O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano III — Outubro de 1860.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.

Recebidas ou lidas na Sociedade por vários médiuns.

Os Espíritos errantes.

(Médium – Sra. Costel.)

Os Espíritos estão divididos em várias categorias. A princípio os embriões, que não possuem nenhuma faculdade distinta; que flutuam no ar como insetos que se veem turbilhonar num raio de sol; que volitam sem objetivo e se encarnam sem terem feito escolha. Tornam-se seres humanos ignorantes e grosseiros.

Acima deles estão os Espíritos levianos, cujos instintos não são maus, mas apenas maliciosos; divertem-se com os homens e lhes causam aborrecimentos frívolos. São crianças, delas conservando os caprichos e a malícia pueril.

Os Espíritos maus não são todos do mesmo grau; uns não fazem outro mal, além de ligeiros enganos; não se prendem a um ser e se limitam a cometer faltas pouco graves.

Os Espíritos malfeitores impelem ao mal e gozam com isto, mas ainda têm algum lampejo de piedade.

Os Espíritos perversos não a têm. Todas as suas faculdades tendem para o mal. Fazem-no por cálculo e com perseverança; gozam as torturas morais que provocam. Correspondem, no mundo dos Espíritos, aos criminosos no vosso. Chegam a tal perversidade porque desconhecem as leis de Deus; nas suas vidas carnais, sucumbem de queda em queda e passam-se séculos antes que lhes venha um pensamento de renovação. O mal é o seu elemento; nele mergulham com prazer; mas, obrigados a reencarnar-se, passam por tais sofrimentos e esses sofrimentos de tal modo crescem em suas vidas espíritas que a paixão do mal neles se consume; acabam por compreender que devem ceder à voz de Deus, que não cessa de os chamar. Viram-se Espíritos rebeldes pedir com ardor as mais terríveis expiações e suportar o martírio com alegria. Esse retorno ao bem é uma imensa felicidade para os puros Espíritos. A palavra do Cristo sobre as ovelhas desgarradas é radiosa verdade.

Os Espíritos errantes da segunda ordem são os intermediários entre os Espíritos superiores e os mortais, porque é raro que os Espíritos se comuniquem diretamente, sendo preciso que a tanto sejam impelidos por uma solicitude particular. Esses intermediários são os Espíritos dos mortais que não têm nenhum mal grave a se censurar e cujas intenções não foram más. Recebem missões e, quando as realizam, com zelo e amor, são recompensados por um progresso mais rápido. Têm menos migrações a sofrer. Assim, os Espíritos desejam ardentemente essas missões, que só lhes são concedidas como recompensa e quando são julgados capazes de cumpri-las. São os Espíritos superiores que os dirigem e lhes escolhem as funções.

Os Espíritos superiores não são todos do mesmo grau. Se eles são dispensados das migrações nos vossos mundos, não o são das condições de progresso nas esferas mais elevadas. Enfim, não existe nenhuma lacuna no mundo visível e no invisível; uma ordem admirável proveu a tudo; nenhum ser é ocioso ou inútil; todos concorrem na medida de suas faculdades para a perfeição da obra de Deus, que não tem termo nem limite. [Vide: Observações Preliminares.]

Georges.


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