1.
Atingíramos largo recinto construído à feição de um pátio interior de
proporções corretas e amplas.
2 Tive a ideia de penetrar
em enorme átrio, algo semelhante a certas estações ferroviárias terrestres,
porque nas acomodações marginais, caprichosamente dispostas, se encontravam
dezenas de entidades em franca expectativa.
3 A dizer verdade, não vi
sinais de alegria completa em rosto algum.
Os grupos variados, alguns deles em discreto entendimento, dividiam-se entre a preocupação e a tristeza.
4 De passagem, podíamos ouvir
diálogos diferentes.
Em círculo reduzido, registamos frases como estas:
— Acreditas possa ela, agora, devotar-se à mudança justa?
— Dificilmente. Centradizou-se, por muito tempo, no descontrole da própria vida.
5 Mais além, escutamos dos
lábios de uma senhora que se dirigia a um rapaz de agoniado semblante:
— Meu filho, guarde serenidade. Segundo informações do Assistente Cláudio, seu pai não virá em condições de reconhecer-nos. Precisará muito tempo para retornar a si.
6 Em trânsito, não assinalava
senão alguns retalhos de conversação como esses.
A certa altura, na praça em movimentação, Druso, generoso, confiou-nos aos cuidados de Silas, mencionando obrigações urgentes que lhe absorveriam a atenção.
Encontrar-nos-íamos no dia seguinte, informou.
7 A promessa gentil obrigou-me
a considerar o aspecto do tempo.
Pela sombra reinante, não poderíamos saber se era dia, se era noite.
Por isso, o grande relógio, ali existente, com largo mostrador abrangendo as vinte e quatro horas, funcionou aos meus olhos como a bússola para o viajante, deixando-me perceber que estávamos em noite alta. n
8 Sons de campanas invisíveis
cortavam agora o ar e, assinalando-nos a curiosidade, Silas esclareceu
que a caravana-comboio penetraria no recinto em alguns minutos.
Aproveitei os momentos para indagações que julguei necessárias.
9 Que espécie de criaturas
aguardávamos, ali? Recém-desencarnados em que condições? Como se organizaria
a caravana-comboio? Vinha diariamente à instituição atendendo a horário
certo?
10 O companheiro,
que se dispusera a assistir-nos, informou que as entidades prestes a
entrarem integravam uma equipe de dezenove pessoas, acompanhadas por
dez servidores da casa, que lhes orientavam a excursão, tratando-se
de recém-desencarnados em posição de desequilíbrio, mas credores de imediata
assistência, de vez que não se achavam em desesperação, nem se haviam
comprometido de todo com as forças dominantes nas trevas. 11
Notificou, ainda, que a caravana se constituía de trabalhadores especializados,
sob a chefia de um Atendente, e que viajavam com simplicidade, sem carros
de estilo, apenas conduzindo o material indispensável à locomoção no
pesado ambiente das sombras, auxiliados por alguns cães inteligentes
e prestimosos.
12 A Mansão contava com dois
grupos dessa natureza.
Diariamente um deles atingia aquele domicílio de reajuste, revezando-se no piedoso mister socorrista.
Entretanto, — aclarou, — não possuíam horário certo para a chegada, de vez
que a peregrinação, pelos domínios das trevas, obedecia comumente a
fatores circunstanciais.
13 Mal terminara o interlocutor
e a expedição penetrava o enorme átrio.
Os cooperadores responsáveis exibiam calma perfeita, embora alguns deles evidenciassem funda preocupação no olhar.
Os recolhidos, no entanto, exceção de cinco que vinham de maca, desmemoriados e dormentes, revelavam perturbações manifestas que, em alguns, se expressavam por loucura desagradável, se bem que pacífica.
14 Enquanto os enfermeiros
se desvelavam em ajudá-los, carinhosos e atentos, e os cães se deitavam,
extenuados, aqueles seres recém-chegados falavam e reclamavam, demonstrando
absoluta ausência mental da realidade e provocando piedade e constrangimento.
15 Silas convidou-nos à movimentação.
Efetivamente, cabia-nos algo fazer na cooperação.
O chefe da caravana aproximou-se de nós e o Assistente no-lo apresentou num gesto amigo.
Era o Atendente Macedo, valoroso condutor de tarefas socorristas.
16 Afeiçoados e parentes dos
recém-vindos cercavam-nos, agora, com expressões de alegria e sofrimento.
Algumas senhoras que vira, antes, em ansiosa expectativa, derramavam lágrimas discretas.
17 Notei que as criaturas recém-desligadas
do corpo denso, conturbadas qual se achavam, traziam consigo todos os
sinais das moléstias que lhes haviam imposto a desencarnação.
Ligeiro exame clínico poderia sem dúvida favorecer a leitura da diagnose individual.
