SINOPSE DOS LIVROS APÓCRIFOS
(Abrir)
(1.) 1º Esdras.
(2.) 2º Esdras.
(3.) Tobias.
(4.) Judith.
(5.)
O resto dos capítulos do Livro de Esther.
(6.)
A Sabedoria de Salomão.
(7.)
Eclesiástico.
(8.)
Baruque, com a epístola de Jeremias.
(9.)
A canção das três crianças santas.
(10.)
A História de Suzana.
(11.)
O ídolo Bel e o Dragão.
(12.)
A Oração de Manassés.
(13.)
O Primeiro Livro dos Macabeus.
(14.)
O Segundo Livro dos Macabeus.
(15.)
O Terceiro Livro dos Macabeus.
(16.)
O Quarto Livro dos Macabeus.
Apócrifo. [Grego apokrypha, coisas escondidas, usado
por escritores eclesiásticos para (1) assuntos secretos ou misteriosos;
(2) de origem desconhecida, forjado, espúrio; (3) documentos
não reconhecidos, não canônicos]. †
O nome é dado geralmente ao seguintes dezesseis livros: 1 e 2 Esdras, Tobias, Judith, O Repouso de Esther, A Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, com a Epístola de Jeremias, A Canção das Três Crianças Santas, A História de Suzana, Bel e o Dragão, A Oração de Manassés, 1, 2, 3, e 4 Macabeus. Às vezes o número é limitado a quatorze, 3 e 4 Macabeus são omitidos. Diferentemente dos livros do V. T., que estão em hebraico, com a exceção de alguns versos em aramaico, as produções apócrifas estão em grego, entretanto pelo menos Judith, Eclesiástico, 1-3.8 de Baruque, e 1 Macabeus foram originalmente escritos em hebraico. A igreja Judia considerou-os sem inspiração, e alguns de seus escritores negam inspiração (Prólogo do Eclesiástico, 1 de Mac 4.46; 9.27; 2 Mac 2.23; 15.38). Eles não são achados no cânone hebreu; eles nunca são citados por Jesus; e com certeza não pode ser afirmado que os apóstolos aludem a eles diretamente. As primeiras igrejas permitiram que fossem lido para edificação, e os recomendavam aos catecúmenos para estudo, mas os rejeitou do cânon, sua decisão virou autoridade durante a Idade Média, como faz agora com as várias igrejas protestantes. Assim a Igreja da Inglaterra no sexto dos trinta e nove Artigos publicados em 1562 denomina os livros apócrifas de tratados que “a Igreja pode lê-los para exemplo de vida e instrução de costumes; mas a eles não se aplica o estabelecimento de qualquer doutrina”. A Confissão de Westminster de 1643 declara, como uma questão de credo que: “Os livros comumente chamados Apócrifos, não são de inspiração divina, não fazem parte do cânon das Escrituras, e portanto não possuem autoridade na Igreja de Deus, como quaisquer outros escritos humanos não aprovados.” O Concílio de Trento em sua sessão no dia 15 de abril de 1546, declarou que onze dos dezesseis Livros Apócrifos são canônicos, enumerando Tobias, Judith, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, e os dois livros de Macabeus, adicionando O Repouso de Esther ao já canônico Livro de Esther, e incorporando a História de Suzana a História das Três Crianças Santas, e a História de Bel e o Dragão com Daniel. O Concílio pronunciou um anátema contra qualquer um que se aventurasse diferir dele em opinião. Desde então, isto tem regulado a crença da Igreja católica romana. Os Apócrifos foram introduzidos na versão inglesa por Coverdale em 1535, e foram incluídos na versão do rei Tiago mas começaram a ser omitidos já em 1629. Quando inseridos foram colocados entre o V. T. e N T. A controvérsia no assunto continuou dos anos 1821 a 1826, que resultou na exclusão dos Apócrifos de todas as Bíblias editadas pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
1. Esdras
I. — Esdras é simplesmente a forma grega de Ezra, e o livro narra
o declínio e a queda do reino de Judá ao tempo de Josias, a destruição
de Jerusalém, o cativeiro na Babilônia, o retorno dos exilados, e a
parte que Esdras tomou na reorganização do governo Judeu. Em parte amplia
a narrativa bíblica, mas as adições são de autoridade duvidosa. É seguido
por Josefo, A. D. 93 (cp. Esdras 3.1 a 4.44 com Antig. 11. 3, 2-8, etc.).
