1. — Várias vezes já nos perguntaram o que pensamos da concordância dos números, e se cremos no valor dessa ciência. † Nossa resposta é bem simples: até o momento nada pensamos a respeito, porque com ela jamais nos ocupamos. n Bem que temos visto alguns casos de concordâncias singulares entre as datas de certos acontecimentos, mas em pequeníssimo número para delas tirar uma conclusão, mesmo aproximada. A bem dizer, não vemos a razão de tal coincidência; mas, porque não se compreende uma coisa, isto não é motivo para que ela não exista. A Natureza não disse a sua última palavra, e o que hoje é utopia, amanhã pode ser verdade. É possível que, entre os fatos, exista uma certa correlação, que não suspeitamos, e que poderia traduzir-se por números. Em todo o caso, não se poderia dar o nome de ciência a um cálculo tão hipotético quanto o das relações numéricas, no que concerne à sucessão dos acontecimentos. Uma ciência é um conjunto de fatos bastante numerosos para deles se deduzirem regras, e susceptíveis de demonstração. Ora, no estado atual dos nossos conhecimentos, seria de absoluta impossibilidade dar dos fatos desse gênero uma teoria qualquer, nem nenhuma explicação satisfatória. Não é, pois, ou, se preferirem, não é ainda uma ciência, o que não implica a sua negação.
Há fatos sobre os quais temos uma opinião pessoal; no caso de que se trata, não temos nenhuma, e se nos inclinássemos para um lado, seria antes para a negativa, até prova em contrário.
Baseamo-nos em que o tempo é relativo; não pode ser apreciado senão em termos de comparação e os pontos de referência estabelecidos na revolução dos astros, e esses termos variam conforme os mundos, porque fora dos mundos o tempo não existe: não há unidade para medir o infinito. Assim, não parece haver uma lei universal de concordância para a data dos acontecimentos, já que o cômputo da duração varia conforme os mundos, a menos que haja, sob esse aspecto, uma lei particular para cada mundo, destinada à sua organização, como há uma para a duração da vida de seus habitantes.
Seguramente, se tal lei existir, um dia será reconhecida.
O Espiritismo, que assimila todas as verdades, quando estas são constatadas, não repelirá esta; mas como, até o presente, essa lei não é atestada por um número suficiente de fatos, nem por uma demonstração categórica, com ela nos devemos preocupar tanto menos quanto ela só nos interessa de maneira muito indireta. Não dissimulamos a gravidade dessa lei, se é que ela existe, mas como a porta do Espiritismo estará sempre aberta a todas as ideias progressivas, a todas as aquisições da inteligência, ele se ocupa com as necessidades do momento, sem temer ser ultrapassado pelas conquistas do futuro.
2. — Tendo sido a questão exposta aos Espíritos num grupo muito sério do interior, e por isto mesmo geralmente bem assistido, foi respondido:
“Há, certamente, no conjunto dos fenômenos morais como nos fenômenos físicos, relações fundadas sobre os números. A lei da concordância das datas não é uma quimera; é uma das que vos serão reveladas mais tarde, e vos darão a chave das coisas que vos parecem anomalias. Porque, crede-o bem, a Natureza não tem caprichos; marcha sempre com precisão e com segurança. Aliás, esta lei não é tal qual imaginais; para a compreender na sua razão de ser, no seu princípio e na sua utilidade, necessitais adquirir ideias que ainda não possuís, e que virão a seu tempo. No momento, este conhecimento seria prematuro, razão por que não vos é dado; seria, pois, inútil insistir. Limitai-vos a recolher os fatos; observai sem nada concluir, com receio de vos enganar. Deus sabe dar aos homens o alimento intelectual à medida que estão em condição de o suportar. Trabalhai sobretudo no vosso adiantamento moral, o mais essencial, porque é por este que merecereis possuir novas luzes.”
3. — Somos da mesma opinião. Pensamos, até, que haveria mais inconvenientes do que vantagens em vulgarizar prematuramente uma crença que, em mãos ignorantes, poderia degenerar em abuso e em práticas supersticiosas, por falta do contrapeso de uma teoria racional.
