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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo V — Da Prática Mediúnica

Roteiro 5


O exercício irregular da mediunidade


Objetivo Geral: Dar condições de entendimento da prática mediúnica.

Objetivos específicos: Dizer em que consiste o exercício irregular da mediunidade, indicando as suas consequências. — Explicar porque o exercício mediúnico não produz desarmonias mentais.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Como todas as outras faculdades, a mediunidade é um dom de Deus, que se pode empregar tanto para o bem quanto para o mal, e da qual se pode abusar […]. O que abusa e a emprega em coisas fúteis ou para satisfazer interesses materiais, desvia-a do seu fim providencial, e, tarde ou cedo, será punido, como todo homem que faça mau uso de uma faculdade qualquer. Allan Kardec: O Que é o Espiritismo. Capítulo II, item 88.

  • O exercício muito prolongado de qualquer faculdade acarreta fadiga; a mediunidade está no mesmo caso, principalmente a que se aplica aos efeitos físicos, ela necessariamente ocasiona um dispêndio de fluido, que traz a fadiga, mas que se repara pelo repouso. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XVIII, item 221, 2ª questão.

  • Há casos em que é prudente, necessária mesmo, a abstenção, ou, pelo menos, o exercício moderado, tudo dependendo de estado físico e moral do médium. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XVIII, item 221, 3ª questão.

  • Há pessoas relativamente às quais se devem evitar todas as causas de sobreexcitação e o exercício da mediunidade é uma delas. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XVIII, item 221, 4ª questão.

  • A mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XVIII, item 221, 5ª questão.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Iniciar a aula solicitando a um dos participantes que opine sobre o significado das seguintes expressões: mediunidade, perturbações mentais e loucura.

  • Ouvir as opiniões, esclarecendo possíveis dúvidas.

  • Pedir, em seguida, que leiam individualmente os Subsídios, destacando os pontos considerados relevantes.


Desenvolvimento:

  • Após a leitura, dividir a turma em dois grupos para a realização das seguintes tarefas:

    a) Grupo 1 — elaborar um questionário sobre o item 1 dos Subsídios: Exercício irregular da mediunidade.

    b) Grupo 2 — elaborar um questionário sobre o item 2 dos Subsídios: A prática mediúnica e as perturbações mentais.

    c) Solicitar aos dois grupos que indiquem um colega para arguir um e outro grupo de acordo com os assuntos propostos.

  • Pedir aos grupos que se organizem em duas colunas, uma à direita outra à esquerda, e que apresentem os arguidores. Estes devem se posicionar à frente da turma.

  • Passar, então, a palavra a um dos arguidores para que faça, aos participantes do outro grupo, a primeira pergunta, do questionário. Se os participantes arguidos responderem à pergunta de forma incorreta ou incompleta, intervir, esclarecendo. Prosseguir assim, até que todas as perguntas dos questionários tenham sido solucionadas.

  • Observação: a dinâmica fica mais interessante se:

    a) alternar-se a participação dos arguidores;

    b) o monitor, antes de intervir, esclarecendo pontos incorretos ou incompletos, indagar se há alguém, na turma, que saiba responder corretamente o que foi perguntado pelo arguidor.


Conclusão:

  • Destacar, ao final, os benefícios propiciados pela prática mediúnica sadia, à luz do entendimento espírita e do Evangelho de Jesus.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se, os alunos participarem com entusiasmo do debate, num clima de harmonia e, apresentarem respostas corretas às perguntas que lhes forem dirigidas.


Técnica(s):

  • Explosão de ideias; leitura individual; trabalho em grupo; arguição; debate.


Recurso(s):

  • Subsídios; questionário elaborado pelos grupos.



 

SUBSÍDIOS


1. Exercício irregular da mediunidade

Como todas as outras faculdades, a mediunidade é um dom de Deus, que se pode empregar tanto para o bem quanto para o mal, e da qual se pode abusar. Seu fim é pôr-nos em relação direta com as almas daqueles que viveram, a 1ïm de recebermos ensinamentos e iniciações da vida futura. Assim como a vista nos põe em relação com o mundo visível, a mediunidade nos liga ao invisível. Aquele que dela se utiliza para o seu adiantamento e o de seus irmãos, desempenha uma verdadeira missão e será recompensado. O que abusa e a emprega em coisas fúteis ou para satisfazer interesses materiais, desvia-a do seu fim providencial, e, tarde ou cedo, será punido, como todo homem que faça mau uso de uma faculdade qualquer. (8) Assim, a faculdade é concedida porque as pessoas […] precisam dela para se melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as consequências. Jesus não pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele que não tem? (2) Entretanto, o […] exercício muito prolongado de qualquer faculdade acarreta fadiga; a mediunidade está no mesmo caso, principalmente a que se aplica aos efeitos físicos, ela necessariamente ocasiona um dispêndio de fluido, que traz a fadiga, mas que se repara pelo repouso. (3) Há casos em que é prudente, necessária mesmo, a abstenção, ou, pelo menos, o exercício moderado, tudo dependendo do estado físico e moral do médium. Aliás, em geral, o médium o sente e, desde que experimente fadiga, deve abster-se. (4)

Existem situações, porém, em que o exercício da mediunidade é considerado irregular, não porque esteja acarretando debilidade física ou psíquica, mas pelos inconvenientes que produzem. O desenvolvimento da mediunidade nas crianças, por exemplo, é desaconselhado pelos Espíritos Superiores (reveja maiores informações no módulo IV, roteiro 2, deste Programa). Outro ponto, não menos importante, diz respeito à inconstância de alguns trabalhadores espíritas às reuniões mediúnicas. São trabalhadores desatentos que não param para refletir sobre a importância e seriedade da tarefa, dela se furtando ante o menor obstáculo que surge no caminho.

