O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano V — Junho de 1862.

(Idioma francês)

Sociedade Espírita de Viena, Áustria.

(Sumário)


1. — Anunciando que uma edição alemã de nossa brochura O Espiritismo em sua expressão mais simples tinha sido publicada em Viena,  †  falamos da Sociedade Espírita dessa cidade. Recebemos do presidente daquela Sociedade a seguinte carta:


“Senhor Allan Kardec,

“A Sociedade Espírita de Viena encarrega-me de vos comunicar que acaba de vos nomear seu presidente de honra, pedindo que aceiteis esse título como penhor de elevada e respeitosa estima que vos dedica. Desnecessário acrescentar, senhor, que servindo aqui de instrumento, não faço senão obedecer a um impulso do coração, que vos é inteiramente dedicado.

“Permiti-me, senhor, sem abusar de vosso precioso tempo, aditar algumas palavras relativas à nossa Sociedade. Ela acaba de entrar em seu terceiro ano e, embora muito restrito ainda seja o seu número de associados, posso dizer com satisfação que, no círculo privado em que ainda se move, faz proporcionalmente muito bem; e tenho esperança que, ao chegar o momento de ampliar o seu campo de atividade, ela produzirá frutos mais abundantes: é o meu mais vivo desejo. No ano passado, por ocasião do primeiro aniversário, dizia-me o nosso Espírito protetor em seu profundo e majestoso laconismo: Semeastes a boa semente; eu vos abençoo. Este ano me disse: Eis a máxima para o ano que vai começar: Com Deus e para Deus. O ano passado foi uma recompensa para o que passou; este ano é um encorajamento para o futuro. Assim, preparei-me para empregar meios mais diretos para agir sobre a opinião pública. Primeiramente, a tradução da vossa excelente brochura não terá deixado de preparar o terreno; depois, pensei na publicação de um jornal em alemão como meio mais seguro de apressar os resultados. Material não me faltará, sobretudo se permitirdes que algumas vezes eu o possa extrair dos tesouros encerrados em vossa Revista, onde, naturalmente, tomarei sempre como dever sagrado indicar a fonte das passagens e os trechos que tiver traduzido. Enfim, para coroar a obra, gostaria de pôr à disposição dos alemães o vosso precioso e indispensável O Livro dos Espíritos. Assim, senhor, e sem temer vos importunar, pois estou persuadido de que todo pensamento do bem corresponde ao vosso próprio pensamento, venho pedir-vos que, se ninguém ainda obteve esse favor, que me permitais fazer a sua tradução em língua alemã.

“Acabo de vos expor, senhor, os projetos que medito, a fim de dar um impulso maior à propagação do Espiritismo entre nós. Seria ousadia de minha parte dirigir-me à vossa benévola experiência para receber alguns conselhos salutares que, não o duvideis, terão grande peso na decisão que hei de tomar?

“Recebei, etc.

C… Delhez.”


2. — Esta carta fez-se acompanhar do seguinte diploma:


SOCIEDADE ESPÍRITA, DITA DA CARIDADE, DE VIENA (ÁUSTRIA.)


SESSÃO DE ANIVERSÁRIO. – 18 DE MAIO DE 1862.

“Em nome de Deus Todo-Poderoso e sob a proteção do Espírito divino,

“A Sociedade Espírita de Viena, ao ensejo de seu segundo aniversário, querendo testemunhar à sua primogênita de Paris,  †  na pessoa de seu digno e corajoso presidente, a deferência e o reconhecimento que lhe inspiram seus constantes esforços e seus preciosos trabalhos pela santa causa do Espiritismo e pelo triunfo da fraternidade universal, por proposta de seu presidente e com a aprovação de seus conselheiros espirituais, nomeou, por aclamação, o Sr. Allan Kardec, presidente da Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, com o título de Presidente de Honra da Sociedade Espírita, dita da Caridade, de Viena, Áustria.

“Viena, 19 de maio de 1862.

“O Presidente,

C… Delhez.”


Atendendo a insistentes pedidos, sentimo-nos no dever de publicar textualmente as duas peças acima, como testemunho de nossa profunda gratidão pela honra que nos fazem nossos irmãos espíritas de Viena, honra que estávamos longe de esperar, porque nela vemos não uma homenagem à nossa pessoa, mas aos princípios regeneradores do Espiritismo. É uma nova prova do crédito que tais princípios adquirem, tanto no estrangeiro quanto na França. Pondo de lado o que as cartas têm de lisonjeiro para nós, o que nos causa viva satisfação é, sobretudo, ver a finalidade eminentemente séria, religiosa e humanitária que se propõe a Sociedade Espírita de Viena, à qual o nosso concurso e o nosso devotamento não faltarão. Outro tanto podemos dizer de todas as sociedades que se formam em vários pontos e que aceitam, sem restrição, os princípios de O Livro dos Espíritos e de O Livro dos Médiuns.


3. — Entre as que se organizaram ultimamente, devemos citar a Sociedade Africana de Estudos Espíritas, de Constantina,  †  que houve por bem se colocar sob o nosso patrocínio e o da Sociedade de Paris, e que já conta cerca de quarenta membros. Teremos ocasião de voltar ao assunto com mais detalhes.


4. — À vista desse movimento geral e do incessante crescimento da opinião, os adversários do Espiritismo compreenderão, enfim, que qualquer tentativa para o deter seria inútil e o que melhor têm a fazer é aceitá-lo, considerando-o, doravante, como um fato consumado. A arma do ridículo se esgotou em vãos esforços, tornando-se, assim, impotente; a doutrina do diabo que, neste momento, buscam restaurar com obstinação, será mais feliz? A resposta está, por completo, no efeito que produz: causa riso. Para isso, seria necessário que aqueles que a propagam dela estivessem convencidos. Ora, podemos afirmar com segurança que, em seu número, muitos não o acreditam absolutamente. É uma última arrancada, cujo resultado será apressar a propagação das ideias novas, primeiro porque as torna conhecidas, excitando a curiosidade e, depois, porque prova a escassez de argumentos realmente sérios.


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