O princípio da concordância das datas é, pois, inteiramente hipotético; mas se nada é ainda permitido afirmar a este respeito, a experiência demonstra que, na Natureza, muitas coisas estão subordinadas a leis numéricas, susceptíveis do mais rigoroso cálculo. Este fato, de grande importância, talvez possa um dia lançar luz sobre a primeira questão. É assim, por exemplo, que as chances do acaso estão submetidas, no seu conjunto, a uma periodicidade de admirável precisão; a maior parte das combinações químicas, para a formação dos corpos compostos, dão-se em proporções definidas, isto é, precisa-se de um número determinado de moléculas de cada um dos corpos elementares, e que uma molécula a mais ou a menos muda completamente a natureza do corpo composto. (Vide A Gênese, capítulo X, nº 7 e seguintes); a cristalização se opera sob ângulos de uma abertura constante; em astronomia, os movimentos e as forças seguem progressões de um rigor matemático, e a mecânica celeste é tão exata quanto a mecânica terrestre; dá-se o mesmo com a reflexão dos raios luminosos, calóricos e sonoros; é sobre cálculos positivos que são estabelecidas as chances de vida e de mortalidade nos seguros.
É certo, pois, que os números estão em a Natureza e que leis numéricas regem a maior parte dos fenômenos de ordem física. Dá-se o mesmo nos fenômenos de ordem moral e metafísica? É o que seria presunção afirmar, sem dados mais certos do que os que se possuem. Esta questão, aliás, levanta outras que têm a sua seriedade, e sobre as quais julgamos útil apresentar algumas observações de um ponto de vista geral.
4. — Desde que uma lei numérica rege os nascimentos e a mortalidade dos indivíduos, não poderia dar-se o mesmo, embora em escala mais vasta, com as individualidades coletivas, tais como as raças, os povos, as cidades, etc.? As fases de sua marcha ascendente, de sua decadência e de seu fim, as revoluções que marcam as etapas do progresso da Humanidade, não estariam sujeitas a uma certa periodicidade? Quanto às unidades numéricas para o cômputo dos períodos humanitários, se não são os dias, nem os anos, nem os séculos, poderiam ter por base as gerações, como alguns fatos tenderiam a fazer supor.
Aí não está um sistema; é ainda menos uma teoria, mas uma simples hipótese, uma ideia fundada numa probabilidade, e que um dia, talvez, possa servir de ponto de partida para ideias mais positivas.
Mas, dirão, se os acontecimentos que decidem a sorte da Humanidade, de uma nação, de uma tribo, têm prazos regulados por uma lei numérica, será a consagração da fatalidade e, então, em que se torna o livre-arbítrio do homem? Estará o Espiritismo laborando em erro, quando diz que nada é fatal, e que o homem é o senhor absoluto de suas ações e de sua sorte?
Para responder a esta objeção, há que tomar a questão de mais alto. Antes de mais, digamos que o Espiritismo jamais negou a fatalidade de certas coisas e que, ao contrário, sempre a reconheceu; mas ele diz que essa fatalidade não entrava o livre-arbítrio. Eis o que é fácil demonstrar.
Todas as leis que regem o conjunto dos fenômenos da Natureza têm consequências necessariamente fatais, isto é, inevitáveis, e essa fatalidade é indispensável à manutenção da harmonia universal. O homem, que sofre essas consequências, está, pois, em alguns aspectos, submetido à fatalidade, em tudo quanto não dependa de sua iniciativa. Assim, por exemplo, deve morrer fatalmente; é a lei comum, à qual não pode subtrair-se e, em virtude dessa lei, pode morrer em qualquer idade, quando chegar a sua hora; mas, se apressa voluntariamente a sua morte, pelo suicídio ou por seus excessos, age em virtude de seu livre-arbítrio, porque ninguém o pode constranger a fazê-lo. Deve comer para viver: é a fatalidade; mas se comer além do necessário, pratica um ato de liberdade.
