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O Evangelho segundo S. Mateus

(Vulgata Clementina)

CAPÍTULO 13

(Versículos e sumário)

 Parábolas do Reino. Parábola do semeador  † 

Mc = Lc


13 Naquele dia saindo Jesus de casa, sentou-se à borda do mar.

2 Vieram para ele muitas gentes, de tal sorte que entrando numa barca se assentou; e toda a gente estava de pé na ribeira.

3 E lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis-aí que saiu o que semeia, a semear.

4 E quando semeava, uma parte da semente caiu junto da estrada, vieram as aves do céu e comeram-na.

5 Outra porém caiu em pedregulho, onde não tinha muita terra; e logo nasceu, porque não tinha altura de terra;

6 Mas saindo o sol se queimou; e porque não tinha raiz se secou.

7 Outra igualmente caiu sobre os espinhos; cresceram os espinhos e estes a afogaram.

8 Outra, enfim, caiu em boa terra; e dava fruto, havendo grãos que rendiam a cento por um, outros a sessenta, outros a trinta.

9 O que tem ouvidos de ouvir ouça.


 Explicação da parábola do semeador  † 

Mc = Lc


10 Chegando-se a ele os discípulos, lhe disseram: Por que razão lhes falas por parábolas?

11 Ele respondendo, lhes disse: Porque a vós outros vos é dado saber os mistérios do Reino dos Céus; mas a eles não lhes é concedido.

12 Porque ao que tem, se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.

13 Por isso é que eu lhes falo em parábolas; porque eles vendo não veem, e ouvindo não ouvem, nem entendem. ( † )

14 De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Vós ouvireis com os ouvidos, e não entendereis; e vereis com os olhos, e não vereis. ( † )

15 Porque o coração deste povo se fez pesado, os seus ouvidos se fizeram tardos e eles fecharam os seus olhos; para não suceder que vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, entendam no coração e se convertam, e eu o sare.

16 Mas por vós, ditosos os vossos olhos, pelo que veem, e ditosos os vossos ouvidos, pelo que ouvem.

17 Porque em verdade vos digo, que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.

18 Ouvi pois, vós outros, a parábola do semeador.

19 Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a entende, vem o mau e arrebata o que se semeou no seu coração; este é o que recebeu a semente junto da estrada.

20 Mas o que recebeu a semente no pedregulho, este é o que ouve a palavra e logo a recebe com gosto;

21 Porém ela não tem raiz nele, antes é de pouca duração; e quando lhe sobrevém tribulação e perseguição por amor da palavra, logo se escandaliza.

22 O que recebeu a semente entre espinhos, este é o que ouve a palavra, porém os cuidados deste mundo e o engano das riquezas sufocam a palavra e fica infrutuosa.

23 O que recebeu a semente em boa terra, este é o que ouve a palavra e a entende, e dá fruto; e assim, um dá a cento, outro a sessenta e outro a trinta por um.


 Parábola do trigo e do joio  † 


24 Outra parábola lhes propôs, dizendo: O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.

25 Enquanto dormiam os homens, veio o seu inimigo e semeou depois cizânia no meio do trigo, e foi-se.

26 Tendo crescido a erva e dado fruto, apareceu também então a cizânia.

27 E chegando os servos do pai de família, lhe disseram: Senhor, porventura não semeaste boa semente no teu campo? Pois donde lhe veio a cizânia?

28 Ele lhes disse: Um homem inimigo é que fez isto. E os servos lhe tornaram: Queres que nós vamos e a arranquemos?

29 Disse-lhes: Não; para que talvez não suceda que arrancando a cizânia, arranqueis juntamente com ela também o trigo.

30 Deixai crescer ambos até à ceifa, e no tempo da ceifa, direi aos segadores: Colhei primeiramente a cizânia e atai-a em molhos para a queimar, mas o trigo recolhei-o no meu celeiro.


 Parábola do grão de mostarda  † 

Mc = Lc


31 Propôs-lhes mais outra parábola dizendo: O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda,  †  que um homem recolheu e semeou no seu campo.

