1 O irmão Joaquim Benevente
Justamente nesse dia,
Amanhecera, animado,
Mostrando grande alegria.
2 Finalmente, ia encontrar
O prezado benfeitor
Que lhe escrevia, de longe,
Renovando-lhe o vigor.
3 Estava fazendo um lar
Que desse a toda criança,
Sozinha ou desamparada,
Paz, amor e segurança.
4 Pois, esse amigo distante
Faria do longe o perto;
Prometera visitá-lo
Em data e horário certo.
5 Além disso, o benfeitor,
Sempre ativo e sempre irmão,
Dissera-lhe em carta amiga
Que lhe traria um bilhão;
6 Um bilhão que o amparasse,
No serviço em andamento,
E Joaquim se organizara
Para abraçá-lo, a contento.
7 De ônibus, ia às compras…
Sentou-se, notando ao lado
Um homem de grande porte,
Idoso, forte e pesado.
8 Após minutos de calma,
Em aspirando o rapé,
O companheiro de banco,
Sem querer, pisou-lhe o pé…
9 Mas Joaquim trazia um calo
Com minguada paciência,
Um calo que lhe amargurava
Cada dia da existência.
10 Ao sentir-se machucado,
Entregou-se à irritação
E gritou, atarantado:
— “Tire o pé, “seu” gordalhão!…
11 “Infeliz, saia daqui,
Saia e vá para diante,
Não quero ter, ao meu lado,
O seu corpo de elefante…”
12 O homem rogou desculpas
E afastou-se, incontinente,
Cambaleou e seguiu,
Sentando-se mais à frente.
13 Joaquim comprou doces finos
Em nobre confeitaria,
Aguardando o benfeitor
Que, logo, o visitaria…
14 No horário, alguém bate à porta;
Joaquim corre a ver quem é…
Era o homem alto e forte
Que lhe pisara no pé.
15 O visitante sorriu,
Joaquim pediu-lhe perdão
Recebendo, envergonhado
A dádiva de um bilhão.
16 Mantendo nas próprias mãos
O cheque pleno de ensinos,
Pensava no grande ensejo
De serviço aos pequeninos.
17 Moral da história: quem queira
Obras de amor e valia,
Que cultive a tolerância
E cuide da cortesia.
Jair Presente
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