Em sua cela, o prisioneiro é livre de mover-se à vontade, no espaço que lhe é concedido; mas as paredes que não pode transpor são para ele a fatalidade que lhe restringe a liberdade. Para o soldado a disciplina é uma fatalidade, pois o obriga a atos independentes de sua vontade, mas não é menos livre em suas ações pessoais, pelas quais é responsável. Assim é com o homem na Natureza. A Natureza tem as suas leis fatais, que lhe opõem uma barreira, mas aquém da qual ele pode mover-se à vontade.
5. — Por que Deus não deu ao homem inteira liberdade? Porque Deus é como um pai previdente, que limita a liberdade dos filhos ao nível de seu raciocínio e do uso que dela podem fazer. Se o homem já se serve tão mal da que lhe é concedida, se não sabe governar-se a si mesmo, que seria se as leis da Natureza estivessem à sua disposição, e se não lhe opusessem um freio salutar?
O homem pode, pois, ser livre em suas ações, malgrado a fatalidade que preside o conjunto; é livre em certa medida, no limite necessário para lhe deixar a responsabilidade de seus atos. Se, em virtude dessa liberdade, ele perturba a harmonia pelo mal que faz, se interpõe um obstáculo à marcha providencial das coisas, é o primeiro a sofrer por isto, e como as leis da Natureza são mais fortes que ele, acaba sendo arrastado na corrente; então sente necessidade de voltar para o bem e tudo retoma o seu equilíbrio. Assim, a volta ao bem é ainda um ato livre, embora provocado, mas não imposto, pela fatalidade.
O impulso dado pelas leis da Natureza, assim como os limites que elas estabelecem, são sempre bons, porque a Natureza é a obra da sabedoria divina. A resistência a essas leis é um ato de liberdade e essa resistência sempre desencadeia o mal. Sendo o homem livre para observar ou infringir essas leis, no que toca a sua pessoa, é, pois, livre de fazer o bem ou o mal. Se pudesse ser fatalmente levado a fazer o mal, e não podendo essa facilidade vir senão de um poder superior a ele, Deus seria o primeiro a transgredir suas leis.
6. — Quem é aquele a quem muitas vezes aconteceu dizer: “Se eu não tivesse agido como agi em tal circunstância, não estaria na posição em que estou; se tivesse que recomeçar, agiria de outra maneira?” Não era reconhecer que era livre para fazer ou não fazer? que estava livre para fazer melhor outra vez, se se apresentasse ocasião? Ora, Deus, que é mais sábio que ele, prevendo os erros nos quais pode cair, o mal uso que pode fazer sua liberdade, dá-lhe indefinidamente a possibilidade de recomeçar pela sucessão de suas existências corporais, e ele recomeçará até que, instruído pela experiência, não mais se engane de caminho.
O homem pode, pois, conforme a sua vontade, apressar o termo de suas provas, e é nisto que consiste a liberdade. Agradeçamos a Deus por não nos ter fechado para sempre o caminho da felicidade, decidindo a nossa sorte definitiva após uma existência efêmera, notoriamente insuficiente para alcançarmos o topo da escada do progresso, e por nos haver dado, pela fatalidade mesma da reencarnação, os meios de adquirir incessantemente, renovando as provas nas quais fracassamos.
7. — A fatalidade é absoluta para as leis que regem a matéria, porque a matéria é cega; não existe para o Espírito, ele próprio chamado para reagir sobre a matéria, em virtude de sua liberdade. Se as doutrinas materialistas fossem verdadeiras, elas seriam a mais formal consagração da fatalidade; porque se o homem fosse apenas matéria, não poderia ter iniciativa. Ora, se lhe concedeis a iniciativa, seja no que for, é que é livre; e se é livre, é que tem em si algo além da matéria. Sendo o materialismo a negação do princípio espiritual, é, por isso mesmo, a negação da liberdade e, contradição bizarra! os materialistas, os mesmos que proclamam o dogma da fatalidade, são os primeiros a tirar partido de sua liberdade; a reivindicá-la como um direito na sua mais absoluta plenitude, junto aos que a restringem, e isto sem suspeitar que é reclamar o privilégio do Espírito, e não da matéria.
