O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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A China Milenária

(Sumário)

1. A China.


1 Depois de nossas divagações acerca da raça branca, que se constituía dos antigos árias no ambiente da Terra, é justo examinarmos a árvore mais antiga das civilizações terrestres, a fim de observarmos a assistência carinhosa e constante do Divino Mestre para com todas as criaturas de Deus.

2 Inegavelmente, o mais prístino foco de todos os surtos evolutivos do globo é a China milenária, com o seu espírito valoroso e resignado, mas sem rumo certo nas estradas da edificação geral.

3 Quando se verificou a chegada das almas proscritas do sistema da Capela,  †  em épocas remotíssimas, já a existência chinesa contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos. 4 Suas tradições já andavam de geração em geração, construindo as obras do porvir. Daí se infere que, de fato, a história da China remonta a épocas remotíssimas, no seu passado multimilenário, 5 e esse povo, que deixa agora entrever uma certa estagnação nos seus valores evolutivos, sempre foi igualmente acompanhado na sua marcha por aquela misericórdia infinita que, do Céu, envolve todos os corações que mourejam na Terra.


 2. A cristalização das ideias chinesas. n


1 A cristalização das ideias chinesas advém, simplesmente, desse insulamento voluntário que prejudicou, nas mesmas circunstâncias, o espírito da Índia, apesar da fascinante beleza das suas tradições e dos seus ensinos.

2 É que a civilização e o progresso, como a própria vida, dependem das trocas incessantes. 3 O Universo, na sua constituição maravilhosa, não criou nem sanciona leis de isolamento na comunidade eterna dos mundos e dos seres. 4 A existência é uma longa escada, na qual todas as almas devem dar-se as mãos, na subida para o conhecimento e para Deus. 5 Enquanto a família indo-europeia errava no desconhecido, assimilando as expressões das tribos encontradas, em longas iniciativas de construção e trabalho, os arianos da Índia estacionaram no repouso de suas tradições, apresentando-se, no curso do tempo, as mais prestigiosas lições de experiência para a alma dos povos. 6 E agora, quando os israelitas são chamados por forças poderosas ao deslocamento no seio das nações, a fim de aprenderem mais intimamente a doce lição da fraternidade e do amor universal, renovando a fibra da sua fé a caminho da perfeita compreensão do Cristo, a China é também convocada, pelas transformações do século, à grande lição do entrelaçamento da comunidade planetária, a fim de ensinar as suas virtudes e aprender as virtudes dos outros povos.

7 É em razão de sua obstinada resistência, que a ideia chinesa estagnou-se na marcha do tempo, embora, nestas despretensiosas observações, sejamos dos primeiros a reconhecer a grandeza de suas elevadas expressões espirituais.


 3. Fo-Hi.


1 Jesus, na sua proteção e na sua misericórdia, desde os tempos mais distantes enviou seus missionários àqueles agrupamentos de criaturas que se organizavam, econômica e politicamente, entre as coletividades primárias da Terra.

2 As raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre aqueles povos já se ouviam grandes ensinamentos do Plano Espiritual, de sumo interesse para a direção e solução de todos os problemas da vida.

3 A História não vos fala de outros, antes do grande Fo-Hi,  †  que foi o compilador de suas ciências religiosas, nos seus trigramas duplos, que passaram do pretérito remotíssimo aos estudos da posteridade.

4 Fo-Hi refere-se, no seu “Y-King”, n  †  aos grandes sábios que o antecederam no penoso caminho das aquisições de conhecimento espiritual.  5 Seus símbolos representam os característicos de uma ciência altamente evoluída, revelando ensinamentos de grande pureza e da mais avançada metafísica.

6 Em seguida a esse grande missionário do povo chinês, o Divino Mestre envia-lhe a palavra de Confúcio ou Kung-Fu-Tse, cinco séculos antes da sua vinda, preparando os caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grécia, Roma e outros centros adiantados do planeta, enviando-lhes elevados Espíritos da ciência, da religião e da filosofia, algum tempo antes da sua palavra mirífica, a fim de que a Humanidade estivesse preparada para a aceitação dos seus ensinos.


 4. Confúcio e Lao-Tsé.


1 Confúcio, na qualidade de missionário do Cristo, teve de saturar-se de todas as tradições chinesas, aceitar as circunstâncias imperiosas do meio, de modo a beneficiar o país na medida de suas possibilidades de compreensão. 2 Ele faz ressurgir os ensinamentos de Lao-Tsé, que fora, por sua vez, um elevado mensageiro do Senhor para as raças amarelas.  3 Suas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral. 4 No “Kan-Ing”,  †  de Lao-Tsé, eis algumas de suas afirmações que nada ficam a dever aos vossos conhecimentos e exposições do moderno pensamento religioso: — “O Senhor dos Céus é bom e generoso, e o homem sábio é um pouco de suas manifestações. Na estrada da inspiração, eles caminham juntos e o sábio recebe as ideias dele, que enchem a vida de alegria e de bens.”

