O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo VIII — A Evolução do Pensamento Religioso

Roteiro 3


Moisés e o Decálogo


Objetivo Geral: Dar condições de entendimento da evolução do pensamento religioso.

Objetivos específicos: Identificar a missão de Moisés. — Justificar a origem divina do Decálogo.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas […]. Os Mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. […] Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo I, item 9.

  • Moisés, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único, Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar se por sobre a Terra. Allan Kardec: A Gênese. Capítulo I, item 21.

  • O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita à modificação não pode emanar de Deus. É assim que a lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua origem, enquanto que as outras leis moisaicas, fundamentalmente transitórias, […] são obra pessoal e política do legislador hebreu. Com o abrandarem-se os costumes do povo, essas leis por si mesmas caíram em desuso, ao passo que o Decálogo ficou sempre de pé, como farol da Humanidade. O Cristo fez dele a base do seu edifício, abolindo as outras leis. Allan Kardec: A Gênese. Capítulo I, item 10.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Fazer uma exposição introdutória do assunto do item 1 (A missão de Moisés) dos Subsídios deste roteiro, incentivando a participação de todos os alunos.

  • Observação: enriquecer a exposição com gravuras ou projeção de imagens e textos relacionados ao tema.


Desenvolvimento:

  • Pedir à turma, em seguida, que se reúna em pequenos grupos para leitura do item 2 dos Subsídios, seguida de troca de ideias e de elaboração de uma síntese que contenha justificativas sobre a origem divina dos Dez Mandamentos.

  • Orientar os grupos a indicar um representante para apresentar, em plenária, as conclusões do trabalho.

  • Analisar as justificativas apresentadas pelos relatores, esclarecendo possíveis dúvidas.


Conclusão:

  • Explicar, ao final, os Dez Mandamentos segundo a orientação espírita.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se os participantes justificarem corretamente a origem divina do Decálogo.


Técnica(s):

  • Exposição; leitura; trabalho em pequenos grupos.


Recurso(s):

  • Subsídios deste roteiro.



 

SUBSÍDIOS


1. A missão de Moisés

O Espírito Emmanuel nos informa que dos […] Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as mutações. Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era a sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida. (8) Enquanto a civilização egípcia e os iniciados hindus criavam o politeísmo para satisfazer os imperativos da época, contemporizando com a versatilidade das multidões, o povo de Israel acreditava na existência do Deus Todo-Poderoso, por amor do qual aprendia a sofrer todas as injúrias e a tolerar todos os martírios. Quarenta anos no deserto representaram para aquele povo como que um curso de consolidação da sua fé, contagiosa e ardente. […] Todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação de Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres. (9)

O Judaísmo é uma religião revelada que teve em Moisés o seu missionário. Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes porque passou esse povo destinavam-se a chamara atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade. (3)

Moisés era um judeu, nascido no Egito, e criado por Termutis, irmã do faraó. A religião israelita foi a primeira que formulou, aos olhos dos homens, a ideia de Deus espiritual [e Único]. Até então os homens adoravam: uns, o Sol; outros, a Lua; aqui, o fogo; ali, os animais. Mas em parte alguma a ideia de Deus era representada em sua essência espiritual e imaterial. Chegou Moisés; trazia uma lei nova, que derrubava todas as ideias até então recebidas. Tinha de lutar contra os sacerdotes egípcios, que mantinham os povos na mais absoluta ignorância, na mais abjeta escravidão, e contra esses sacerdotes, que desse estado de coisas tiravam um poder ilimitado, não podendo ver sem pavor a propagação de uma ideia nova, que vinha destruir os fundamentos de seu poder e ameaçava derrubá-los. Essa fé trazia consigo a luz, a inteligência e a liberdade de pensar era uma revolução social e moral. Assim, os adeptos dessa fé, recrutados entre todas as classes do Egito, e não só entre os descendentes de Jacó [patriarca de uma das tribos de Israel], como erroneamente tem sido dito, eram perseguidos, acossados, submetidos aos mais duros vexames e, por fim, expulsos do país, porque infestavam a população com ideias subversivas e antissociais. […] Mas Deus Todo-Poderoso, que conduz com infinita sabedoria os acontecimentos de onde deve surgir o progresso, inspirou Moisés; deu-lhe um poder que homem algum havia tido e, pela irradiação desse poder, cujos efeitos feriam os olhos dos mais incrédulos, Moisés adquiriu uma imensa influência sobre a população que, confiando cegamente em seu destino, realizou um desses milagres [palavra entendida, aqui, como algo fabuloso, grande feito], cuja impressão deveria perpetuar se de geração em geração, como lembrança imperecível do poder de Deus e de seu profeta. A passagem do mar Vermelho foi o primeiro ato da libertação desse povo. Mas a sua educação estava por fazer; […] era preciso inculcar-lhes a fé e a moral, ensinando-lhes a pôr a força e a confiança num Deus criador, ser imaterial, infinitamente bom e justo. (7)

Moisés, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único, Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai [cadeia montanhosa existente no Oriente Médio, local onde Moisés recebeu as Tábuas da Lei ou Dez Mandamentos] e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar se por sobre a Terra. (6)


2. A origem divina do Decálogo

O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita a modificação não pode emanar de Deus. É assim que a lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua origem, enquanto que as outras leis moisaicas, fundamentalmente transitórias, muitas vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu. Com o abrandarem-se os costumes do povo, essas leis por si mesmas caíram em desuso, ao passo que o Decálogo ficou sempre de pé, como farol da Humanidade. O Cristo fez dele a base do seu edifício, abolindo as outras leis. (5)

A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos […] É de todos os tempos e de todos os países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter divino. (1)

Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua pureza, não na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer. A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semiselvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notável do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o império de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma representação semimaterial, qual a que apresentava então a religião hebraica. Os holocaustos lhes falavam aos sentidas, do mesmo passo que a ideia de Deus lhes falava ao espírito. (4)

Moisés […] foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito […]. (10)

Os Dez Mandamentos da Lei de Deus são os seguintes:

I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. — Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano.

II. Não pronunciareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus.

III. Lembrai-vos de santificar o dia do sábado.

IV. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará.

V. Não mateis.

VI. Não cometais adultério.

VII. Não roubeis.

VIII. Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo.

IX. Não desejeis a mulher do vosso próximo.

X. Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.


É de todos os tempos e de todos os países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as outras são leis que Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava apoiar se na autoridade de Deus; mas, só a ideia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes, em as quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o sentimento de uma justiça reta. É evidente que aquele que incluíra, entre os seus mandamentos, este: “Não matareis; não causareis dano ao vosso próximo”, não poderia contradizer se, fazendo da exterminação um dever. As leis moisaicas, propriamente ditas, revestiam, pois, um caráter essencialmente transitório. (2)



 

ANEXO


Oração

(José Silvério Horta)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo I, item 2, p. 53-54.

2. Idem, ibidem - p. 53-54.

3. Idem - Item 9, p. 59.

4. Idem, ibidem - p. 59-60.

5. Idem - A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 47. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo I, item 10, p. 18.

6. Id. - Item 21, p. 24.

7. Idem - Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Ano 1861. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Ano IV, setembro de 1861, n.º 09, item: Dissertações e ensinos espíritas, p. 414-415.

8. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo VII (O Povo de Israel), item: Israel, p. 65.

9. Idem - Item: O monoteísmo, p. 68-69.

10. Id. - Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo II (A Ascendência do Evangelho), item: A lei moisaica, p. 27.


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