1. — Um dos nossos correspondentes de São Petersburgo † nos envia a tradução de um artigo publicado contra o Espiritismo, num jornal religioso daquela cidade: Doukhownaia Beceda (Exercícios religiosos). É um relato feito por dois jovens de Moscou, † os Srs.***, que, em novembro último, se apresentaram em nossa casa, aparentando fazer parte da melhor sociedade, dizendo-se muito simpáticos ao Espiritismo, tendo sido recebidos com a consideração devida à sua qualidade de estrangeiros. Nada absolutamente em suas palavras e maneiras traía a intenção que os movia; era preciso que assim fosse para representarem seu papel e realizarem a missão de que estavam encarregados. Por certo nossos adversários da França nos habituaram a relatos que não brilham pela exatidão, mas, justiça lhes seja feita: ao que saibamos, nenhum deles levou tão longe a calúnia. Isto teria sido difícil num jornal francês, porque a lei protege contra tais abusos, mas também porque muitas testemunhas oculares viriam constatar a verdade. Mas, a seiscentas léguas, num país estrangeiro e numa língua desconhecida aqui, isto era mais fácil. Devemos aos numerosos adeptos da Rússia uma refutação desse ignóbil panfleto, cujos autores são ainda mais repreensíveis por terem abusado da confiança que tinham buscado inspirar. Introduzindo-se sob falsas aparências, como emissários de um partido, numa casa particular e numa reunião muito privada, jamais aberta ao público e onde só se é admitido mediante recomendação, para dar publicidade a um relatório desfigurado e ultrajante, colocam-se abaixo dos espiões, porquanto estes, pelo menos, prestam conta exata do que viram. É lamentável, ainda, seja em nome da religião que se façam semelhantes coisas, por as julgarem necessárias à sua sustentação. Não é por tais meios que algum dia aniquilarão o Espiritismo; fazem-no crescer pelo ódio que lhe devotam. Deu-se o mesmo com o Cristianismo no seu início; perseguindo-o, seus adversários trabalharam pela sua consolidação. Mas naquela época não havia publicidade e a calúnia podia ser alimentada por muito tempo. Hoje a verdade vem à tona prontamente, e, quando dizem que uma coisa é negra, ainda que de forma mecânica, cada um pode achar ao seu lado a prova de que é branca e o odioso da calúnia recai sobre seus autores.
As reflexões do jornal são as de todos os detratores que têm a mesma opinião. Foram refutadas tantas vezes que seria inútil a elas voltar. Não obstante, citaremos a seguinte passagem:
2. — “Os espíritas estarão, efetivamente, em comunicação direta com o mundo dos Espíritos, a tal ponto que as mais altas personagens e às mais sagradas acorram ao seu apelo ad libitum, † à vontade dos médiuns, como ao toque de uma sineta? Não há aqui charlatanismo e grosseira patifaria, não da parte dos Espíritos, que Allan Kardec ensina tão bem a distinguir, mas da parte do próprio chefe dessa nova seita, tão sedutora para a imaginação de seus adeptos inexperientes? Duas cartas anexas, de Paris, † vindas de pessoas dignas de fé, mas que não quiseram identificar-se, podem dar uma resposta suficiente a essa delicada questão.”
O Espiritismo jamais disse que os Espíritos, quaisquer que sejam, venham à vontade de um médium qualquer; ao contrário, diz que eles não estão às ordens de ninguém; que vêm quando querem e podem. Faz mais, pois demonstra as causas materiais que se opõem a que um Espírito se manifeste ao primeiro que chegar.
Se a comunicação dos Espíritos não passa de uma ideia sem fundamento e de uma comédia, só uma pessoa devia ter o seu monopólio. Como é que a realidade do fato é constatada há anos por milhões de indivíduos de todas as classes e idades, em todos os países? Então todo mundo representa a comédia, dos príncipes aos plebeus, e isto em proveito de quem? O que é ainda mais bizarro é que essa comédia leva os incrédulos a Deus e faz orar os que zombavam da prece. Jamais se viu uma escamoteação produzir resultados tão sérias.
