1 Libório, depois da festa,
Chegou, reclamando em casa,
Cambaleava e gemia,
Mostrando os olhos em brasa…
2 Despejou-se numa cama,
Desvestiu-se sem cautela
E passou a vomitar
Saliva grossa e amarela.
3 Gritava com dor no ventre,
Dizia-se com tonteira,
O coração disparava
Com tremenda batedeira.
4 Excedeu-se na festa,
Devorando peixe assado,
Com batida de limão
Num grande copo de lado.
5 Depois comera cabrito,
Torresmo, chouriço e frango,
Sentindo-se entusiasmado,
Caiu, feliz, no fandango.
6 Cantou, dançou, batucou,
Tocando antiga viola,
Que trouxera resguardada
Por dentro de uma sacola…
7 Agora, clamava aos berros,
Ele, o touro e amigo forte,
Que não aguentava as dores,
Que via, de perto, a morte…
8 À noite, foi à sessão
Com o apoio de enfermeiro,
Queria ouvir o Irmão Júlio,
Seu guia e seu companheiro.
9 No momento da consulta
Disse o Libório: “Ah! irmão,
A doença me apanhou,
Vivo agora em provação…”
10 “Que diz o meu caro Guia?
Pois creio em sua virtude,
Necessito, quanto antes
Retomar minha saúde!…”
11 O Amigo Espiritual
Respondeu com gentileza:
— “Vi você, ontem, na festa,
Gostei de sua destreza.
12 “Tenha calma, irmão Libório,
Guarde a Fé, pense no Bem,
Deus é um Pai que nunca dorme,
Nem abandona a ninguém.
13 “Mas escute este rifão
Que ofereço ao seu amparo:
Quem a paca caro compra,
Pagará a paca caro.”
Jair Presente
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