18 Dama simpática abeirara-se
de uma jovem senhora que vinha amparada pela ternura de uma das enfermeiras
da instituição, e, abraçando-a, chorava sem palavras. A moça recém-liberta
recebia-lhe os carinhos, rogando, comovente:
— Não me deixem morrer!… Não me deixem morrer!…
19 Mostrando-se enclausurada
na lembrança dos momentos derradeiros no corpo terrestre, de olhos torturados
e lacrimosos, avançou para Silas, exclamando:
— Padre! Padre, deixa cair sobre mim a bênção da extrema-unção; contudo,
afasta de minhalma a foice da morte!… 20
Tentei apagar minha falta na fonte da caridade para com os desprotegidos
da sorte, mas a ingratidão, praticada com minha mãe, fala muito alto
em minha consciência infeliz!… Ah! Por que o orgulho me encegueceu,
assim tanto, a ponto de condená-la à miséria?!… Por que não possuía
eu, há vinte anos, a compreensão que tenho agora? 21
Pobrezinha, meu padre! Lembra-se dela? Era uma atriz humilde que me
criou com imensa doçura!… Concentrou em mim a existência… Da ribalta
festiva, desceu a rude labor doméstico para conquistar nosso pão… Tinha
a sociedade contra ela, e meu pai, sem ânimo de lutar pela felicidade
de todos nós, deixou-a arrastar-se na extrema pobreza, acovardado e
infiel aos compromissos que livremente assumira…
22 A infortunada criatura fez
ligeiro interregno, misturando as próprias lágrimas com as da nobre
matrona que a conchegava de encontro ao peito e, de mente aprisionada
à confissão que fizera “in extremis”, continuou qual se tivesse o sacerdote
ao pé de si:
23 — Padre, perdoe-me,
em nome de Jesus, entretanto, quando me vi jovem a senhora do vultoso
dote que meu pai me conferira, envergonhei-me do anjo maternal que sobre
os meus dias estendera as brancas asas e, aliando-me ao homem vaidoso
que desposei, expulsei-a de nossa casa!… Oh! ainda sinto o frio daquela
terrível noite de adeus!… Atirei-lhe ao rosto frases cruéis… Para justificar
minha vileza de coração, caluniei-a sem piedade!… Pretendendo elevar-me
no conceito do homem que desposara, menti que ela não era minha mãe!
Apontei-a como ladra comum que me roubara ao nascer!… Lembro-me do olhar
de dor e compaixão que me lançou ao despedir-se… Não se queixou, nem
reagiu… Apenas contemplou-me, tristemente, com os olhos túrgidos de
chorar!…
24 Nessa altura, a dama que
a sustentava afagou-lhe os cabelos em desalinho e buscou reconfortá-la:
— Não se excite. Descanse… Descanse…
— Ah! Que voz é esta? — Bradou a moça a desvairar-se de angústia.
E, tateando as mãos afetuosas que lhe acariciavam as faces, exclamou,
sem vê-las:
— Oh! Padre, dir-se-ia que ela se encontra aqui, junto de mim!…
25 E, voltando, para o alto
os olhos parados e súplices, rogava em pranto:
— Ó Deus, não me deixeis encontrá-la, sem que pague os meus débitos!… Senhor,
compadecei-vos de mim, pecadora que vos ofendi, humilhando e ferindo
a amorosa mãe que me destes!…
Com o auxílio de duas enfermeiras, porém, a simpática senhora que a
acalentava situou-a em leito portátil e fê-la emudecer, à força de inexcedível
ternura.
26 Percebendo-me a emotividade,
Silas, depois de amparar o serviço de acomodação da doente, explicou:
— A dama generosa que a recolheu nos braços é a genitora que veio ao encontro da filha.
— Que nos diz?! — Exclamou Hilário, assombrado. — Sim, acompanhá-la-á, carinhosamente,
sem identificar-se, para que a pobre desencarnada não sofra abalos prejudiciais.
O traumatismo perispirítico vale por muito tempo de desequilíbrio e
aflição.
27 — E por que motivo
teria a doente decidido confessar-se, dessa maneira? — Perguntou meu
colega, intrigado.
— É fenômeno comum, — elucidou o Assistente. As faculdades mentais de nossa
irmã sofredora estagnaram-se no remorso, em razão do delito máximo de
sua existência última, e, desde que foi mais intensamente tocada pelas
reflexões da morte, entregou-se, de modo total, a semelhantes reminiscências.
Por haver cultivado a fé católica romana, imagina-se ainda diante do
sacerdote, acusando-se pela falta que lhe maculou a vida…
O espetáculo ferira-me, fundo.
28 A rudeza do quadro que a
verdade me oferecia obrigava-me a dolorida meditação.
