O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano III — Agosto de 1860.

(Idioma francês)

DITADOS ESPONTÂNEOS E DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

Recebidas ou lidas nas sessões da Sociedade.

A eletricidade espiritual.

(Médium – Sr. Didier Filho.)

1. — O homem é, ao mesmo tempo, um ser muito singular e muito fraco. Singular no sentido de que, em meio aos fenômenos que o cercam, nem por isso deixa de seguir o seu curso ordinário, espiritualmente falando; fraco porque, depois de ter visto e admirado, sorri porque seu vizinho sorriu e não pensa mais naquilo. E notai que aqui falo, não dos seres vulgares, sem reflexão, sem conhecimento. Não; falo de gente inteligente e, na maioria, esclarecida. De onde vem esse fenômeno? Porque, refletindo bem, é um fenômeno moral. Pois que! O Espírito começou a agir sobre a matéria pelo magnetismo e a eletricidade; a seguir entrou no próprio coração do homem e este não o percebe! Estranha cegueira! Cegueira, não produzida por uma causa estranha, mas voluntária, oriunda do Espírito. Em seguida vem o Espiritismo, produzindo uma comoção no mundo, e o homem publicou livros muito sábios, dizendo: é uma causa natural, é simplesmente a eletricidade, uma lei física, etc.; e o homem ficou satisfeito. Mas, crede, o homem ainda terá muitos livros para escrever, antes de poder compreender o que se acha escrito no livro da Natureza: o livro de Deus. A eletricidade, essa sutileza entre o tempo e o que não é mais o tempo, entre o finito e o infinito, não pôde o homem ainda definir. Por quê? Sabei-o: só podereis defini-la pelo magnetismo, essa manifestação material do Espírito. Por ora só conheceis a eletricidade material; mais tarde conhecereis também a eletricidade espiritual, que mais não é que o reino eterno da ideia.

Lamennais. n


2. Desdobramentos da comunicação anterior.


1. Teríeis a bondade de dar-nos alguns esclarecimentos sobre certas passagens de vosso último ditado, que nos parecem um pouco obscuras?

Resposta. – Farei o que me for possível no momento.


2. Dizeis: a eletricidade, essa sutileza entre o tempo e o que não é mais o tempo, entre o finito e o infinito; esta frase não nos parece muito clara. Teríeis a bondade de expô-la mais detalhadamente?

Resposta. – Explico-me assim, da maneira mais simples que posso. Para vós o tempo existe, não é mesmo? Mas não existe para nós. Assim defini a eletricidade: essa sutileza entre o tempo e o que não é mais o tempo, porque esta parte do tempo de que outrora vos devíeis servir para vos comunicardes de um a outro extremo do mundo, esta porção do tempo, digo eu, não existe mais. Mais tarde virá a eletricidade, que não será outra coisa senão o pensamento do homem, transpondo o espaço. Com efeito, não é a imagem mais compreensível entre o finito e o infinito, o pequeno meio e o grande meio? Quero dizer, em síntese, que a eletricidade suprime o tempo.


3. Mais adiante dizeis: Não conheceis ainda senão a eletricidade material, mais tarde conhecereis também a eletricidade espiritual. Por isto entendeis os meios de comunicação de homem a homem, por via mediúnica?

Resposta. – Sim, como progressos médios; outra coisa virá mais tarde. Dai aspirações ao homem: a princípio ele adivinha; depois vê.



[1] [v. Lamennais.]


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