1 Asserena-te e vara a desventura
No caminho de dor, áspero e azedo;
Serenidade — o lúcido segredo
Em que a vida se eleva e transfigura.
2 Tudo cresce na força da brandura.
A água desgasta os punhos do rochedo;
Olha a chuva cantando no arvoredo,
A transfundir-se em pão, bondosa e pura.
3 De coração batido e lodo à face,
Inda que o fel da injúria te traspasse,
Semeia o bem que as mágoas alivia…
4 Mesmo trazendo o peito por cratera,
Suporta, ampara e crê, ajuda e espera,
Que amanhã será sempre novo dia.
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ANDRADINA América DE Andrada e OLIVEIRA — Poetisa, contista, romancista, iniciou sua vida literária, quase menina, conforme afirma sua filha Lola de Oliveira em Minha Mãe!, escrevendo em inúmeros periódicos sul-riograndenses. Foi também teatróloga e aplaudida conferencista. Professora pela Escola Normal de Porto Alegre, com distinção em todas as matérias, a poetisa de Folhas Mortas lecionou em cursos particulares, em várias cidades gaúchas, depois de nove anos dedicados ao magistério público. Fundou um jornal literário feminino, O Escrínio, mais tarde transformado em revista ilustrada, e formou, segundo Antônio Carlos Machado, entre as maiores feministas brasileiras de sua época. De 1920 até à sua desencarnação, residiu na capital paulista. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 12 de Junho de 1878 — S. Paulo, 19 de Junho de 1935.)
BIBLIOGRAFIA: Folhas Mortas; Preludiando, contos ; Cruz de Pérolas, contos; etc.
[1] As poesias de números ímpares foram recebidas pelo médium Francisco Cândido Xavier e as de números pares pelo médium Waldo Vieira. Dispomo-las assim, por sugestão dos Amigos Espirituais.
[2] onde. No Roteiro Literário do Brasil e de Portugal, vol. I, pág. 48, nota 5, lê-se: “onde: aonde. Nos melhores autores, antigos ou modernos, não se observa, em geral, a distinção entre onde e aonde que os gramáticos acham ser de rigor.”
[3] Ler com sinérese: crian-ça.