Quanto às cartas dos dois emissários, seria supérfluo assinalar as tolas e grosseiras injúrias que encerram; bastará que citemos alguns erros materiais para mostrar a fé que merece seu relatório sobre o resto.
3. — À hora convencionada fomos nos recomendar a Allan Kardec. Ele reside numa dessas passagens constantemente tomadas pela multidão. Um cartaz em grandes letras anuncia que é lá que se realizam os mistérios do Espiritismo.
Ao pé da escada há um pequeno letreiro, com estas palavras: Revista Espírita, 2º andar, porque lá está a direção do jornal, e sendo todo jornal sujeito ao público, deve indicar seu domicílio. Abaixo está escrito: Sala de cursos, porque a sala das sessões era primitivamente destinada a cursos diversos, que jamais se realizaram desde que habitamos o local. Nada há ali que anuncie a realização de quaisquer mistérios. É uma primeira invenção desses senhores tão dignos de fé.
4. — Eram cinco horas da tarde. Estava escuro e o espírita não tinha fogo. † Por corredores tortuosos fomos introduzidos em seu gabinete. [Kardec residia em um prédio com vários apartamentos]
Os visitantes jamais são introduzidos em nosso gabinete, mas num salão de recepção que, por certo, não é o de um palácio, mas onde os que não o acham digno estão perfeitamente livres para não voltar.
5. — Depois de nos ter convidado para nos assentarmos, continuou a conversar com um rapaz desconhecido para nós. As palavras destes últimos nos levaram a compreender que era um médium recente e se achava obsidiado pela força impura que lhe dava respostas sob a máscara de puros Espíritos; que a princípio as respostas são veladas por uma inocência perfeita, mas em seguida o diabo se traía pouco a pouco. A voz, o ar estupefato do jovem, tudo denotava uma violenta agitação. O espírita respondeu que a pureza moral da vida e a moderação eram necessárias para se comunicar com os Espíritos, e assim por diante; que no começo o médium é ordinariamente perseguido pelos maus Espíritos, mas que depois chegam os bons. O tom desse discurso era o de um mestre ou preceptor. Não há dúvida de que tudo isto não passava de uma comédia representada em nossa presença.
Esse rapaz, nós nos lembramos, era um simples operário que vinha pedir-nos conselhos, como acontece muitas vezes. Continuamos nossa conversa com ele porque, aos nossos olhos, um operário honesto tem direito a tanto mais consideração quanto mais humilde a sua posição. É possível que estas ideias não sejam as daqueles senhores, mas eles lá chegarão quando, numa outra existência, se acharem na condição daqueles a quem hoje tratam com tanta altivez. Quanto à comédia que, não há dúvida, eles representaram, é muito singular que fosse preparada para eles, já que não os esperávamos. À sua chegada o moço estava só; como continuamos a conversa, é que a tínhamos começado. Ambos, então, representamos uma comédia. Em todo o caso, ela nada tinha de muito interessante, e quando se faz tanto, faz-se algo melhor.
6. — Graças a uma obscuridade interessante, o mestre não era visível. Dirigiu-se a nós com uma pergunta que sondava nossa crença no Espiritismo, seu desenvolvimento em Moscou, e assim por diante. Procedia com muita reserva até que soube do nosso desejo. Trouxeram uma lâmpada; então vimos diante de nós um senhor bem corpulento, idoso, de fisionomia bastante amável, olhos singulares que, à primeira vista, pareciam trespassar o indivíduo, para, logo depois, mostrarem um certo ar sonhador. Por muito tempo fitei seus olhos, notáveis no mais alto grau, em seu semblante comum.
Não sei por que atraí sua atenção, de sorte que me perguntou, várias vezes, se eu não era médium. Provando nossa conversa os nossos conhecimentos de Espiritismo, ele começou a tornar-se mais comunicativo.
Vê-se qual era o conhecimento deles sobre o Espiritismo e, sobretudo, sua sinceridade. Se, por uma linguagem astuciosa, pensaram nos enganar, eles é que representavam a comédia.
