O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Amor e Luz — 2ª Parte — Testemunhos diversos


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Maria Perrone

Rua Emílio Malletti, 244 - São Paulo - SP.
WALTER PERRONE — Nascimento: 4.7.1950 — Desencarne: 14.2.1974 — Parentesco: Filho.

“… se todos pudessem viver…”


Perdoem-me a maneira de iniciar estas linhas, mas meu filho Walter Perrone, uma semana antes de desencarnar, presenteou-me com um livro espírita “Entre Duas Vidas”, sabendo, inclusive, que eu talvez não o lesse, por não mostrar nenhum interesse pela Doutrina Espírita. Nessa semana falou muito em Francisco Cândido Xavier, mostrando grande interesse em conhecê-lo. Agiu como se me estivesse mostrando que iríamos, dias após, ficar mesmo entre duas vidas.

Três meses passados de sua partida, necessitei ser internada, em consequência do meu descontrole emocional. Fui encaminhada para uma casa de saúde. No Hospital Santa Helena. Certa feita quando voltávamos de Campinas, paramos um pouco no Restaurante Lago Azul. Casualmente, Francisco Cândido Xavier estava lá. Meu filho Carlos avistando-o disse-me: “Mamãe, olhe quem está ali, o Chico Xavier.”

Imediatamente, fui ao seu encontro. Não tive oportunidade de contar nada do que se passava comigo. Foi um contato muito rápido. Ele já estava de saída. Entrou no carro e partiu.

Nunca tinha visto Chico Xavier pessoalmente. Conheci-o através do Programa “Pinga-Fogo”, que, aliás, achei muito interessante. Suas palavras naquela noite tocaram-me profundamente. Achei-o demais ponderado e equilibrado.

Passados seis meses do desencarne do Walter, mandei celebrar uma missa à sua alma. Fui para casa. Chorava muito. Era como se ele tivesse morrido naquele dia. Um sobrinho veio visitar-me e contou ter sonhado com Walter, que dizia estar muito bem e que viria visitar sua velhinha.

Aquelas palavras soaram como um convite a procurarmos Chico. Com muita ansiedade, ainda naquele dia, saí a procura de uma amiga, a Sra. Célia de Carvalho.

Convidei-a para me acompanhar até Uberaba. Aceitou e fomos.

Em Uberaba, sozinhas, indaguei onde ficava o Centro de Chico Xavier e fomos para lá. Algumas pessoas, em fila, estavam sendo atendidas por ele. Informei-me e aguardamos. Não consegui falar-lhe. Estava ansiosa. Minha amiga, conversando com uma das senhoras presentes, soube que o Chico logo entraria para o receituário. Aflita com isso, acabou por atrair a atenção de pessoas que informaram o Chico. Voltando-se para nós, chamou-nos para que sentássemos à mesa. Com esse acontecimento, tive a certeza de que conseguiria sua palavra.

Não conhecia e nem sabia da existência da psicografia. Via as pessoas anotarem seus nomes. Estranhava tudo aquilo.

Falava comigo mesma: “Hoje em dia tudo se paga. Certamente terei que pagar.” Perguntei a uma pessoa sentada ao meu lado, se teria que pagar alguma coisa. A moça estranhou, respondendo que não. Estávamos num trabalho espiritual. Nesse tempo, Chico voltou e iniciou a psicografia.

Estava sentada quase à sua frente, convicta de que ele iria dar-me sua palavra. Via-o escrever, mas não imaginava o que era aquilo. Falei a um rapaz que estava perto de mim e ele esclareceu-me. Chico iniciou a leitura da mensagem.

Fiquei atenta e quando foi lido “Querida mãezinha”, arrepiei-me toda e algo me dizia que era o Walter. Cresceu-me a certeza.

Não me contive e comentei com a moça ao lado:
— “Tenho certeza que é de meu filho.” Era mesmo. Era verdade.

Foi o meu primeiro sorriso desde a sua morte.

Entre lágrimas falei à minha amiga:
— “Aconteça o que acontecer, sei que Walter não se esqueceu de mim.”

Desse momento em diante, comecei a aceitar a Doutrina Espírita.

No segundo encontro, em casa, senti a presença do Walter. Desta vez, com algum conhecimento pela experiência da primeira reunião, convidei minha filha Soninha, para que me acompanhasse a Uberaba. Recebi outra mensagem, muito bonita e bem extensa, que permitiu inclusive uma identificação com o Espírito de Walter, pela revelação de dados desconhecidos pelo Chico.

O Hospital Santa Helena, por exemplo, onde ele diz “…foi o primeiro socorro para tirar a mãezinha daquele estado depressivo…” a menção da Mariazinha, mãe de um seu colega, meu sogro, irmão, irmã, filho, esposa e a referência aos médicos da família.

Fiquei perguntando a mim mesma, como era possível tudo aquilo, porque na hora da reunião não tinha outros pensamentos a não ser para o Walter. Admirava-me cada vez mais, pois não conhecia ninguém em Uberaba, não havia trocado palavras com qualquer pessoa.

Lembrei-me quando meu sobrinho falou-me do sonho. Meu sentimento foi de que Walter esperava-me lá. Comecei a ligar os fatos e percebi a afinidade que desde criança tinha comigo. Era profundamente carinhoso e dizia sempre que queria morrer antes de mim, pois não suportaria ver-me partir.

Hoje encontro-me dentro da Doutrina Espírita, interessando-me na leitura de seus livros. Por tudo isso, dou graças a Francisco Cândido Xavier.

Certo dia, perguntei-lhe o que poderia fazer por ele, já que nada pede. Ele respondeu: “Se a senhora puder confortar as outras mães, me fará bastante feliz.” É o que eu tenho tentado fazer.

Minha filha Soninha, que tem me acompanhado sempre a Uberaba, não acreditou na primeira mensagem. Achava que aquilo era balela, não acreditava em Espiritismo. Acontece que na segunda vez que lá esteve, Soninha quis, inclusive, fazer um teste, ficando longe de Chico. Ele não a conhecia. Ela ficou perplexa quando ele a chamou pelo nome, pedindo que se acercasse de nós. Outro ponto que a deixou boquiaberta, foi quando Chico psicografava a segunda mensagem de meu filho e, querendo saber se era dele mesmo, mentalizou um problema particular seu, aguardando orientação. A resposta veio. Hoje, Soninha tem verdadeira admiração por Chico.

Grande parte de pessoas do nosso relacionamento, de formação católica, como fôramos também, pois hoje adotamos o Espiritismo como Doutrina, sentem a influência benéfica de suas mensagens.

Eu e minha família muito devemos ao Chico, pela paz, segurança e reencontro conosco mesmo, recebidos através do seu carinho e das mensagens de que tem sido portador.

Acho que se todos pudessem viver um pouco do que vive e exemplifica Francisco Cândido Xavier, o mundo seria bem melhor.


Maria D. Perrone


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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