Neste sentido, a Casa Espírita deve estar aparelhada para orientar com segurança, atenta às seguintes orientações de Kardec: Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência […]. Se bem cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir-se verifiquem à vontade. As regras da poesia, da pintura e da música não fazem que se tornem poetas, pintores, ou músicos os que não têm o gênio de alguma dessas artes. Apenas guiam os que as cultivam, no emprego de suas faculdades naturais. O mesmo sucede com o nosso trabalho. Seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade mediúnica, tanto quanto o permitam as disposições de cada um, e, sobretudo, dirigir-lhe o emprego de modo útil, quando ela exista. […] De par com os médiuns propriamente ditos, há, a crescer diariamente, uma multidão de pessoas que se ocupam com as manifestações espíritas. Guiá-las nas suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que podem e hão de necessariamente encontrar, lidando com uma nova ordem de coisas, iniciá-las na maneira de confabularem com os Espíritos, indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal o círculo que temos de abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto. […] A essas considerações ainda aditaremos outra,. muito importante: a má impressão que produzem nos novatos as experiências levianamente feitas e sem conhecimento de causa, experiências que apresentam o inconveniente de gerar ideias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de dar azo à zombaria e a uma crítica quase sempre fundada. De tais reuniões, os incrédulos raramente saem convertidos e dispostos a reconhecer que no Espiritismo haja alguma coisa de sério. Para a opinião errônea de grande número de pessoas, muito mais do que se pensa têm contribuído a ignorância e a leviandade de vários médiuns. Desde alguns anos, o Espiritismo há realizado grandes progressos: imensos, porém, são os que conseguiu realizar, a partir do momento em que tomou rumo filosófico, porque entrou a ser apreciado pela gente instruída. Presentemente, já não é um espetáculo: é uma doutrina de que não mais riem os que zombavam das mesas girantes. Esforçando-nos por levá-lo para esse terreno e por mantê-lo aí, nutrimos a convicção de que lhe granjeamos mais adeptos úteis, do que provocando a torto e a direito manifestações que se prestariam a abusos. (1)


2. A prática mediúnica e as perturbações mentais

A prática da mediunidade não produz perturbações mentais de qualquer natureza, sobretudo distúrbios graves, genericamente denominados de loucura. Entretanto, devemos considerar que existem pessoas que possuem uma estrutura psíquica delicada cujas emoções, por menores que sejam, lhes provocam abalos. São […] pessoas relativamente às quais se devem evitar todas as causas de sobreexcitação e o exercício da mediunidade é uma delas. (5)

Não devemos esquecer que é relativamente fácil estabelecer ligações mentais com Espíritos não suficientemente moralizados e ser por eles influenciados. Nesta situação, as nossas emoções, humor e comportamento podem ser negativamente alterados. Os integrantes da reunião mediúnica, em especial, por terem um contato mais assíduo com os desencarnados, devem ter consciência dos cuidados de que se reveste o exercício da mediunidade. Muitos colaboradores das atividades mediúnicas, a despeito da boa vontade demonstrada, esquecem […] de que toda edificação da alma requer disciplina, educação; esforço e perseverança. Mediunidade construtiva é a língua de fogo do Espírito Santo [alusão ao fenômeno de Pentecostes citado em Atos dos Apóstolos, 2.1-4.], luz divina para a qual é preciso conservar o pavio do amor cristão, o azeite da boa vontade pura. Sem a preparação necessária, a excursão dos que provocam ingresso no reino invisível é, quase sempre, uma viagem nos círculos de sombra. Alcançam grandes sensações e esbarram nas perplexidades dolorosas. Fazem descobertas surpreendentes e acabam nas ansiedades e dúvidas sem fim. […] Espírito algum dispensará o esforço de si mesmo, no aprimoramento íntimo… (9)

Sabemos que o […] pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando benigno e edificante, ajusta-se às Leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco. (10) Percebe-se, portanto, que a mediunidade, em si, […] não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial. (6) Do seu exercício cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as [pessoas] que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas ideias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura [genericamente considerada], que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação. As ideias espíritas não têm, a esse respeito, maior influência do que outras, mas, vindo a loucura a declarar se, tomará o caráter de preocupação dominante, como tomaria o caráter religioso, se a pessoa se entregasse em excesso às práticas de devoção, e a responsabilidade seria lançada ao Espiritismo. O que de melhor se tem a fazer com todo indivíduo que mostre tendência à ideia fixa é dar outra diretriz às suas preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos. (7)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 74 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução, p. 13-17.

2. Idem - Capítulo XVII, item 220, 14ª pergunta, p. 263.

3. Id. - Capítulo XVIII, item 221, 2ª pergunta, p. 264.

4. Id. - 3ª pergunta, p. 265.

5. Id. - 4ª pergunta, p. 265.

6. Id. - 5ª pergunta, p. 265.

7. Id. - Item 222, p. 267.

8. Idem - O Que é o Espiritismo. 51. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo II (Noções Elementares de Espiritismo — Observações Preliminares), item 88 (Qualidades dos médiuns), p. 181-182.

9. XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luiz. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 3 (Desenvolvimento Mediúnico), p. 33.

10. Idem - Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 19 (Dominação Telepática) p. 220.


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