Não havia, então, males ocultos na Terra!…
Todos os crimes e todas as falhas da criatura humana as revelariam algum dia, em algum lugar!…
29 Silas entendeu a amargura
de minhas reflexões e veio em meu socorro, observando:
— Sim, meu amigo, você repara com acerto. A Criação de Deus é gloriosa luz. Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que a mácula seja lavada por nós mesmos, com o suor do trabalho ou com o pranto da expiação…
30 E ante os apelos agoniados
e afetivos nos reencontros a se processarem, ali, sob nossos olhos,
em que filhos e pais, esposos e amigos se reaproximavam uns dos outros,
o Assistente acrescentou:
— Geralmente a estas plagas de inquietação aportam aqueles que trouxeram mais amplas faixas de inferno em si mesmos, cristalizando-se em perigosas
ilusões, mas a Bondade Infinita do Senhor permite que as vítimas edificadas
no entendimento e no perdão se transformem, felizes, em abnegados cireneus
dos antigos verdugos. 31
Como é fácil verificar, o incomensurável amor de nosso Pai Celeste cobre,
não somente os territórios glorificados do paraíso, mas também as províncias
atormentadas do inferno que criamos…
32 Pobre mulher prorrompeu
em choro convulso, junto de nós, cortando a palavra de nosso amigo.
De punhos cerrados, reclamava a infeliz:
— Quem me libertará de Satã? Quem me livrará do poder das trevas? Santos anjos,
socorrei-me! Socorrei-me contra o temível Belfegor!…
33 Silas convocou-nos ao amparo
magnético imediato.
Enfermeiros presentes acorreram, solícitos, impedindo o agravamento da crise.
— Maldito! Maldito!… — Repetia a demente, persignando-se.
Invocando o socorro divino, através da oração, procurei anular-lhe
os movimentos desordenados, adormecendo-a pouco a pouco.
34 Asserenado o ambiente,
convidou-nos Silas a sondar-lhe a mente conturbada, agora sob o império
de profunda hipnose.
Busquei pesquisar-lhe a desarmonia em rápido processo de análise mental, e verifiquei, espantado, que a pobre amiga era portadora de pensamentos horripilantes.
35 Como que a se lhe enraizar
no cérebro, via escapar-lhe do campo íntimo a figura animalesca de um
homem agigantado, de longa cauda, com a fisionomia de um caprino degenerado,
exibindo pés em forma de garras e ostentando dois chifres, a sentar-se numa
cadeira tosca, qual se vivesse em perfeita simbiose com a infortunada
criatura, em mútua imanização.
36 Diante da minha pergunta
silenciosa, o Assistente informou:
— É um clichê mental, criado e nutrido por ela mesma. 37
As ideias macabras da magia aviltante, quais sejam as da bruxaria e
do demonismo que as igrejas denominadas cristãs propagam, a pretexto
de combatê-los, mantendo, crendices e superstições, ao preço de conjurações
e exorcismos, geram imagens como esta, a se difundirem nos cérebros
fracos e desprevenidos, estabelecendo epidemias de pavor alucinatório.
38 As Inteligências
desencarnadas, entregues à perversão, valem-se desses quadros mal contornados
que a literatura feiticista ou a pregação invigilante distribuem na
Terra, a mancheias, e imprimem-lhes temporária vitalidade, assim como
um artista do lápis se aproveita dos debuxos de uma criança, tomando-os
por base dos desenhos seguros com que passa a impressionar o ânimo infantil.
39 O apontamento
se me deparava como oportuna chave para a solução de muitos enigmas
no capítulo da obsessão, em que os doentes começam atormentando a si
mesmos e acabam atormentados por seres que se afinam com o desequilíbrio
que lhes é próprio.
40 Hilário, que observava atentamente
o duelo íntimo entre a enferma prostrada e a forma-pensamento que se
lhe superpunha à cabeça, falou comovido:
— Lembro-me de haver manuseado, há muitos anos, na Terra, um livro da autoria de Collin de Plancy, aprovado pelo arcebispo de Paris, trazendo a descrição minuciosa de diversos demônios, e creio haver visto uma figura gravada nessa obra, semelhante à que temos sob nossa direta observação.
41 Silas adiantou, confirmando:
— Isso mesmo. É o demônio Belfegor, segundo as anotações de Jean Weier, que imprevidentes autoridades da Igreja permitiram se espalhasse nos círculos católicos. Conhecemos o livro a que se refere. Tem criado empecilhos tremendos a milhares de criaturas que inadvertidamente acolhem tais símbolos de Satanás, oferecendo-os a Espíritos bestializados que os aproveitam para formar terríveis processos de fascinação e possessão.