Há quanto tempo ele existe, nenhuma evidência temos disso, nem seu autor
é conhecido.
2. Esdras
II. — Tem realmente um estilo diferente de 1º Esdras. Não é uma
história, mas é um tratado religioso, muito no estilo dos profetas hebreus.
Seu núcleo, consistindo dos capítulos 3-14, pretende registrar sete
revelações concedidas a Esdras em Babilônia, das quais várias tomaram
a forma de visões: a mulher em lamentos (9.38 a 10.56), a águia e o
leão (11.1 a 12.39), o homem que se eleva do mar (13.1-56). O autor
destes capítulos é desconhecido; mas era evidentemente judeu, pleno
de afeto para seu povo (o nome Jesus em 7.28 não aparece nas versões
orientais). Desde a visão da águia, que está baseada expressamente na
profecia de Daniel (2 Esdras 12.11), parece referir-se ao
Império Romano, sendo aceito geralmente uma data entre A. D. 88 e A.
D. 117. Torna-se impossível uma data posterior a A. D. 200 pela citação
em 5.35 em grego por Clemente de Alexandria, com o prefácio “Esdras
o profeta diz”. Os dois primeiros e os dois últimos capítulos de 2 Esdras
(1, 2, 15 e 16) são adições. Eles estão faltando nas versões orientais
e na maioria dos melhores manuscritos latinos. Datam de um tempo posterior
à circulação da Septuaginta, pois os Profetas Menores são organizados
na ordem da versão grega (1.39, 40). Os capítulos 1 e 2 contém abundantes
reminiscências do Novo Testamento, justificando assim a rejeição de
Israel e a substituição pelos Gentios (1.24.25,35-40; 2.10,11,34); consequentemente
foram escritos por um cristão, provavelmente um cristão judeu.
3. Tobias.
— Esta é a narrativa de um homem piedoso de Neftali por nome Tobias,
cujo filho também chamava-se Tobias. O pai havia perdido a visão. O
filho indo obter o pagamento de uma dívida em Rages na Média, é conduzido
por um anjo a Ecbatana, onde faz um casamento romântico com uma viúva,
que ainda permanecia virgem, embora houvesse sido casada com sete maridos,
tendo todos eles sido mortos no dia do seu casamento por Asmodeu, um
Espírito do mal. Tobias, no entanto, é encorajado pelo anjo tornar-se
o oitavo marido da viúva-virgem, e escapa da morte queimando as partes
internas de um peixe, cuja fumaça põe o Espírito do mal em fuga. Então
ele cura a cegueira do pai untando seus olhos com o fel do peixe que
já tinha provado ser tão útil. Tobias é evidentemente um conto moral,
e não história séria. A data mais provável da publicação é mais ou menos
350 A. C., ou de 250 até 200 A. C.
4. Judith.
— Uma narrativa que professa ser uma história de como Judith, uma viúva
Judia, que deixando seu povo, insinuou-se nas boas graças de Holofernes,
um comandante em chefe assírio, que sitiava Betúlia, e apossando-se
de sua espada quando este dormia, decepou-lhe a cabeça. A narrativa
contém declarações falsas, anacronismos, e absurdos geográficos. É duvidoso
se existe alguma verdade na história que pode ter sido sugerida ao autor
pela narrativa de Jael e Sisera (Jz 4.17-22).
A primeira referência distinta para o livro está em uma epístola de
Clemente de Roma, do final do primeiro século A. D., mas pode ter existido
já em 175 a 100 A. C., isto é, 400 ou 600 anos depois que os acontecimentos
que professou registra. Até então dizer que Nabucodonosor reinava em
Nínive em vez de Babilônia (Judith 1.1), não pareceria tão errôneo como
é para um contemporâneo do grande rei.
