Lê-se no Salut public de Lyon, † de 3 de junho de 1866, nas notícias de Paris: †
“Durante sua curta estada em Paris, lorde Granville † dizia a alguns amigos que a rainha Vitória se mostrava mais preocupada do que jamais se vira em qualquer época de sua vida, a respeito do conflito austro-prussiano. Acrescentava o nobre lorde, presidente do conselho privado de S. M. britânica, que a rainha acreditava obedecer à voz do defunto príncipe Alberto, † nada poupando para evitar uma guerra que atearia fogo na Alemanha inteira. Foi sob essa impressão, que não a deixa, que escreveu várias vezes ao rei da Prússia, bem como ao imperador da Áustria e que também teria dirigido uma carta autógrafa à imperatriz Eugênia, † suplicando-lhe juntar seus esforços aos dela em favor da paz.”
Este fato confirma o que publicamos na Revista Espírita de março de 1864, sob o título de Uma rainha médium. Ali era dito, de acordo com uma correspondência de Londres, † reproduzida por vários jornais, que a rainha Vitória se entretinha com o Espírito do príncipe Alberto e tomava seus conselhos em certas circunstâncias, como o fazia em vida deste último. Remetemos a esse artigo para os detalhes do fato e para as reflexões a que deu causa. Aliás, podemos afirmar que a rainha Vitória não é a única cabeça coroada ou próxima da realeza, que simpatiza com as ideias espíritas, e todas as vezes que dissemos que a doutrina tinha aderentes até nos mais altos graus da escala social, em nada exageramos.
Muitas vezes têm perguntado por que os soberanos, convictos da verdade e da excelência desta doutrina, não consideravam um dever apoiá-la abertamente com a autoridade de seu nome. É que os soberanos talvez sejam os homens menos livres; mais que simples particulares, estão submetidos às exigências do mundo e obrigados, por razões de Estado, a certas cautelas. Não nos permitiríamos citar a rainha Vitória, a propósito do Espiritismo, se outros jornais não houvessem tomado a iniciativa; e, porque não houve para o fato nem desmentidos, nem reclamações, julgamos poder fazê-lo sem inconveniente. Sem dúvida, dia virá em que os soberanos poderão confessar-se espíritas, como se confessam protestantes, católicos gregos ou romanos. Esperando, sua simpatia não é tão estéril quanto se poderia crer, porque, em certos países, se o Espiritismo não é entravado e perseguido oficialmente, como o era o Cristianismo em Roma, † deve-o a altas influências. Antes de ser oficialmente protegido, deve contentar-se em ser tolerado, aceitar o que lhe dão e não pedir muito, com medo de nada obter. Antes de ser carvalho, não passa de caniço, e se o caniço não se quebra, é que se dobra ao vento.