5 Lao-Tsé, de cujos ensinamentos Confúcio fez questão de formar a base dos seus princípios, viveu seis séculos antes do advento do Senhor, e, em face dessa filosofia religiosa, avançada e superior, somos obrigados a reconhecer a prodigalidade da misericórdia de Jesus, enviando os seus porta-vozes a todos os pontos da Terra, com o objetivo de fazer desabrochar na alma das massas a melhor compreensão do seu Evangelho de Verdade e de Amor, que o mundo, entretanto, ainda não compreendeu, não obstante todos os seus sacrifícios.


 5. O Nirvana.


1 Para fundamentarmos devidamente a nossa opinião, relativa à estagnação do espírito chinês, examinemos ainda as suas interessantes e elevadas concepções religiosas.

2 De um modo geral, é o culto dos antepassados o princípio da sua fé. Esse culto, cotidiano e perseverante, é a base da sua crença na imortalidade, porquanto de suas manifestações ressaltam as provas diárias da sobrevivência. 3 As relações com o Plano Invisível constituem um fenômeno comum, associado à existência do indivíduo mais obscuro. 4 A ideia da necessidade de aperfeiçoamento espiritual é latente em todos os corações, mas o desvio inerente à compreensão do Nirvana é aí, como em numerosas correntes do budismo, um obstáculo ao progresso geral.

5 O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas, deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos evolutivos; mas nunca como sinônimo de imperturbável quietude ou beatífica realização do não-ser. 6 A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das trocas incessantes no seio da Natureza Visível e Invisível. Sua manutenção depende da atividade de todos os mundos e de todos os seres.  7 Cada individualidade, na prova, como na redenção, no esforço terreno, como na glória divina, tem uma função definida de trabalho e de elevação dos seus valores próprios.  8 Os que aprenderam os bens da vida e aqueles que os ensinam com amor, multiplicam na Terra e nos Céus os dons infinitos de Deus.


 6. A China atual.


1 A falsa interpretação do Nirvana atormentou as elevadas possibilidades criadoras do espírito chinês, cristalizou-lhe as concepções e paralisou-lhe a marcha para as grandes conquistas.

2 É certo que essas conquistas não consistem nas metralhadoras e nas bombardas da civilização do Ocidente, cheia de comodidades multifárias, mas aqui me refiro à incompreensão geral acerca da lição sublime do Cristo e dos seus enviados.

3 A China, como os outros povos do mundo, tem de esmar neste século os valores obtidos na sua caminhada longa e penosa.

4 Com estas palavras, não acreditemos que a invasão japonesa, na sua incrível agressividade, esteja tocada de uma sanção divina. O Japão poderá realizar, na grande república, todas as conquistas materiais; usando a psicologia dos conquistadores, poderá melhorar as condições sanitárias do povo, rasgar estradas e multiplicar escolas; mas não amortecerá a energia perseverante do espírito chinês, valoroso e resignado, que poderá até ceder-lhe as próprias rédeas do governo, enchendo-o de fortuna, de suntuosidade e de honrarias, sem desprestígio do seu próprio valor, porquanto a China milenária sabe que os espíritos de rapina embriagam-se facilmente com o vinho de sangue do triunfo, e tão logo o luxo lhes amoleça as fibras da desesperação, todas as vitórias voltam, automaticamente, à reflexão, ao raciocínio, à cultura e à inteligência.

5 O que se faz necessário examinar é o estado de estagnação da alma chinesa nestes últimos séculos, para concluirmos pela sua necessidade imperiosa de comungar no banquete de fraternidade dos outros povos.


 7. A edificação do Evangelho.


1 É verdade que a palavra direta do Cristo, consubstanciada no seu Evangelho, ainda não chegou até lá de um modo geral, aclarando o caminho de todos os corações, mas um sopro de vida romperá as sombras milenárias que caíram sobre a república chinesa, onde milhões de almas repousam, indevidamente, na falsa compreensão do Nirvana e do Absoluto.  2 Mãos valorosas erguerão o monumento evangélico naquele mundo de dolorosas antiguidades, e um novo dia raiará para a grande nação que se tornou em símbolo de paciência e de perseverança, para os outros povos.

3 Esperemos a providência d’Aquele que guarda em suas mãos augustas e misericordiosas a direção do mundo.

4 “Bem-aventurados os pacíficos, os aflitos, os humildes.”  ( † )
E as suas palavras mansas e carinhosas nos fazem lembrar a China milenária, que, amando a paz, sofre agora o insulto das forças tenebrosas da ambição, da injustiça e da iniquidade.


Emmanuel



[1] No índice o subtítulo está no plural, mas no corpo do livro impresso: “A cristalização da ideia chinesa.”


[2] [Ver também: Y-King, o Livro das Mutações.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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