7. — Pôs-se a falar em termos obscuros da alma e dos Espíritos; a princípio sua voz era calma, mas terminou seu discurso com uma ênfase singular. Tendo-lhe perguntado como ele distingue os bons dos maus Espíritos, respondeu que previamente submetiam cada Espírito à prova; se o Espírito não contradissesse as opiniões morais e religiosas dos espíritas, anotavam-no como puro Espírito. À minha pergunta: Por que ele só se ocupava da solução das questões morais e não tocava nem nas científicas, nem nas políticas – pergunta que o contrariou visivelmente – respondeu algo deste gênero: Os Espíritos não se metem nisto.
Geralmente a política é o terreno perigoso sobre o qual os falsos irmãos procuram trazer os espíritas. Segundo eles, a moral é coisa muito banal e muito vulgar; isto é assunto muito repisado; é necessário o positivo. Um indivíduo condecorado que, sob falsa aparência, se havia introduzido num grupo de operários, em Lyon, † onde também se encontravam alguns militares, fez esta pergunta: “O que pensam os Espíritos de Henrique V?” † A resposta dos Espíritos e dos assistentes não lhe deu vontade de continuar nem de voltar.
8. — Depois de certa hesitação, ele nos permitiu assistir à reunião dos espíritas sexta-feira à noite. Pretendiam questionar um coronel da guarda, médium há pouco falecido. Dissemos-lhe adeus. A noite de sexta-feira me interessa e vos darei conta de tudo que vir e ouvir. No entanto, dizem que tomam cem francos por cada sessão. Se for verdade, evidentemente não poderei ver nem ouvir. Sacrificarei dez francos, não mais. Paris, 2/14 de novembro de 1864.
Independentemente de nossos bem conhecidos princípios, claramente formulados em nossas obras, em relação à exploração do Espiritismo sob uma forma qualquer, mais de seis mil ouvintes, que foram admitidos às sessões da Sociedade Espírita de Paris, desde a sua fundação em 1º de abril de 1858, podem dizer se alguma vez um só deles pagou alguma coisa como contribuição obrigatória ou facultativa; mesmo se foi imposto a quem quer que seja, como condição de admissão, a compra de um único livro ou a assinatura da Revista. Quando se explora o público, a escolha não é difícil; visa-se o número. A hesitação, portanto, não seria concebível para admitir esses senhores; em vez de permitir que viessem, teriam sido solicitados a vir. Só por estas palavras eles se traem; mas não pensam em tudo.
Já que tinham ouvido falar que eram cobrados supostos cem francos por pessoa, e que consentiriam em pagar apenas dez, como é que não se certificaram disso antes? Era muito natural, necessário mesmo, no-lo perguntar, para não serem pegos de surpresa na chegada. Há aqui uma insinuação pérfida, mas desastrada. No relato que a seguir fazem da sessão a que assistiram, não falam de pagamento. Ora, tendo dito que sacrificariam dez francos, dão a entender que não lhes custou mais. Recuaram ante uma afirmação; mas disseram de si para si: “Lancemos a ideia; sempre restará alguma coisa.” Mas quando não há nada, nada pode restar, a não ser a vergonha para o mentiroso.
Aliás, não é a primeira vez que a malevolência e a inveja empregam tal meio com vistas a desacreditar a Sociedade perante a opinião pública. Ultimamente, em Nantes, um indivíduo informava que as entradas aí custavam cinco francos por cabeça. Seria singular que depois de oito anos de existência ainda não se saiba se ela cobra 100 francos ou 5 francos. Na verdade, é preciso estar bem enceguecido pela vontade de prejudicar a ponto de crer que o público possa ser enganado sobre um fato tão material, que diariamente recebe um desmentido, tanto pelas pessoas que a eles assistem, quanto pelos princípios que ela professa e que são formulados sem equívoco em nossos escritos.
Entretanto, dessa calúnia ressalta uma instrução. Desde que os nossos adversários pensam poder desacreditar a Sociedade, dizendo que exige uma contribuição dos visitantes, é que eles consideram como mais honroso nada cobrar. Ora, uma vez que ela nada exige; que em vez de visar ao número dos audientes, o restringe tanto quanto possível, é que não especula com eles; assim, corta pela base toda suspeita de charlatanismo.
