1 Quem soubesse quão venenoso é o conteúdo de fel a tisnar o cálice da aversão, decerto compreenderia que todo golpe da crueldade não é senão desafio à nossa capacidade de entendimento.
2 Quem soubesse da trama de sombra que freme, perturbadora, em torno da palavra infeliz que profere na crítica à vida alheia, preferiria amargar no silêncio as feridas da mágoa, esperando que o tempo lhes ofereça a necessária medicação.
3 Quem soubesse da quantidade de crimes, oriundos da revolta e da queixa, escolheria suportar toda espécie de sofrimento, antes que reclamar consideração e justiça, em seu próprio favor.
4 Quem soubesse da multidão de males que a vingança provoca, esqueceria sem custo os braseiros de dor que a calúnia lhe arremessa à existência.
5 Tenhamos em mente que o ódio é o grande fornecedor das prisões e de que a cólera é responsável por grande parte das doenças que infelicitam a Humanidade e guarda o coração na grande paciência, se te propões conservar em ti mesmo o tesouro da paz e a bênção da segurança.
6 Ainda mesmo que alguém te ameace com o gládio da morte, desculpa e segue adiante, porque as vítimas ajustadas aos trilhos do Bem Eterno elevam-se de nível, 7 ao passo que os ofensores, ainda quando se mostrem como sendo os aparentemente mais dignos, descem aos precipícios do tempo, para o acerto reparador.
8 De qualquer modo, se a ofensa te procura, cala e perdoa sempre, porque se o Mestre nos exortou ao amor pelos inimigos, ( † ) também nos advertiu que a mão erguida à delinquência da espada, agora, hoje ou amanhã, através da espada se ferirá. ( † )
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original publicada em 1969 pela CEC e é a 34ª lição do
livro “Passos da vida.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.