Pergunta (à Verdade.) — Uma parte da obra foi revista, quererás
ter a bondade de dizer o que dela pensas?
Resposta. — O que foi revisto está bem; mas, quando a obra estiver acabada, deverás tornar a revê-la, a fim de ampliá-la em certos pontos e abreviá-la noutros.
P. — Entendes que deva ser publicada antes que os acontecimentos preditos se tenham realizado?
R. — Uma parte, sim; tudo não, pois, afirmo-te, vamos ter capítulos muito espinhosos. Por muito importante que seja esse primeiro trabalho, ele não é, de certo modo, mais do que uma introdução. Assumirá proporções que longe estás agora de suspeitar. Tu mesmo compreenderás que certas partes só muito mais tarde e gradualmente poderão ser dadas a lume, à medida que as novas ideias se desenvolverem e enraizarem. Dar tudo de uma vez fora imprudente. Importa dar tempo a que a opinião se forme. Toparás com alguns impacientes que procurarão empurrar-te para diante: não lhes dês ouvidos. Vê, observa, sonda o terreno, dispõe-te a esperar e faze como o general cauteloso que não ataca, senão quando chega o momento favorável.
NOTA. — (Escrita em janeiro de 1867.) — Na época em
que essa comunicação foi dada, eu apenas tinha em vista O Livro dos
Espíritos e longe estava, como disse o Espírito, de imaginar as
proporções que tomaria o conjunto do trabalho. Os acontecimentos preditos
só decorridos muitos anos teriam de verificar-se, tanto que neste momento
ainda não se deram. As obras que até agora apareceram foram publicadas
sucessivamente e eu fui induzido a elaborá-las, à medida que as novas
ideias se desenvolveram. Das que restam por fazer, a mais importante,
a que se poderá considerar a cúpula do edifício e que, com efeito, encerra
os capítulos mais espinhosos, não poderia ser publicada, sem
prejuízo, antes do período dos desastres. Eu, então, um único livro
via e não compreendia que esse pudesse cindir-se, enquanto que o Espírito
aludia aos que teriam de seguir-se e cuja publicação prematura apresentaria
inconvenientes.
“Dispõe-te a esperar, disse o Espírito; não dês ouvidos aos impacientes que procurem empurrar-te para diante.” Os impacientes não faltaram e, se eu os escutara, teria atirado o navio em cheio nos arrecifes. Coisa estranha! ao passo que uns me incitavam a andar mais depressa, outros me acusavam de não ir tão devagar quanto devia. Não dei ouvidos nem a uns, nem a outros, tomando sempre por bússola a marcha das ideias.
De que confiança no futuro não me enchia eu, à proporção que via realizar-se o que fora predito e que comprovava a profundeza e a sabedoria das instruções dos meus protetores invisíveis!
O LIVRO DOS ESPÍRITOS. 3
11 de setembro de 1856. — (Em casa do Sr. Baudin; médium: Sr.ta Baudin.)
Depois de haver eu procedido à leitura de alguns capítulos de O Livro dos Espíritos, concernentes às leis morais, o médium espontaneamente escreveu:
“Compreendeste bem o objetivo do teu trabalho. O plano está bem concebido. Estamos satisfeitos contigo. Continua, mas, lembra-te, sobretudo quando a obra se achar concluída, de que te recomendamos que a mandes imprimir e propagar. É de utilidade geral. Estamos satisfeitos e nunca te abandonaremos. Crê em Deus e avante.”
Muitos Espíritos.