Roteiro 4
Jesus e o Evangelho
Objetivo Geral: Dar condições de entendimento da evolução do pensamento religioso.
Objetivos específicos: Apresentar a concepção espírita de Jesus. — Identificar a essência dos ensinamentos contidos no Evangelho.
CONTEÚDO BÁSICO
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Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
Jesus. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 625.
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Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. […] Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 625 - comentário.
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Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso, é que se nos depara, nessa lei, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina. […] Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo I, item 3.
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Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Esse é o grande e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. Mateus, 22.37-40.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
Desenvolvimento:
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Dividir a turma em pequenos grupos para leitura silenciosa dos Subsídios.
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Em seguida, pedir aos participantes que, em plenária, respondam às seguintes questões:
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1ª — Apresentar a concepção espírita de Jesus.
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2ª — Explicar porque Jesus é considerado o Modelo e Guia da Humanidade.
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3ª — Identificar a essência dos ensinamentos do Evangelho.
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4ª — Comentar os esclarecimentos prestados por Jesus durante a conversa que teve com Zebedeu (veja o terceiro parágrafo dos Subsídios).
Conclusão:
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Apresentar, ao final, numa transparência (ou num cartaz) citações do Evangelho de Jesus que destaquem a excelência da mensagem cristã (veja sugestões, em anexo).
Avaliação:
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O estudo será considerado satisfatório, se as respostas às questões, apresentadas pelos participantes, indicarem que houve perfeito entendimento do assunto.
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
1. Jesus: Guia e Modelo da Humanidade
Os Espíritos Superiores nos ensinam que Jesus é o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para nos servir de guia e modelo. (4) Significa dizer que […] Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. (5)
Jesus, cuja perfeição se perde na noite imperscrutável das eras, personificando a sabedoria e o amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando os seus iluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, assim como presidiu à formação do orbe, dirigindo, como Divino Inspirador, a quantos colaboraram na tarefa da elaboração geológica do planeta e da disseminação da vida em todos os laboratórios da Natureza, desde que o homem conquistou a racionalidade, vem-lhe fornecendo a ideia de sua divina origem, o tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do espírito, revelando-lhe, em cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger. (10) Sabemos que raças […] e povos ainda existem, que o desconhecem, porém não ignoram a lei de amor da sua doutrina, porque todos os homens receberam, nas mais remotas plagas do orbe, as irradiações do seu espírito misericordioso, através das palavras inspiradas dos seus mensageiros. (11)
Jesus […] é a Luz do Princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia. Todas as coisas humanas passaram, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição. (8) Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenações sagradas da vida no Infinito. Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta entre os tutelados míseros e ignorantes […]. (9)
2. As bases da doutrina cristã
A mensagem cristã está sintetizada nestes ensinamentos: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Esse é o grande e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas. Mateus, 22.37-40. (6)
Tais orientações nos fazem refletir que a prática do bem; pela vivência da caridade, é a condição necessária para alcançarmos o reino dos céus anunciado por Jesus, amando a Deus e ao próximo. Caridade e humildade, tal a senda única da salvação. Egoísmo e orgulho, tal a da perdição. Este princípio se acha formulado nos seguintes precisos termos: “Amarás a Deus de toda a tua alma e a teu próximo como a ti mesmo; toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” E, para que não haja equívoco sobre a interpretação do amor de Deus e do próxima, acrescenta: “E aqui está o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro”, isto é, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: Fora da caridade não há salvação. (3)
