1 A alma foge à cadeia… o corpo é a cela, n
Cova e grilhão de que me desenfurno.
Mas reconheço, humilde e taciturno:
Inda estou preso ao chão que me afivela…
2 O firmamento exibe a imensa umbela…
Descanso o olhar nos raios de Saturno…
Milhões de sóis brilhando, ao céu noturno,
São glórias de que a vida se constela…
3 O espaço, nos recôncavos profundos,
Eleva, aformoseia, ascende e prova n
A luz de que Deus guarda os dons supremos.
4 Mas, oh mistério! Em meio a tantos mundos,
Dá-nos a morte apenas veste nova
Para ingressar nos mundos que trazemos! n
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[1] EMÍLIO KEMP Larbeck — Depois de realizar seus estudos primários e secundários em Niterói, diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Paraná, em 1920. Jornalista, poeta, romancista e comediógrafo. Exerceu importantes cargos técnicos e administrativos em Porto Alegre. Assumiu a direção, em 1913, do tradicional Correio do Povo, dessa mesma cidade. No Rio de Janeiro, foi redator de alguns jornais e colaborou nas revistas simbolistas. Membro da extinta Academia de Letras do Rio Grande do Sul e da Academia Fluminense de Letras. Diz: A. Muricy (Pan. Mov. Simb. Bras., II, página 176) que E. Kemp era considerado “um dos melhores poetas do Rio Grande do Sul”. (Niterói, Estado do Rio, 9 de Outubro de 1873 n — Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 9 de Outubro de 1955.)
BIBLIOGRAFIA: Poesia; Matinal; Luz Suprema; Cantos de Amor ao Céu e à Terra; etc.
[2] Verso 1 - Cf. nota nº 1, pág. 44.
[3] Verso 10 - Observe-se a adequação dos verbos.
[4] Verso 14 - Sobre o esquema rimático, veja-se o soneto “Hora da morte” (in Andrade Muricy, Pan. Mov. Simb. Bras., II, pág. 177.)
[5] Emílio Kemp é natural do Estado do Rio de Janeiro, mas esteve vinculado, cerca de quarenta e cinco anos, à imprensa e às letras riograndenses. Se este ponto está plenamente confirmado, o mesmo não se pode dizer do ano de nascimento do poeta. A data por nós registada baseou-se em estudos e comparações que realizamos no Correio do Povo de 11 de Outubro de 1955, pág. 7; na obra Contemporâneos Inter-Americanos, redigida por E. Hirschowicz, pág. 507; no Colar de Pérolas, de A. Gonçalves, pág. CIX; e no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, de 12 de Outubro de 1955, seção que regista os falecimentos.