8. — Aqui se apresenta outra questão. A fatalidade e a liberdade são dois princípios que parecem excluir-se. A liberdade da ação individual é compatível com a fatalidade das leis que regem o conjunto, e esta ação não vem perturbar sua harmonia? Alguns exemplos tomados dos fenômenos mais vulgares da ordem material tornarão evidente a solução do problema.
Dissemos que as chances do acaso se equilibram com surpreendente regularidade. Com efeito, é um resultado muito conhecido no jogo do vermelho e preto que, a despeito de sua irregularidade de saída a cada lançamento, as cores são em número igual ao cabo de certo número de jogadas; isto é, em cem jogadas, haverá cinquenta vermelhas e cinquenta negras; em mil, quinhentas de uma e quinhentas da outra, aproximadamente. Dá-se o mesmo com os números pares e ímpares e com todas as chances ditas duplas. Se, em vez de duas cores, houver três, haverá um terço de cada; se forem quatro, um quarto, etc. Muitas vezes a mesma cor sai por série de duas, três, quatro, cinco, seis vezes seguidas; num certo número de jogadas, haverá tantas séries de duas vermelhas, quanto de duas pretas, tanto de três vermelhas quanto de três pretas, e assim por diante; mas as jogadas de duas serão metade menos numerosas que as de uma; as de três, um terço das de uma; as de quatro, um quarto, etc.
Nos dados, como estes têm seis faces, jogando-o sessenta vezes, chegar-se-á a dez vezes um ponto, dez vezes dois pontos, dez vezes três pontos e assim com os outros.
Na antiga loteria de França, havia noventa números colocados numa roda; tiravam-se cinco de cada vez. Os registros de vários anos constataram que cada número tinha saído na proporção de um nonagésimo e cada dezena na proporção de um nono.
A proporção é tanto mais exata quanto mais considerável o número de jogadas. Em dez ou vinte jogadas, por exemplo, pode ser muito desigual, mas o equilíbrio se estabelece à medida que aumenta o número de jogadas, e isto com uma regularidade matemática. Sendo isto um fato constante, é bem evidente que uma lei numérica preside a essa repartição, quando abandonada a si mesma e que nada vem forçá-la ou entravá-la. O que se chama acaso está, pois, submetido a uma lei matemática ou, melhor dizendo, não há acaso. A irregularidade caprichosa que se manifesta em cada jogada, ou num pequeno número de lances, não impede a lei de seguir o seu curso, donde se pode dizer que há nessa repartição uma verdadeira fatalidade; mas essa fatalidade, que preside ao conjunto, é nula, ou pelo menos inapreciável, para cada lance ou jogada isolada.
Estendemo-nos um pouco no exemplo dos jogos, porque é um dos mais admiráveis e fáceis de verificar, pela possibilidade de multiplicar os fatos à vontade, em curto espaço de tempo; e como a lei ressalta do conjunto dos fatos, foi esta multiplicidade que permitiu reconhecê-la, sem o que é provável que ainda a ignorassem.
A mesma lei pôde ser observada com precisão nas chances de mortalidade. A morte, que parece ferir indistintamente e às cegas, não segue menos, em seu conjunto, uma marcha regular e constante, segundo a idade. Sabe-se perfeitamente que, em mil indivíduos de todas as idades, em um ano morrerão tantos de um a dez anos, tantos de dez a vinte anos, tantos de vinte a trinta anos, e assim por diante; ou, então, que após um período de dez anos, o número dos sobreviventes será de tantos de um a dez anos, de tantos de dez a vinte anos, etc. Causas acidentais de mortalidade podem perturbar momentaneamente esta ordem, como no jogo a saída de uma longa série da mesma cor rompe o equilíbrio; mas se, em vez de um período de dez anos e de um número de mil indivíduos, estende-se a observação a cinquenta anos e cem mil indivíduos, o equilíbrio será restabelecido.