A circunstância do coronel que devia ser evocado nos deu a pista da sessão à qual assistiram aqueles senhores. O fato de não encontrarmos seus verdadeiros nomes na lista do dia prova que se apresentaram com nomes falsos. Isto era muito fácil de verificar, porque aquele era um dia de sessão particular reservada aos membros da Sociedade, à qual só tinham sido admitidos quatro ou cinco estrangeiros, de passagem em Paris. Enviando-nos os seus nomes verdadeiros, nosso correspondente nos informa que são filhos de um alto funcionário eclesiástico russo.
9. — Sexta-feira passada, às oito horas da noite, dirigimo-nos à sessão da Sociedade espírita. Chegamos cedo; os membros ainda não eram numerosos, de sorte que pudemos examinar minuciosamente o ambiente. Um enorme salão continha várias fileiras de cadeiras. Ao lado de uma das paredes achava-se uma mesa coberta com uma toalha verde, em redor da qual estavam cadeiras para os principais membros da Sociedade. Sobre a mesa havia um monte de papéis brancos e uma porção de lápis apontados; nada mais. Acima da mesa pendia a imagem do Senhor abençoando.
Uma investigação tão minuciosa e levada até ao exame dos papéis é um tanto indiscreta da parte de pessoas que se dizem gentis-homens e admitidas por cortesia numa casa particular e a uma reunião que nada tem de pública.
Não há absolutamente nada suspenso acima da mesa. Perto da parede há uma estatueta de São Luís, em costume de rei, presidente espiritual da Sociedade, e que aqueles senhores, ao que parece tomaram pelo Cristo.
10. — As paredes eram ocupadas por quadros singulares. Examinei-os detalhadamente. O maior, pintado a óleo, representa um caixão de defunto, com correntes caídas em volta; uma paisagem extravagante, com plantas fantásticas, rodeava o caixão. Uma inscrição explica que o quadro foi pintado por Allan Kardec.
Esse quadro alegórico é o de que falamos na Revista de novembro de
1862. [Vide: Aqui
jazem 18 séculos de luzes.] Não há correntes nem plantas de nenhuma
espécie. Em baixo há uma legenda explicativa, com esta inscrição aposta
ao próprio quadro, e em evidência: “Pintura mediúnica. Quadro alegórico
do advento e do triunfo do Espiritismo; pintado pelo Sr. V…, jovem
aluno de farmácia, sem qualquer conhecimento de pintura nem de desenho.
Lyon.” Não sabemos como esses senhores puderam ver nessas palavras que
o quadro foi pintado por Allan Kardec. Isto dá a medida da exatidão
de seu relatório e da confiança que o resto merece.
Mais longe, toda uma série de quadros ou desenhos, não sei bem como os chamar, feitos por diversas pessoas, sob a influência dos Espíritos. Impossível dizer a impressão que esses quadros produziram em mim. Examinei-me, examinei-me severamente e achei que a disposição de meu espírito naquele momento era perfeitamente tranquila, cheia de sangue-frio, de sorte que a impressão que experimentei ao ver aqueles quadros era independente de minha imaginação. Os quadros ou desenhos representam uma insólita reunião de linhas, pontos, círculos, uma reunião original que não tem qualquer semelhança com o que quer que seja. Todos têm um certo gênero particular, que lhes pertence em comum, mas completamente indefinível. Dir-se-ia que nada há de particular nesses pontos e linhas e, contudo, a impressão que deixam é das mais desagradáveis, semelhante a um fatigante pesadelo. Numa palavra, aqueles desenhos em nada se parecem com os que já tenhais visto e para mim são repugnantes.
Nessa coleção de desenhos mediúnicos acham-se: a casa de Mozart, publicada na Revista de agosto de 1858, e que todos conhecem; uma cabeça do Cristo, feita no México, de um tipo admirado por todos os peritos; um outro Cristo, coroado de espinhos, modelado em argila na Sociedade Espírita de Madrid, † de notável execução; duas soberbas cabeças de mulher em perfil grego, desenhadas na Sociedade Espírita de Constantinopla; † uma paisagem a bico-de-pena, pelo Sr. Jaubert, vice-presidente do Tribunal de Carcassonne † e que qualquer artista consumado assinaria, etc. Eis as linhas e os pontos que perturbaram os olhos daqueles senhores de maneira tão desagradável e repugnante. Seríamos realmente tentados a crer que um Espírito maligno os fascinou, de modo a fazê-los ver tudo pelo avesso, a fim de tornar seu relato mais pitoresco.
