanto a que existe entre mediunidade e alimentação ou mediunidade e trabalho, relações essas nas quais se pede morigeração ou equilíbrio.”


12. As funções reprodutoras do sexo destinam-se somente à vida na Terra?

“Em muitos outros orbes, compreendendo-se, porém, que mundos existem, nos quais as funções reprodutoras não são compreensíveis, por enquanto, na terminologia terrestre.”


13. Espíritos sensuais mantêm atividades de natureza sexual após a desencarnação?

“Aos milhões, reclamando educação dos recursos do sentimento e das manifestações afetivas, como acontece nos caminhos da Humanidade.”


14. Os perispíritos das entidades espirituais, que se localizam nas vizinhanças da Terra, conservam o órgão do aparelho sexual humano?

“Sim, e por que não? O órgão sexual é tão digno quanto o olho e como não se deve atribuir ao olho os horrores da guerra, o órgão sexual não pode ser responsável pelo vício.”


15. Os Espíritos conservam, para sempre, as condições de masculino e feminino?

“Respondamos com os orientadores espirituais de Allan Kardec que na questão número 201, de “O Livro dos Espíritos” afirmaram, com segurança, que o Espírito, tanto se reencarna no corpo de formação masculina quanto no corpo de formação feminina.”


16. Como explicar os homossexuais?

“Devemos considerar que o Espírito se reencarna, em regime de inversão sexual, como pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isso não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam nessa posição, endereçados ao escândalo e à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para serem delinquentes. Compete-nos entender que cada personalidade humana permanece em determinada experiência, merecendo o respeito geral no trabalho ou na provação em que estagia, importando anotar, ainda, que o conceito de normalidade e anormalidade são relativos. Lembremo-nos de que se a cegueira fosse a condição da maioria dos Espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente considerado minoria e exceção.”


17. Se vivemos tantas vezes, participando da formação de casais frequentemente diversos; como explicar o ciúme?

“O ciúme é característico de nossa própria animalidade primitiva, sombra que a educação dissipará.”


18. O Espírito desencarnado também está sujeito a crises prolongadas de ciúmes?

“Como não? A desencarnação é um acidente no trabalho evolutivo, sem constituir por si qualquer solução aos problemas da alma.


19. Como explicar a paixão que, tantas vezes, cega o indivíduo? (A paixão é somente uma doença humana?)

“Ainda aqui, animalidade em nós é a explicação.”


20. O adultério é, sempre, causa de conflitos, quando da volta dos cúmplices ao Plano Espiritual?

“Sim.”


REENCARNAÇÃO


21. A reencarnação é lei imperativa em todos os orbes do Universo?

“Mais razoável dizer que a reencarnação é princípio universal, compreendendo-se que existem Esferas sublimes nas quais a reencarnação, como recurso educativo, já atingiu características inabordáveis ao conhecimento humano atual.”


22. Se a medicina da Terra aumentar — num futuro não muito distante — a média da vida humana na crosta, do ponto de vista educacional, uma única existência, de 500 anos, por exemplo, bastaria para libertar o Espírito das necessidades da escola terrena?

“Cabe-nos aguardar o apoio mais amplo da medicina à saúde humana, com vista à longevidade, entretanto, em matéria de libertação espiritual, o problema se relaciona com a vontade acima do tempo. Quando a pessoa se decide ao burilamento próprio, com ânimo e decisão, a existência física de cinquenta anos vale muito mais que o tempo correspondente a cinco séculos, sem orientação no aprimoramento moral de si mesma.”


23. É de se esperar que nos próximos milênios, quando a Terra se tornar um centro de solidariedade e de cultura, seja dispensado o processo de reencarnação, como elemento indispensável de experiências e estudos?

“Digamos, com mais propriedade, que o Espírito, alcançando a sublimação, não mais se encontra sujeito ao processo de reencarnação, por medida educativa, conquanto prossiga livre para se reencarnar, como, onde e quando deseje em auxílio voluntário aos semelhantes.”


24. A duração média de vida dos encarnados racionais de outros orbes, corresponde à terrena?

“Não. Essas etapas de tempo variam de mundo a mundo.”


