1 Reborbulha-me a ideia na cabeça…
Corre o sangue nas veias de meu pulso…
Os ouvidos, por mais que me estarreça,
Guardam consigo os sons que eu mesmo expulso… n
2 Minha imaginação brinca, travessa…
Respiro. É o peito meu, triste, convulso…
E a razão pede para que não desça
À sombra imensa de meu próprio impulso.
3 Fulgura-me a visão na luz dos olhos…
Meus pensamentos voam sem antolhos…
O coração prossegue imperativo…
4 Tenho fome de paz e de conforto!
Se ontem eu fora estranho vivo-morto,
Sou agora, em verdade, morto-vivo…
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[1] MOACIR de Toledo PIZA — Bacharel, em 1915, pela Faculdade de Direito de S. Paulo, colaborou na imprensa de S. Paulo e do Rio, “com incursões, frequentes e ilimitadas, ao epigrama e ao sarcasmo”. Mas, “apesar de toda essa aparência de mordacidade iconoclástica à flor da pele, era um sentimental e um lírico. Amigo cem por cento dos amigos” (L. C. de Melo, Dic. Aut. Paulistas, pág. 484-485). Foi redator do Estado de S. Paulo. Hilário Tácito, na apresentação à Vespeira, pág. III, afirma que “a crítica dos doutos consagrou o escritor paulista como digno de figurar entre os nossos mestres do gênero satírico”. (Sorocaba, Est. de S. Paulo, 19 de Abril de 1891 — S. Paulo, Est. de S. Paulo, 25 de Outubro de 1923.)
BIBLIOGRAFIA: Sátiras; Calabar, em colaboração com Juó Bananére; Vespeira; etc.
[2] Verso 4 - Conta R. Magalhães Júnior (Ant. Hum. e Sát., pág. 291) que o poeta foi vítima de uma paixão funesta, que o levou ao suicídio com arma de fogo.