1 Vento gelado dá beijos traiçoeiros
Na face contraída do mundo
Com lábios de cadáveres insepultos.
As folhas do arvoredo, tiritantes de frio,
Sussurram gemidos lassos…
Os insetos enrouqueceram…
Trino cavo de pássaro doente
Dissoa tristura pelo espaço…
A Natureza hiberna no frigorífico da terra.
2 Aqui, no homem sem corpo, n
As algemas agrilhoantes do destino
Enroscam-se à mente sufocada.
Quanta aflição nas celas dos remorsos!
Coroa de espinhos
Dos atos que não foram feitos…
Galopeia o pensamento!
3 Aí, dos bastidores do silêncio,
Debulha a melodia mental
Galgando as montanhas de ar,
E fende as cinzas do céu…
Há revérberos de sorrisos
Chuviscando na amplidão!
Arco-íris em noite escura…
Primavera na invernia…
4 Chora perdão o Espírito amparado…
Gêiser de fé esfervilhando sensações,
Age a prece do bom
Entrando, em triunfo de amor,
Na Cidade dos Injustos… n
|