De acordo com isto, é permitido supor que todas as eventualidades que parecem ser efeito do acaso, assim na vida individual, como na dos povos e da Humanidade, são regidas por leis numéricas, e o que falta para as reconhecer é poder abarcar de um golpe de vista uma massa bastante considerável de fatos, e um lapso de tempo suficiente.
9. — Pela mesma razão, nada haveria de absolutamente impossível que o conjunto de fatos de ordem moral e metafísica fosse igualmente subordinado a uma lei numérica, cujos elementos e as bases, até agora, nos são totalmente desconhecidos. Em todo o caso, vê-se, pelo que precede, que essa lei ou, se se preferir, essa fatalidade do conjunto, de modo algum anularia o livre-arbítrio. É o que nos tínhamos proposto demonstrar. Não se exercendo o livre-arbítrio senão sobre os pontos isolados de detalhe, não entravaria a realização da lei geral, como a irregularidade da saída de cada número não entrava a repartição proporcional desses mesmos números sobre um certo número de saídas. O homem exerce o seu livre-arbítrio na pequena esfera de sua ação individual; esta pequena esfera pode estar na confusão, sem que isto a impeça de gravitar no conjunto segundo a lei comum, assim como os pequenos redemoinhos causados nas águas de um rio pelos peixes que se agitam, não impedem a massa das águas de seguir o curso forçado que lhe imprime a lei de gravitação.
Tendo o homem o seu livre-arbítrio, a fatalidade não participa de suas ações individuais; quanto aos acontecimentos da vida privada, que por vezes parecem atingi-lo fatalmente, têm duas fontes bem distintas: uns são consequência direta de sua conduta na existência presente; muitas pessoas são infelizes, doentes, enfermas por sua falta; muitos acidentes são resultado da imprevidência; ele não pode queixar-se senão de si mesmo, e não da fatalidade ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são completamente independentes da vida presente e, por isto mesmo, parecem devidos a uma certa fatalidade; mas, ainda aqui, o Espiritismo nos demonstra que essa fatalidade é apenas aparente, e que certas situações penosas da vida têm sua razão de ser na pluralidade das existências. O Espírito as escolheu voluntariamente na erraticidade, antes de sua encarnação, como provações para o seu adiantamento; elas são, pois, produto do livre-arbítrio, e não da fatalidade. Se algumas vezes são impostas, como expiação, por uma vontade superior, é ainda em razão das más ações voluntariamente cometidas pelo homem numa precedente existência, e não como consequência de uma lei fatal, pois ele poderia tê-las evitado, agindo de outro modo.
A fatalidade é o freio imposto ao homem por uma vontade superior à sua, e mais sábia que ele, em tudo o que não é deixado à sua iniciativa; mas jamais é um entrave ao exercício de seu livre-arbítrio, no que concerne às suas ações pessoais. Ela também não pode impor-lhe nem o mal, nem o bem; desculpar uma ação má qualquer pela fatalidade ou, como se diz muitas vezes, pelo destino, seria abdicar do julgamento que Deus lhe deu, para pesar o pró e o contra, a oportunidade ou a inoportunidade, as vantagens ou os inconvenientes de cada coisa. Se um acontecimento está no destino de um homem, ele se realizará, a despeito de sua vontade, e será sempre para o seu bem; mas as circunstâncias da realização dependem do uso que ele faça de seu livre-arbítrio, e muitas vezes ele pode fazer redundar em seu prejuízo o que deveria ser um bem, se agir com imprevidência, e se se deixar arrastar pelas paixões. Engana-se mais ainda se toma o seu desejo ou os desvios de sua imaginação por seu destino. (Vide O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, nº 1 a 11.)
Tais são as reflexões que nos sugeriram os três ou quatro pequenos cálculos de concordância de datas, que nos foram apresentados, e sobre os quais pediram a nossa opinião. Elas eram necessárias para demonstrar que em semelhante matéria, de alguns fatos idênticos não se podia concluir por uma aplicação geral. Aproveitamo-los para resolver, por novos argumentos, a grave questão da fatalidade e do livre-arbítrio.
[1] [Vide artigo: Algumas palavras à Revista Espírita.]