O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Sigamos com calma

17/10/1951


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, conferindo-lhes muita saúde, alegria e paz.

Meu caro Rômulo, não dê guarida ao desalento perante a luta íntima, indefinível e gigantesca. Sigamos com calma. Quando na Terra, cumprindo tarefas representativas qual a sua na atualidade, os fenômenos de introspecção com grandes “jornadas retrospectivas” são inevitáveis.

2 Conheço os seus conflitos de perto. Tive-os, talvez com menor intensidade, na minha viagem por aí, na qual as preocupações eram, por mim, sorvidas a longos haustos. Concordo em que meu campo de professor de letras primárias era, efetivamente, mais benigno. Não havia para mim compromisso tão grande na esfera da vida pública, entretanto, não creia vivesse seu pai sem aflições.

3 É imprescindível muita serenidade nessas fases em que o castelo de nossas esperanças e realizações ameaça ruir. Confiarmo-nos à vontade do Senhor, colocando a nossa vontade própria no serviço incessante dele, é providência que nos faculta inexprimível descanso. Quanto esteja ao seu alcance, multiplique esses serviços no pensamento imanifesto.

4 Tudo vem do Senhor — as ideias que nos sustentam, as palavras que utilizamos, as mãos com que agimos, os recursos que movimentamos, as afeições que cooperam conosco, as possibilidades que o mundo e a vida nos oferecem, aparentemente, por acaso, tudo, tudo, enfim, que nos cerca e nos reconforta.

5 No centro de tantos dons emprestados funciona a nossa atitude, como sendo o nosso desejo, o nosso propósito e a nossa vontade. Assim, pois, não se desanime. Avante com o Cristo é trabalhar por ele e para ele, de mil modos, cada dia.

6 Quanto aos pensamentos que quase lhe obsecam a mente, esteja convencido de que não procedem do centro livre de entidades estranhas ao seu modo de ser. Graças a Deus, o seu padrão vibratório não é daqueles que se façam acompanhar por pessoas desencarnadas obsidentes ou provocantes. O que há, meu filho, é a recapitulação. 7 À medida que os dias avançam sobre a nossa experiência, enquanto nos demoramos no corpo, mais se nos amadurece a intuição e se nos acentua a memória, mormente na reconstrução do edifício moral de nossa felicidade quando nos revelamos em condições apropriadas a isso. Natural que a inteligência comum permaneça sonolenta ou mal-desperta, por não contar com recursos suficientes para as reminiscências proveitosas. 8 Assim é que a sua posição espiritual de agora é de penetração instintiva em seus arquivos mentais multimilenários. Dantes, não sofríamos na aplicação de penas ou na imposição de medidas atentatórias à felicidade alheia, erguendo tribunais e povoando-os com as nossas simpatias particulares. E hoje você observa, para resolvê-lo dignamente, o problema das recordações. Creia, meu filho, que a justiça se efetua para nós amainada excessivamente pela Misericórdia Divina.  9 Com a graça do Senhor, compreendemos atualmente que a nossa felicidade verdadeira decorre do servir, do servir constantemente e sem compensação de qualquer natureza. E pelo motivo de nos fazermos úteis, de alguma sorte, à coletividade inquieta e sofredora grandes bênçãos assistenciais têm brilhado em nosso caminho.

10 Convençam-se, porém, de que as imagens de nossos elos mentais aí se acham impressas há muitos e muitos anos. Voltam à superfície das nossas vulgares cogitações, na medida de nosso avanço na caminhada ascensional do sentimento volvido para Deus. Realmente, se não são insuportáveis, representam fortes razões de tortura e sofrimento inexplicável dentro de nós. 11 Vozes acusadoras, que pareciam relegadas para trás, argumentos que se nos afiguravam extintos regressam às nossas manifestações mentais à maneira de construções vivas na própria consciência. Tenhamos, porém, serenidade e calma, a fim de tudo renovar para o bem com o Cristo. Nesse sentido, você conhece o valor da oração e não devo estender-me em considerações sobre o assunto. Peçamos ao Senhor energias para operar a transmutação dos valores. 12 Antigamente, os sábios buscavam avidamente a fórmula da fabricação do ouro, garantindo-se contra a necessidade e contra a miséria, e hoje os amigos da Espiritualidade Superior nos convidam à transformação de todos os sentimentos que nos governavam até agora para nos confiarmos, de fato e de verdade, aos trabalhos do Cristo.  13 Dessa forma, meu filho, desculpemos quantas vezes se fizerem necessárias, procuremos agir — no pensar retamente e no bem-fazer — e prossigamos calmamente em nossa grande viagem. O tempo e a vida são nossas testemunhas. Tenhamos paciência e prossigamos. Busque distrair-se para não martirizar a você mesmo, até que a tempestade e o vento forte apareçam amainados devidamente. Deixe que o pretérito erga vozes do passado. De nossa parte, tudo faremos para que o amanhã seja mais nobre a mais belo.

14 Cumprimentando à nossa querida Maria pelas boas melhoras do instrumento físico, devo dizer a vocês que a possibilidade de sua viagem a Pernambuco, na hipótese de concretizar-se, é excelente! Se isso for mesmo possível, seguirei em companhia de vocês cooperando em todas as tarefas suscetíveis de receber alguma cooperação do plano espiritual. A oportunidade é valiosa para desentranhar, ao menos por alguns dias, as suas preocupações morais no corpo do serviço. Aliás, aquela terra amiga não nos é estranha.  15 No século XVI, conhecemo-la, de perto, mormente nos antigos acampamentos de Pernambuco iniciante. Assim digo porque as comunas do Brasil-Colônia, no princípio, não passavam de acampamentos em grande escala. Se for possível, pode seguir alegre, otimista e confiante. Estaremos, naturalmente, juntos. Não se esqueçam dos remédios da nossa farmácia de emergência.

16 Nossas cartas e nossos sentimentos, meu filho, são selados pelo gosto das alegrias eternas. Se for escrever, como desejo, o tempo e o espaço não seriam por mim respeitados na medida justa. Assim, pois, finalizarei aqui. Prossigo colaborando pela paz, pela saúde e pelo bom-ânimo de todos os nossos, para os quais continuo contando sempre com as preces de vocês todos.

Reunindo-os carinhosamente em meus braços de papai e de vovô, deixa-lhes um grande e forte abraço o companheiro de todos os dias e amigo de sempre que não os esquece,


A. Joviano


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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