25. Todas as reencarnações, mesmo as dos indivíduos vinculados a condições inferiores, são objeto de um planejamento detalhado, por parte dos administradores espirituais?

“Há renascimentos quase que automáticos, principalmente se a criatura ainda permanece fronteiriça à animalidade, entendendo-se que quanto mais importante o encargo do Espírito a corporificar-se, junto da Humanidade, mais dilatado e complexo o planejamento da reencarnação.”


26. As organizações espirituais que pautam as suas atividades dentro de programas alheios aos princípios cristãos, também procedem a execuções de programas para a reencarnação de tarefeiros determinados em suas organizações?

“Sim”


27. Reencarnações de Espíritos de ordena superior, presididas por Espíritos elevados, em meio inferior, estão sujeitas a represálias da parte de organizações espirituais interessadas na ignorância humana?

“Natural que assim seja. Recordemos o próprio Jesus.” (Mt 2.16-18)


28. Se um Espírito encarnado com propósitos cristãos pode, pela má conduta, transformar-se num instrumento das trevas, é de se perguntar se um Espírito encarnado sob os vínculos de organizações ainda não cristianizadas no Espaço, pode, também, transformar-se num instrumento ostensivo do programa do bem?

“Perfeitamente. Assim ocorre porque o íntimo de cada um prevalece sobre o rótulo que caracterize a pessoa no ambiente humano.”


ATUALIDADES


29. Sabemos que outras civilizações terrenas se desfizeram em épocas remotas. Diante do perigo atual de uma conflagração atômica, é de se perguntar: estamos às portas da Nova Jerusalém ou no começo de um novo fim?

“Na condição de espíritas-cristãos encarnados e desencarnados, pensemos no futuro da Humanidade em termos de evolução, otimismo, confiança, progresso. De todas as calamidades, a civilização sempre surgiu em novos surtos de força para o burilamento geral, ao influxo da Providência Divina, ainda mesmo quando pareça o contrário.”


30. Habitantes de outros orbes conhecem a Humanidade terrena, sua história, costumes, etc.?

“Sim”


31. Diante dos progressos alcançados pela ciência, conseguirá o homem aportar a outros corpos de nosso sistema solar?

“Ninguém pode traçar fronteiras às conquistas da ciência humana. Quanto mais dilatados o serviço e a fraternidade, a educação e concórdia na Terra, maiores as possibilidades do homem nas conquistas do Espaço Cósmico.”


32. Se a ciência humana se servir de seus recursos, pondo em risco a estabilidade do Planeta, é de se esperar esteja a Humanidade da Terra sujeita a uma intervenção direta da parte de outros planetas?

“Nossa confiança na Sabedoria da Providência Divina deve ser completa. Ainda mesmo que a Terra se desintegrasse numa catástrofe de natureza cósmica. Deus e a Vida não deixariam de existir. Uma cidade arrasada num cataclismo não significa a destruição de um povo inteiro. Justo que, em nos considerando coletivamente, temos feito por merecer longas aflições e duras provas na Terra, entretanto, diante da Infinita Bondade, devemos afastar quaisquer ideias sinistras da cabeça popular, carecedora de harmonia e esperança para evoluir e servir. Amemo-nos uns aos outros. Realizemos o melhor ao nosso alcance. Convençamo-nos de que o bem vive para o mal como a luz para a sombra. Edifiquemos o mundo melhor, começando em nós mesmos, e confiemos na palavra fiel do Cristo que prometeu amparar-nos e auxiliar-nos “até o fim dos séculos”. E assim nos exprimindo, não nos propomos afirmar que, a pretexto de contar com Jesus, podemos andar irresponsáveis ou desatentos. Não. Forçoso trabalhar e cumprir as obrigações que a vida nos trace, a fim de sermos amparados e auxiliados por ele, sejam quais forem as circunstâncias.”


André Luiz



[1] A presente entrevista com os diretores deste “Anuário” [à época o diretor responsável era o Sr. Lauro Michielin], o Espírito de André Luiz respondeu às perguntas formuladas de números ímpares através do médium Waldo Vieira e às de números pares através do médium Francisco Cândido Xavier.


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