5. O
resto dos capítulos do Livro de Esther — que não se encontram no
hebreu nem no caldeu. O livro canônico de Ester termina com o décimo
capítulo contendo três versos. A produção apócrifa adiciona dez versos
mais, e seis capítulos (11-16). Na Septuaginta esta matéria suplementar
é distribuída em sete porções pelo texto, e não interrompe a história.
Amplia partes da narrativa da Escritura sem fornecer um fato novo de
valor, e contradiz frequentemente a história contida no texto hebraico.
A opinião comum é que o livro foi obra de um judeu egípcio, e que ele
o escreveu no tempo de Ptolomeu Filometer, 181-145 A. C. — Vide os Editos
de Ciro, de proscrição e de reabilitação dos judeus, relatado
no Livro de Ester (parte apócrifa).
6. A
Sabedoria de Salomão. — Este é um tratado ético em elogio à sabedoria
e retidão, e em denúncia à iniquidade e a idolatria. As passagens que
salientam o pecado e a loucura de adorar imagens, fazem lembrar as do
mesmo tema nos Salmos e em Isaías (cp. Sabedoria 13.11-19, com Salmos 95;
135.15-18 e Isaías
40.19-25; 44.9-20).
É notável até que ponto o autor, recorrendo a incidentes históricos
ilustrativos da sua doutrina, limita-se aos registrados no Pentateuco.
Ele escreve na pessoa de Salomão; diz que foi escolhido por Deus como
rei do seu povo, e por ele foi dirigido para construir um templo e um
altar, no modelo antigo do tabernáculo. Ele era homem de gênio e devoto,
seu caráter religioso era sustentado por sua crença na imortalidade.
Viveu aparentemente entre 150 e 50 A. C ou talvez entre 120 e 80 A.
C. Tanto a linguagem como a linha de pensamento no livro de Sabedoria
assemelham-se de algum modo às do N. T., embora nunca tenha sido formalmente
citado ou referido (Sab 5.18-20; Ef 6.14-17;
Sab 7.26, com Hb 1.2-6
e Sab 14.13-31 com Rm 1.19-32).
7. Eclesiástico.
— Também chamado a Sabedoria de Jesus, o Filho de Siraque. Este é um
trabalho comparativamente longo; estendendo-se por cinquenta e um capítulos.
No capítulo 1.1-21 grande elogio é dado a Simão, o sumo sacerdote filho
de Onias, provavelmente o pontífice desse mesmo nome que viveu entre
370 e 300 A. C.; essa obra pode, portanto, ter sido escrita já em 290
ou 280 A. C. Estava originalmente em hebreu. O autor, Jesus, o filho
de Siraque de Jerusalém (Ecclus. 1,27), era o avô ou, tomando a palavra
em seu lato senso, antepassado remoto do tradutor. A tradução
foi feita no Egito “no trigésimo oitavo ano”, “quando Evergeto era rei”.
A referência é a Ptolomeu III, com o sobrenome Evergeto, que foi rei
do Egito de 247 a 222 A. C., ou a Ptolemeu Fiscom, que também tinha
o sobrenome Evergeto, e que reinou de 169 a 165 e de 146 a 117 A. C.
O grande tema da obra é a sabedoria. É um valioso tratado ético, em
alguns lugares lembra os livros de Provérbios, Ecclesiastes, e partes
de Job, nas Escrituras canônicas, e da Sabedoria
de Salomão nos Apócrifos. Geralmente é citado como Ecclus., para
distingui-lo de Ec. Eclesiastes.