42 Refletia quanto ao problema
dos moldes mentais na vida de cada um de nós, quando o Assistente, certo
me surpreendendo a indagação, acentuou bem-humorado:
— Aqui, é fácil reconhecer que cada coração edifica o inferno em que se aprisiona, de acordo com as próprias obras. Assim, temos conosco os diabos que desejamos, segundo o figurino escolhido ou modelado por nós mesmos.
43 O serviço assistencial,
porém, exigia cautelosa atenção e, por isso, removemos a enferma para
o aposento limpo e bem-posto que a esperava.
2.
Decorridos alguns minutos, voltamos ao átrio, então descongestionado
e silencioso.
Apenas algumas sentinelas da noite velavam, infatigáveis e atentas.
2 Os tormentos entrevistos
compeliam-me a pensar. Muito já estudara acerca de pensamento e fixação
mental, todavia, a angústia daquelas almas recém-desencarnadas me infundia
compaixão e quase terror.
3 Confiei ao amigo que nos
acompanhava, bondoso, a indefinível tortura de que me via objeto e o
Assistente esclareceu com sabedoria:
— Em verdade, estamos ainda longe de conhecer todo o poder criador e aglutinante encerrado no pensamento puro e simples, e, em razão disso, tudo devemos fazer por libertar os entes humanos de todas as expressões perturbadoras da vida íntima. Tudo o que nos escravize à ignorância e à miséria, à preguiça e ao egoísmo, à crueldade e ao crime é fortalecimento da treva contra a luz e do inferno contra o Céu.
4 E talvez porque
desejasse ardentemente mais alguma anotação em torno do transcendente
assunto, Silas ajuntou:
— Recorda-se de haver lido alguma memória alusiva às primeiras experiências
de Marconi, nos albores do telégrafo sem fio?
— Sim, — respondi, — lembro-me de que o sábio, ainda muito jovem, se consagrou
ao estudo das observações de Henrique Hertz, o grande engenheiro alemão
que realizou importantes experiências sobre as ondulações elétricas,
comprovando as teorias da identidade da transmissão entre a eletricidade,
a luz e o calor irradiante, e sei que, certa feita, tomando-lhe o oscilador
e conjugando-o com a antena de Popoff e com o receptor de Branly, no
jardim da casa paterna, conseguiu transmitir sem fio os sinais do alfabeto
Morse. Mas… que tem isso a ver com o pensamento?
5 O Assistente sorriu e falou:
— A referência é significativa para as nossas considerações. Além dela, volvamos à televisão, uma das maravilhas da atualidade terrestre…
6 E acrescentou:
— Reporto-me ao assunto para lembrar que na radiofonia e na televisão
os elétrons que carreiam as modulações da palavra e os elementos da
imagem se deslocam no espaço com velocidade igual à da luz, ou seja,
a trezentos mil quilômetros por segundo. Ora, num só local podem funcionar
um posto de emissão e outro de recepção, compreendendo-se que, num segundo,
as palavras e as imagens podem ser irradiadas e captadas, simultaneamente,
depois de atravessarem imensos domínios do espaço, em fração infinitesimal
de tempo. 7 Imaginemos
agora o pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a da
luz. Emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos
a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, que
naturalmente se nos fixam no Espírito quando alimentadas pelo combustível
de nosso desejo ou de nossa atenção. 8
Daí, a necessidade imperiosa de nos situarmos nos ideais mais nobres
e nos propósitos mais puros da vida, porque energias atraem energias
da mesma natureza, e, quando estacionários na viciação ou na sombra,
as forças mentais que exteriorizamos retornam ao nosso Espírito, reanimadas
e intensificadas pelos elementos que com elas se harmonizam, engrossando,
dessa forma, as grades da prisão em que nos detemos irrefletidamente,
convertendo-se-nos a alma num mundo fechado, em que as vozes e os quadros
de nossos próprios pensamentos, acrescidos pelas sugestões daqueles
que se ajustam ao nosso modo de ser, nos impõem reiteradas alucinações,
anulando-nos, de modo temporário, os sentidos sutis.
9 E, depois de ligeira pausa,
concluiu:
— Eis por que, efetuada a supressão do corpo somático, no fenômeno vulgar da morte, a criatura desencarnada, movimentando-se num veículo mais plástico e influenciável, pode permanecer longo tempo sob o cativeiro de suas criações menos construtivas, detendo-se em largas faixas de sofrimento e ilusão com aqueles que lhe vivem os mesmos enganos e pesadelos.
10 A explicação não podia ser
mais clara.
Calamo-nos, Hilário e eu, dominados por igual sentimento de respeito e reflexão.
Silas percebeu-nos a atitude interior e generosamente convidou-nos ao descanso em que, por algumas horas, conseguiríamos repousar e… pensar.
André Luiz
[1] Reportamo-nos a regiões encravadas nos domínios do próprio globo terrestre, submetidas às mesmas leis que lhe regulam o tempo. — (Nota do Autor espiritual.)