O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Livro dos Espíritos.

(1ª edição)
(Idioma francês)

NOTAS

Nota V — (Nº 145)

 A doutrina da liberdade na escolha de nossas existências e das provas que devamos sofrer deixa de ser extraordinária se considerarmos que os Espíritos, desprendidos da matéria, apreciam as coisas de maneira diferente da que fazemos como homens. Percebem a meta, muito mais séria para eles do que os prazeres fugazes do mundo; após cada existência, tomam consciência do passo que deram e compreendem o que lhes falta ainda em pureza para atingir o alvo; eis por que se sujeitam voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, pedindo, eles mesmos, as que possam fazê-los chegar mais depressa. É, pois, sem razão que nos admiramos de não ver o Espírito dar preferência a uma vida mais tranquila. No Estado de imperfeição em que se acha, ele não pode gozar uma vida isenta de amarguras; apenas a entrevê, e é para alcançá-la que cuida de aprimorar-se.

Aliás, não temos diariamente sob os olhos alguns exemplos de tais escolhas? Que faz o homem que trabalha uma parte da vida sem trégua nem descanso para garantir seu bem-estar, senão impor-se uma pena com vistas a um futuro melhor? O militar que se oferece para uma missão perigosa, o viajante que afronta não menores perigos no interesse da Ciência ou da fortuna, que será isso ainda senão provas voluntárias que lhes proporcionarão honra e proveito, se triunfarem? A quanta coisa o homem não se submete e não se expõe por interesse ou para sua própria glória? Não serão os concursos provas voluntárias às quais ele se sujeita visando elevar-se na carreira que haja escolhido? Não se chega a uma posição social transcendente nas Ciências, nas Artes e na indústria senão passando pela fieira das posições inferiores, que são outras tantas provas. A vida humana é assim um decalque da vida espiritual; na Terra encontramos em pequena escala as mesmíssimas peripécias do espaço. Se, pois, nesta vida escolhemos por vezes as mais rudes provas com vistas a um alvo mais elevado, por que o Espírito, que vê mais longe que o corpo, e para quem a vida corpórea não passa de fugaz incidente, não escolheria uma existência penosa e laboriosa, desde que o conduza à eterna felicidade? Os que dizem que se o homem pudesse escolher a própria existência, iria pedir para ser príncipe ou milionário, são como cegos, que só veem o que apalpam, ou como crianças gulosas que, indagadas sobre o que querem ser na vida adulta, respondem: pasteleiros ou confeiteiros. [Questão 266.]


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