As pessoas que não conhecem o Espiritismo senão de modo superficial
são, naturalmente, inclinadas a formular certas questões, cuja solução
por certo encontrariam se o estudassem com mais profundidade. Falta-lhes,
porém, o tempo e, muitas vezes, a vontade para se entregarem a observações
contínuas. Antes de empreenderem essa tarefa, muitos desejam saber,
pelo menos, do que se trata e se vale a pena se ocuparem com ela. Pareceu-nos,
pois, de real utilidade apresentar resumidamente as respostas a algumas
das principais perguntas que nos são diariamente dirigidas; isto será,
para o leitor, uma espécie de iniciação, e, para nós, ganho de tempo
por nos dispensar de repetir constantemente a mesma coisa. [Vide: VARIEDADES
na Revista
de julho de 1859.]
O primeiro capítulo encerra, sob a forma de diálogos, respostas às objeções mais comumente feitas por aqueles que desconhecem os princípios fundamentais da Doutrina, bem como a refutação dos principais argumentos de seus contraditores. Esta modalidade nos pareceu a mais conveniente, por não ter a aridez da forma dogmática.
O segundo capítulo é consagrado à exposição sumária das partes da ciência prática e experimental, sobre as quais, na falta de uma instrução teórica completa, o observador inexperiente deve fixar a sua atenção para poder julgar com conhecimento de causa; é, de certa forma, um resumo de O Livro dos Médiuns. Ora, como na maioria das vezes as objeções nascem das ideias falsas, feitas, a priori, sobre aquilo que não se conhece bem, retificar essas ideias é prevenir as objeções que se possam fazer, sendo tal o objetivo deste pequeno trabalho.
O terceiro capítulo pode ser considerado como o resumo de O Livro dos Espíritos. É a solução, pela Doutrina Espírita, de certo número de problemas do mais alto interesse, de ordem psicológica, moral e filosófica que diariamente são propostos, e aos quais nenhuma filosofia deu ainda resposta satisfatória. Procurem resolvê-los por qualquer outra teoria, sem a chave que nos fornece o Espiritismo, e verão quais são as respostas mais lógicas, quais as que melhor satisfazem à razão.
Estes resumos não somente são úteis aos principiantes, que neles poderão, em pouco tempo e com pouca despesa, colher as noções mais essenciais da Doutrina Espírita, como também aos adeptos, pois lhes fornecem os meios para responderem às primeiras objeções que não deixarão de lhes apresentar, e, além disso, por encontrarem reunidos, em quadro restrito e sob um mesmo ponto de vista, os princípios que devem estar sempre presentes à sua memória.
Para responder, desde já e sumariamente, à pergunta formulada no título deste opúsculo, diremos que:
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem de tais relações.
Podemos defini-lo assim:
O Espiritismo é uma Ciência que trata da origem e do destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corpóreo.