32 O qual é, na verdade, a menor de todas as sementes; mas depois de ter crescido é a maior de todas as plantas e se faz árvore, de sorte que as aves do céu vêm fazer ninhos nos seus ramos.


 Parábola do fermento

Lc


33 Disse-lhes ainda outra parábola: O Reino dos Céus é semelhante ao fermento, que uma mulher recolhe e o mistura em três medidas de farinha, até que tudo esteja fermentado.


 Por que Jesus falou por parábolas  † 

Mc


34 Todas estas coisas disse Jesus ao povo em parábolas; e não lhes falava sem parábolas;

35 A fim de que se cumprisse o que estava anunciado pelo profeta, que diz: Abrirei em parábolas a minha boca, farei dela sair com ímpeto coisas escondidas desde a criação do mundo. ( † )


 Explicação da parábola do trigo e do joio  † 


36 Então, despedidas as gentes, veio à casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola da cizânia do campo.

37 Ele respondeu-lhes: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem.

38 E o campo é o mundo. A boa semente, porém, são os filhos do Reino dos Céus. E a cizânia são os maus filhos.

39 O inimigo que a semeou é o diabo. O tempo da ceifa é o fim do mundo. E os segadores são os anjos.

40 De maneira que assim como é colhida a cizânia e queimada no fogo: assim acontecerá no fim do mundo.

41 Enviará o Filho do Homem os seus anjos, e tirarão do seu Reino todos os escândalos, e os que obram a iniquidade;

42 E lançá-los-ão na fornalha ígnea. Ali haverá choro e ranger de dentes.

43 Então resplandecerão os justos, como o sol, no Reino de seu Pai. O que tem ouvidos de ouvir, ouça.


 Parábola do tesouro escondido


44 O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; que quando um homem o acha, o esconde, e pelo gosto que sente de o achar, vai e vende tudo o que tem, e compra aquele campo.

 Parábola da pérola


45 Também é semelhante o Reino dos Céus a um homem negociante, que busca boas pérolas.

46 E tendo achado uma de grande preço, vai vender tudo o que tem, e a compra.


 Parábola da rede


47 Finalmente o Reino dos Céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, que coleta todos os tipos de peixes.

48 E depois de estar cheia, tiram-na os homens para fora e, sentados na praia, escolhem os bons para os vasos e deitam fora os maus.

49 Assim será no fim do mundo: Sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos.

50 E lançá-los-ão na fornalha ígnea. Ali haverá choro e ranger de dentes.


 Coisas novas e velhas


51 Compreendestes bem tudo isto? Responderam eles: Sim.

52 Ele lhes disse: Por isso todo o escriba instruído no Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.


 Jesus prega em Nazaré e é rejeitado pelos seus  † 

Mc = Lc


53 Sucedeu que, tendo Jesus concluído estas parábolas, partiu dali.

54 E vindo para a sua pátria, ele os ensinava nas suas sinagogas de modo que se admiravam e diziam: Donde lhe vem a este uma sabedoria como esta, e tais maravilhas?

55 Porventura não é este o filho do carpinteiro? Não se chamava sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas;

56 E suas irmãs não vivem elas todas entre nós? Donde vêm pois, a este, todas estas coisas?

57 E escandalizavam-se dele. Mas Jesus lhes disse: Não há profeta sem honra senão na sua pátria e na sua casa.

58 E não fez ali muitos prodígios, por causa da incredulidade deles.



Há imagens desse capítulo, visualizadas através do Google - Pesquisa de livros, nas seguintes bíblias: Padre Antonio Pereira de Figueiredo edição de 1828 | Padre João Ferreira A. d’Almeida, edição de 1850 | A bíblia em francês de Isaac-Louis Le Maistre de Sacy, da qual se serviu Allan Kardec na Codificação. Veja também: Novum Testamentum Graece (NA28 - Nestle/Aland, 28th revised edition, edited by Barbara Aland and others) Parallel Greek New Testament by John Hurt.


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