8. Baruque,
com a epístola de Jeremias. — Baruque era amigo de Jeremias. Os
primeiros cinco capítulos confirmam nominalmente emanar de Baruque enquanto
o sexto é encabeçado “Epístola de Jeremias”. Depois de uma introdução
descrevendo a origem do trabalho (Baruque 1.1-14), o livro de Baruque
apresenta-se naturalmente em três divisões: 1. A confissão dos
pecados de Israel e orações para o perdão e o retorno dos favores divinos
(1.15 a 3.8). Esta parte possui evidências de ter sido escrita originalmente
em hebraico. O uso a ser feito dele, de acordo com a apresentação (1.14),
também sugere que a linguagem era hebraica. Ele geralmente é datado
em sua totalidade para três séculos antes do Cristo. 2. Exorta
o retorno à fonte da sabedoria (3.9 a 4.4. 3), e 3. Encorajamento
e promessa de libertação (4.5 até 5.9). Estas duas últimas seções são
denominadas gregas, pois acredita-se terem sido escritas nessa linguagem.
Elas mostram também semelhanças com a Septuaginta. É discutível que
a semelhança do capítulo 5 com o Salmo de Salomão indica que o capítulo
foi baseado no salmo, e consequentemente escrito depois de A. D. 70;
ou que ambos os escritos são independentes na Septuaginta. A epístola
de Jeremias adverte os judeus no exílio contra a idolatria de Babilônia.
Talvez tenha sido escrita cerca de 100 A. D.
9. A
canção das três crianças santas. — foram projetadas para ajustar-se
ao livro canônico de Daniel entre 3.23 e 24. Seu autor e data exatos
são desconhecidos (Cp. os versículos 35-68 com o Salmo 148).
10. A
História de Suzana. — Esta também é uma adição apócrifa a Daniel,
mostrando como o profeta descobriu sagazmente uma caluniosa e maligna
acusação contra Suzana, uma virtuosa mulher. Seu autor e data são desconhecidas.
11. O
ídolo Bel e o Dragão. — Ainda outra adição apócrifa para o livro
canônico de Daniel. O profeta prova que os sacerdotes de Bel e as suas
famílias comeram o alimento oferecido ao ídolo; e ele mata um dragão,
pelo que, uma segunda vez é posto numa caverna de leões. Autor e data
são desconhecidos.
12. A
Oração de Manassés. — rei de Judá, quando era mantido cativo na
Babilônia (cp. 2 Cr 33.12,13).
Autor desconhecido; data provavelmente do primeiro século A. C.
13. O
Primeiro Livro dos Macabeus. — Um trabalho histórico de grande valor,
relatando a guerra Judia de independência, sob a família levítica dos
Macabeus no segundo século A. C. Seu autor cujo nome é desconhecido,
era evidentemente um judeu da Palestina. Duas opiniões existem quanto
à sua data: alguns colocam-no entre 120 e 106 A. C., outros, em melhores
bases, entre 105 e 64 A. C. Foi indubitavelmente traduzido para o grego
de um original hebreu.
14. O
Segundo Livro dos Macabeus. — professa-se ser uma abreviação da
grande obra de Jasom de Cirene. Preocupa-se principalmente com a história
judia do reinado de Seleuco IV em 175 A. C., até a morte de Nicanor
em 161 A. C. É muito menos valioso que o primeiro livro, e o autor tem
um amor pelo maravilhoso que diminui a credibilidade das suas narrações,
embora contenham grandes verdades. O livro foi escrito depois de 125
A. C., e antes da destruição de Jerusalém em A. D. 70.
15. O
Terceiro Livro dos Macabeus. — refere-se a acontecimentos antes
da guerra da independência. O incidente principal é a tentativa de Ptolomeu
Filopater IV em 217 A. D. penetrar no Santo dos Santos, e sua perseguição
subsequente aos judeus em Alexandria. Foi escrito logo antes ou logo
após o começo da era Cristã. Foi até mesmo datado bem tarde em
A. D. 39 ou 40.
16. O
Quarto Livro dos Macabeus. — é um tratado moral que defende o domínio
das paixões, ilustrando seu ensino por exemplos de constância sob o
sofrimento, tirados da história dos macabeus. Foi escrito depois de
2 Macabeus e antes da destruição de Jerusalém. — (Dicionário
da Bíblia de John D. Davis) ©