Estamos cientes de que a melhoria moral do ser humano não acontece de uma hora para outra. Exige esforço, perseverança e superação de inúmeros obstáculos, surgidos ao longo da caminhada evolutiva. Entretanto, consoante as promessas do Cristo, estaremos sempre guardados no seu imenso amor que nos concederá, ao final, o reino dos céus, base da nossa imorredoura felicidade. A propósito, relata o Espírito Humberto de Campos que, durante elucidativa conversa com Zebedeu, pai dos apóstolos Tiago e João, Jesus teria afirmado: a mensagem da Boa Nova é excelente para todos; contudo, nem todos os homens são ainda bons e justos para com ela. É por isso que o Evangelho traz consigo o fermento da renovação e é ainda por isso que deixarei o júbilo e a energia como a s melhores armas aos meus discípulos. Exterminando o mal e cultivando o bem, a Terra será para nós um glorioso campo de batalha. Se um companheiro cair na luta, foi o mal que tombou, nunca o irmão que, para nós outros, estará sempre de pé. Não repousaremos até o dia da vitória final. Não nos deteremos numa falsa contemplação de Deus, à margem do caminho, porque o Pai nos falará através de todas as criaturas trazidas à boa estrada; estaremos juntos na tempestade, porque aí a sua voz se manifesta com mais retumbância. Alegrar-nos-emos nos instantes transitórios da dor e da derrota, porque aí o seu coração amoroso nos dirá: “Vem, filho meu, estou nos teus sofrimentos com a luz dos meus ensinos!” Combateremos os deuses dos triunfos fáceis, porque sabemos que a obra do mundo pertence a Deus, compreendendo que a sua sabedoria nos convoca para completá-la, edificando o seu reino de venturas sem-fim no íntimo dos corações. (7)
Partindo das concepções do Judaísmo sobre Deus e a justiça divina, Jesus nos transmite, então, o maior código de moralidade, jamais imaginado existir no Planeta, ensinando e exemplificando, ele mesmo, a lei de amor em sua plenitude. Dessa forma, Jesus […] não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa lei, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, propriamente ditas, ele, ao contrário, as modificou profundamente, quer na substância, quer na forma. (1) Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades que, segundo ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreendidas. (2)
A mensagem cristã, cedo ou tarde, triunfará: O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é para sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então, novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida. (11)
ANEXO
Citações Evangélicas
1. Evangelho segundo Mateus
Estando ele a caminhar junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens.” Eles, deixando imediatamente as redes, o seguiram. (Mateus, 4. 18-20)
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
Bem-aventuradosos que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. (Mateus, 5. 2-10)
2. Evangelho segundo Marcos
E ensinava-lhes muitas coisas por meio de parábolas. E dizia-lhes no seu ensino: Escutai: Eis que o semeador saiu a semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso e, não havendo terra bastante, nasceu logo, porque não havia terra profunda, mas, ao surgir o sol, queimou-se, e, por não ter raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos; os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa, e produziu fruto que foi crescendo e aumentando; de modo que produziu trinta, sessenta e cem por um. E disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (Marcos, 4. 3-9)
Ele disse: “O que sai do homem, é isso que o torna impuro. Com efeito, é de dentro, do coração dos homens que saem as intenções malignas; prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, malícia, devassidão, inveja, difamação, arrogância, insensatez. Todas estas coisas más saem de dentro do homem, e são elas que o tornam impuro.” (Marcos, 7. 15, 20-23)
3. Evangelho segundo Lucas
Eu, porém, vos digo a vós que me escutais: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam. A quem te ferir numa face, oferece a outra; a quem te arrebatar a capa, não recuses a túnica. Dá a quem te pedir, e não reclames de quem tomar o que é teu. Como quereis que os outros vos façam, faze também a eles. Se amais os que vos amam, que graça alcançais? Pois até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o bem aos que vo-lo fazem, que graça alcançais? Até mesmo os pecadores agem assim!” (Lucas, 6. 27-33)
Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome? E ele disse: “Legião”, porque muitos demônios haviam entrado nele.” (Lucas, 8. 30)
4. Evangelho segundo João
Diz-lhe Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” […] E o que pedirdes em meu nome fá-lo-ei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes algo em meu nome, eu o farei. […] Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. Estas coisas vos tenho dito estando entre vós. […] Vós ouvistes o que vos disse: Vou e retorno a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis por eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que eu. (João, 14.6; 13-14; 24-25 e 28)
Assim falou Jesus, e, erguendo os olhos ao céu, disse: “Pai, chegou a hora: glorifica teu Filho, para que teu Filho te glorifique, e que pelo poder que lhe deste sobre toda carne, ele dá a vida eterna a todos os que lhe deste! Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e aquele que enviaste. Jesus Cristo.” (João, 17.1-3)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo I, item 3, p. 55.
2. Idem - Item 4, p. 56.
3. Idem - Capítulo XV, item 5, p. 248.
4. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 625, p. 308.
5. Id. - Questão 625 - comentário, p. 308.
6. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Diversos tradutores. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Editora Paulus, 2002. Evangelho segundo Mateus, 22.37-40.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 4 (A Família Zebedeu), p. 35-36.
8. Idem - A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução, p. 16.
9. Idem - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 283, p. 168.
10. Idem - Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo II (A Ascendência do Evangelho), p. 25.
11. Id. - Item: O Evangelho e o futuro, p. 28.