11. — Enfim, os membros da Sociedade se reúnem em número de cerca de setenta. Como nas sociedades verdadeiras, também havia secretários. Inicialmente leram um capítulo do Evangelho; depois o protocolo da sessão precedente. Confesso que não havia meio de escutar sem rir as diversas informações. Em Lyon, por exemplo, um Espírito dizia tolices, razão pela qual determinaram a sua exclusão do número dos Espíritos de boa conduta.
Em seguida leram o necrológio do coronel espírita que devia ser evocado durante essa sessão. Antes ele era são-simonista. Allan Kardec disse à Sociedade que lhe faria perguntas sobre as relações do Espiritismo e do são-simonismo. Um dos assistentes quis fazer algumas perguntas, mas o mestre declarou que os outros não deviam intrometer-se naquilo que não fossem solicitados.
Eu esperava sempre que trouxessem o aparelho que devia escrever, mas me enganava. Allan Kardec tocou a campainha e, na antecâmara, apareceu um rapaz com cara de larápio, numa palavra, pronto a dizer de cor, por um quarto de rublo e até mesmo por meia libra, toda sorte de absurdos. Disseram-nos que era um médium.
Aqui já não se trata de simples inexatidões: é o cinismo da injúria e do ultraje. Basta citar tais palavras para os desacreditar. Na França seus autores teriam sido levados aos tribunais. No que respeita a inexatidões, diremos apenas que, desde que a Sociedade existe, jamais houve campainha em seu escritório; por conseguinte, não podíamos tocá-la. Os ouvidos desses senhores tiniram, como seus olhos faiscaram, ao olharem os desenhos e a estatueta de São Luís.
O público, na maioria composto de velhos, era característico; quase metade era de semiloucos. Os jovens, extasiados e desgrenhados, seguiam atentamente os movimentos do médium. Ali havia crentes tão obstinados, que era até um pecado rir deles; não se podia senão lamentá-los.
Parece que mentir é um pecado menor. É verdade que certas pessoas pensam que toda mentira, feita com boas intenções, é desculpável. Ora, para alguns, denegrir o Espiritismo é excelente motivo.
Que respondeu o Espírito? Respondeu pela tagarelice de Allan Kardec, que se pode admirar em suas obras.
O Espírito de que se trata é o do Sr. Bruneau, membro da Sociedade Espírita, antigo aluno da Escola Politécnica e coronel de artilharia, falecido recentemente. Pode-se ver a ata de sua evocação na Revista de dezembro de 1864.
Allan Kardec propôs evocar uma criança são-simonista.
Naquele dia havia oito médiuns à mesa, e não um. Como se acabava de evocar o Sr. Bruneau, que tinha sido são-simonista, e que, a respeito, se havia falado desta doutrina, seu antigo chefe, o Pai Enfantin, † comunicou-se espontaneamente, e sem ser evocado, por um dos médiuns e participou da discussão. Foi, pois, o Pai Enfantin que o fiel narrador tomou por uma criança são-simonista. n
Quanto a nós, ficamos tão aborrecidos quanto enojados com o aspecto de toda essa gente. Levantamo-nos e fomos embora. Assim terminou nossa visita espírita. A despeito de tudo, não me posso dar conta se é patifaria ou loucura. Mas, chega! Paris, 9/21 de novembro de 1864.
O redator do jornal acrescenta:
A pessoa que nos forneceu essas duas cartas interessantes as termina com a seguinte observação: “O relato consciencioso da testemunha ocular é muito importante, ainda mesmo que nem tudo explique. É por esta razão que pensamos que o extrato atual não será desprovido de utilidade para as pessoas demasiado crédulas em matéria de comunicação com os Espíritos.”
As reflexões provocadas por fatos desta natureza estão resumidas no artigo seguinte. [Nova tática dos adversários do Espiritismo]
[1]
N. do T.: Parece que o missivista, por não compreender bem o francês,
confundiu a palavra enfant (criança) com Père Enfantin. (nome próprio.)