Mui caro Mestre,
Tantas vezes tive ocasião, nas minhas numerosas viagens, de ser junto a vós o intérprete dos sentimentos fraternos e reconhecidos de nossos irmãos da França e do estrangeiro, que julgaria faltar a um dever sagrado se, em nome deles, eu não viesse neste momento vos testemunhar o seu pesar.
Eu não serei, ai! senão um eco bem fraco para vos descrever a felicidade daquelas almas tocadas pela fé espírita, que se abrigaram sob a bandeira de consolação e de esperança que tão corajosamente implantastes entre nós.
Muitos dentre eles certamente desempenhariam, melhor que eu, essa tarefa do coração.
Como a distância e o tempo não lhes permitem estar aqui, ouso fazê-lo, conhecedor que sou da vossa benevolência habitual a meu respeito e a de nossos bons irmãos que represento.
Recebei, pois, caro mestre, em nome de todos, a expressão dos pesares sinceros e profundos que a vossa partida precipitada da Terra vai fazer nascer por todos os lados.
Conheceis, melhor que ninguém, a natureza humana; sabeis que ela precisa de amparo. Ide, pois, até eles, derramar ainda esperança em seus corações.
Provai-lhes, por vossos sábios conselhos e vossa lógica poderosa, que não os abandonais e que a obra a que vos dedicastes tão generosamente não perecerá, e nem poderia perecer, porque está assentada nas bases inabaláveis da fé raciocinada.
Pioneiro emérito, soubestes coordenar a pura Filosofia dos Espíritos e pô-la ao alcance de todas as inteligências, desde as mais humildes, que elevastes, até as mais eruditas, que vieram até vós e que hoje se contam modestamente em nossas fileiras.
Obrigado, nobre coração, pelo zelo e pela perseverança que pusestes em nos instruir.
Obrigado por vossas vigílias e vossos labores, pela fé vigorosa que em nós inculcastes.
Obrigado pela felicidade presente que desfrutamos, e pela felicidade futura, cuja certeza nos destes, quando nós, como vós, tivermos entrado na grande pátria dos Espíritos.
Obrigado ainda pelas lágrimas que enxugastes, pelos desesperos que acalmastes e pela esperança que fizestes brotar nas almas abatidas e desalentadas.
Obrigado! mil vezes obrigado, em nome de todos os nossos confrades da França e do estrangeiro! Até breve.