Deus criou a semente humana, que espalhou nos mundos, como o lavrador lança nos sulcos o grão que deve germinar e amadurecer. Essas sementes divinas são moléculas de fogo que Deus faz jorrar do grande foco, centro de vida, onde resplandece o seu poder. Tais sementes são para a Humanidade aquilo que são os germes das plantas para a terra; desenvolvem-se lentamente e só amadurecem após longa permanência nos planetas-mãe, onde se forma o começo das coisas. Falo apenas do princípio; chegado à sua condição de homem o ser se reproduz e a obra de Deus está consumada.
Por que, sendo comum o ponto de partida, são tão diversos os destinos humanos? Por que nascem uns num meio civilizado e outros no estado selvagem? Qual é, então, a origem dos demônios? Retomemos a história do Espírito em sua primeira eclosão. Apenas formadas, hesitantes e balbuciantes, as almas são, entretanto, livres de inclinar-se para o bom ou para o mau lado. Desde que viveram, os bons separam-se dos maus. A história de Abel é ingenuamente verdadeira. Apenas saídas das mãos do Criador, as almas ingratas persistem na revolta do crime; então, durante a sucessão dos séculos, elas erram, prejudicando os outros e, sobretudo, a si mesmas, até que sejam tocadas pelo arrependimento, o que acontece infalivelmente. Então os primeiros demônios são os primeiros homens culpados. Deus, na sua imensa justiça, jamais impõe sofrimentos que não sejam os resultantes dos atos maus. A Terra devia ser inteiramente povoada, mas não o poderia ser igualmente; conforme o grau de progresso obtido nas migrações terrenas, uns nascem nos grandes centros de civilização, enquanto outros, Espíritos incertos, ainda necessitados de iniciação, nascem nas florestas recuadas. O estado selvagem é preparatório. Tudo é harmonioso, e a alma culpada e cega de um demônio da Terra não pode reviver num centro esclarecido. No entanto, algumas se aventuram nesse meio que não é o seu. Se aí não marchar em uníssono, oferecem o espetáculo da barbárie no seio da civilização. São seres expatriados.
O estado embrionário é o de um ser que ainda não sofreu migração. Não se pode
estudá-lo à parte, por isso que é a origem do homem. [Vide:
Observações Preliminares.]
Georges.