Ante as oscilações do céu e do navio,
No encapelado mar com suas ondas lentas,
Mentalmente o homem dobra um Cabo das Tormentas, †
E passa sob o raio e sob a escuridade,
O trópico a agitar de uma outra Humanidade. |
O
Siècle de 20 de maio último citava estes versos a propósito de um
artigo sobre a crise comercial. Que têm eles de espíritas? perguntarão.
Não se trata de almas, nem de Espíritos. Poder-se-ia perguntar, com
mais razão, que relação têm com o fundo do artigo, no qual estavam enquadrados,
tratando de taxas de mercadorias. Interessam muito mais diretamente
ao Espiritismo, porque é, sob outra forma, o pensamento expresso pelos
Espíritos sobre o futuro que se prepara; é, numa linguagem ao mesmo
tempo sublime e concisa, o anúncio das convulsões que a Humanidade terá
que sofrer para a sua regeneração e que, de todos os lados, os Espíritos
nos fazem pressentir como iminentes. Tudo se resume neste pensamento
profundo: uma outra Humanidade, imagem da Humanidade transformada,
do novo mundo moral substituindo o velho mundo que desaba. Os preliminares
destas modificações já se fazem sentir, razão por que os Espíritos nos
repetem de todas as formas que os tempos são chegados. O Sr.
Lamartine aí fez uma verdadeira profecia, cuja realização começamos
a ver. [v. Comunicação
de Lamartine.]