O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Uma visita mais direta

11/10/1950


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz e saúde, alegria e bom-ânimo.

Hoje temos uma visita mais direta, entretanto, apesar de nossa insistência para que esse amigo se comunique com vocês, declina ele do convite, perseverando em se manter ausente do lápis e prometendo exprimir-se por esse meio em outras circunstâncias. Refiro-me ao nosso amigo Mário Telles, que se acha conosco e agradece as vibrações de carinho e amizade que desde janeiro último vem recebendo de vocês. n Recomenda-me lhes diga alguma coisa acerca de sua situação e de seus sentimentos e, com prazer, sirvo-lhe de intérprete.

2 Assevera receber sempre as recordações do Rômulo em matéria de serviço e solicita-lhe não esmorecer na luta, que ele mesmo reconhece cada vez maior e mais árdua. Por não haver preparado um clima interior suficientemente vasto para sentir-se exonerado das obrigações comuns que esposou, sente-se, de alguma sorte, preso aos ideais que lhe mantiveram as energias e os pensamentos equilibrados na administração, circunstância que lhe não permite uma ausência maior dos assuntos da tarefa que deixou em outras mãos.

3 Isso o preocupa mais que se poderia pensar, porquanto não se sente encorajado a permanecer em atividades que lhe são agora francamente impróprias. Por outro lado, experimenta grandes inibições para abandonar quanto fazia para fazer-se aprendiz em outro setor. Nesse sentido, declara ele que a esposa é a sua esperança, porque deseja empreender ao lado dela, na Terra ou à distância dos círculos terrenos, a nova missão espiritual que nota desabrochar em torno de seus passos. 4 Lamenta não ter tido a precisa coragem para abraçar, com expressão de fé positiva, um ideal de elevação qual o que estamos cultivando, porquanto, perdido o veículo denso, é muito difícil o reajuste do homem administrador que não conseguiu se adaptar a uma segunda ocupação de natureza espiritual no benefício à comunidade. Afirma-se à maneira de um trabalhador a quem se arrancasse, subitamente, os instrumentos de trabalho, e pede para que as nossas vibrações de interesse fraternal o ajudem a renovar-se. 5 Nesse caso, diz ele, quem se inclina a renovar-se é o mesmo que se inclina a esquecer-se. Sente o imperativo do olvido para recomeçar aqui e conta com a abnegada companheira que lhe vem fornecendo excelentes recursos e possibilidades que lastima não estar em situação de aproveitar integralmente. Roga ao Rômulo para encarar com muita serenidade os fatos e disposições do órgão de serviço de que ele se ausentou pelas suas injunções da morte física e assevera que estimaria estar em sua posição para não ser tomado pela surpresa da modificação compulsória. 6 Reporta-se a pequenos problemas de trabalho, que não vale comentar nesta carta, dos quais destacamos por mais importante e fundamental a sua necessidade de refazimento para melhor afeiçoar-se à verdade dos acontecimentos no presente e no futuro. Refere-se à esposa com o carinho e a devoção que ela merece e, de minha parte, formulo votos para que ela, onde estiver, possa sempre sintonizar-se com o companheiro na obra do bem e da luz. Apliquei-lhes passes magnéticos e tão alegre e tranquilo como lhe é possível estar acompanha-nos às orações, com reconhecimento e carinho.

7 Informa que o irmão Nogueira tem sido amparado e que ele mesmo, Mário Telles, pretende ajudá-lo com eficiência logo tenha as energias consolidadas. Explica que a desencarnação não foi apenas obra do associado invisível de suas lutas, companhia menos construtiva que apenas lhe agravou a posição física, acelerando, de algum modo, o processo do desprendimento, mas sim que elementos cancerosos nos pulmões lhe subtraíram a resistência, sem que ele mesmo pudesse perceber a gravidade da situação, atento à rotina dos seus deveres como se achava. Está sereno, bem disposto e otimista quanto é possível, mas esperamos que decorridos mais alguns meses encontrar-se-á ele habilitado a importantes cometimentos. Assim, estou contente por atender-lhe aos desejos, pois está acompanhando com atenção a feitura destas linhas e agradece a todos com o silencioso sorriso que de longa data lhe conhecemos.

8 Meu caro Rômulo, as observações nos passes estão muito interessantes. Reputo valiosos os apontamentos tomados, salientando aquele que se reporta ao fio luminoso atado ao seu coração. Em muitas ocasiões, as mais diversas, no serviço magnético, esse fio é posto em uso, aliás, constituído de matéria de suas próprias forças, pois ligado a nós é veículo para muitos benefícios imediatos a sofredores encarnados e a obsessores nem bem encarnados, nem bem espiritualizados, que comparecem junto de sua tarefa, em grande número. A nossa amiga vidente possui forças magnéticas, mas não positivas, a ponto de sustentar um serviço de longo curso. É uma pilha para receber e não para emitir, embora possa e deva emitir, em circunstâncias especiais, quando ligada a “motores” do nosso Plano de ação. Pode dar passes, mas um ou outro a doentes isolados, compreendendo que em função como aquela deve utilizar as energias que lhe são peculiares na boa cooperação.

9 O seu trabalho de passes só poderá ser partilhado com individualidade positiva, idêntica à que você possui e a própria Maria, tão devotada ao nosso esforço, não deve, por enquanto, distribuir passes, em sentido direto, mantendo-se no trabalho de colaboração em que o seu concurso é invariavelmente precioso. Nesse concurso, ela encontra o serviço necessário à preparação do futuro. Por enquanto, esse é o quadro de nossa tarefa confortadora e feliz.

10 Sempre que você puder, envie páginas edificantes impressas aos doentes com endereços em nosso livro. Esse serviço está muito frutífero e auxilia eficientemente a nossa ação “deste lado”, porque a ideia vale mais que a medicação do corpo na maioria dos casos. Aí estão algumas páginas compactas com referência à nossa nova família — a família dos amigos espirituais e dos companheiros sofredores. E, como vemos, não nos faltam trabalhos e motivos a muito pensamento! Que Jesus nos abençoe.

A gripe de nossa querida Maria vai cedendo, mas ainda hoje convém-lhe um passe antes do sono para que amanheça mais livre.

Reunindo vocês num forte abraço, sou o papai e amigo muito saudoso, sempre com vocês,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: Em referência ao Dr. Mário Telles da Silva, que foi, por muitos anos, diretor da Divisão de Fomento da Produção Animal do Ministério da Agricultura, à qual estava subordinada a Inspetoria Regional em Pedro Leopoldo.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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