O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

Índice |  Princípio  | Continuar

ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo VI — Obsessão e Desobsessão

Roteiro 1


Obsessão: conceito, causas e graus


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento da obsessão e da desobsessão sob a ótica espírita.

Objetivos específicos: Conceituar obsessão. — Explicar as causas da obsessão. — Caracterizar os graus da obsessão.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Obsessão é […] o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar […]. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XXIII, item 237.

  • Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. […] Allan Kardec: A Gênese. Capítulo XIV, item 46.

  • A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XXIII, item 237.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Fazer breve exposição sobre o conceito de obsessão.

  • Em seguida, pedir à turma que faça leitura silenciosa dos itens 2 e 3 dos Subsídios.


Desenvolvimento:

  • Concluída a leitura, pedir aos participantes que, com base no texto lido, elaborem uma questão, registrando-a numa tira de papel.

  • Recolher as tiras de papel e, em seguida, embaralhá-las e redistribuí-las à turma, evitando que o aluno receba a própria questão.

  • Solicitar a um dos participantes que, após leitura da questão que tem em mãos, responda a ela, ouvindo a opinião dos demais colegas. Continuar assim, sucessivamente, até que todas questões elaboradas tenham sido lidas e analisadas.

  • Esclarecer pontos que suscitaram dúvidas, evidenciando a orientação espírita a respeito das ideias analisadas.

  • Elaborar novas questões ou apresentar contribuições relevantes, não assinaladas no trabalho em plenária.


Conclusão:

  • Recapitular as ideias principais estudadas, utilizando recursos didáticos, tais como, cartaz, transparências, quadro de pincel ou outros quaisquer recursos.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se os participantes conseguirem responder, corretamente, às questões elaboradas pelos colegas e pelo monitor.


Técnica(s):

  • Exposição; leitura; debate-modificado.


Recurso(s):

  • Subsídios deste roteiro; tiras de papel com questões; cartaz.



 

SUBSÍDIOS


1. Conceito de obsessão

Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter. Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. (1) Entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se coloque na primeira linha a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam- se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. (4)


2. Causas da obsessão

As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em atormentá-los, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o irritar se e mostrar se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. […] Outros são guiados por um sentimento de covardia, que os induz a se aproveitarem da fraqueza moral de certos indivíduos, que eles sabem incapazes de lhes resistirem. (10) Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. (2)

Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesmo denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. Têm suas ideias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia, e querem fazer que suas opiniões prevaleçam. […] São os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tornar cridas as mais ridículas utopias. Como conhecem o prestígio dos grandes nomes, não escrupulizam em se adornarem com um daqueles diante dos quais todos se inclinam […]. Procuram deslumbrar por meio de uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de termos técnicos e recheada das retumbantes palavras — caridade e moral. Cuidadosa­mente evitarão dar um mau conselho, porque bem sabem que seriam repelidos […]. A moral, porém, para esses Espíritos é simples passaporte, é o que menos os preocupa. O que querem, acima de tudo, é impor suas ideias por mais disparatadas que sejam. (11)


3. Graus da obsessão

Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade. (3)

A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. (5)


A obsessão simples, geralmente denominada de influenciação espiritual, caracteriza-se pela ação de um Espírito malfazejo, que se impõe, se imiscui na vida da pessoa, causando-lhe inúmeros desconfortos. Neste gênero de obsessão, […] o médium [o termo médium pode, aqui, ser utilizado no sentido amplo] sabe muito bem que se acha presa de um Espírito mentiroso e este não se disfarça; de nenhuma forma dissimula suas más intenções e o seu propósito de contrariar […]. Este gênero de obsessão é, portanto, apenas desagradável e não tem outro inconveniente, além do de opor obstáculo às comunicações que se desejara receber de Espíritos sérios, ou dos afeiçoados. Podem incluir se nesta categoria os casos de obsessão física, isto é, a que consiste nas manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem se ouçam, espontaneamente, pancadas ou outros ruídos. (6)

A obsessão simples apresenta, porém, alguns sinais que surgem esporadicamente, mas que se podem repetir e agravar, com o passar do tempo, se nada for feito para neutralizá-los. Os sinais mais comuns são: irritação, ciúme, inveja, ideia de perseguição, amargura, ansiedades, doenças-fantasma, vaidade, arrogância, irreverência, atitudes debochadas ou inconvenientes etc. De alguma forma a pessoa passa a adotar comportamentos mais marcantes, diferentes do usual, que surpreendem os que a conhecem melhor.


A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem. (7) Já dissemos que muito mais graves são as consequências da fascinação. Efetivamente, graças à ilusão que dela decorre, o Espírito conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar se, como faria com um cego, e pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-la a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas. Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a obsessão simples e a fascinação; compreende-se também que os Espíritos que produzem esses dois efeitos devem diferir de caráter. Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta por desembaraçar se. Na segunda, a coisa é muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude. Os grandes termos — caridade, humildade, amor de Deus — lhe servem como que de carta de crédito, porém, através de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que veem claro. Daí o consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. (7)


A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo. A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação. No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. Traduz-se, no médium escrevente, por uma necessidade incessante de escrever, ainda nos momentos menos oportunos. (8)

Dava-se outrora o nome de possessão ao império exercido por maus Espíritos, quando a influência deles ia até à aberração das faculdades da vítima. A possessão seria, para nós, sinônimo da subjugação. Por dois motivos deixamos de adotar esse termo: primeiro, porque implica a crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal, enquanto que não há senão seres mais ou menos imperfeitos, os quais todos podem melhorar se; segundo, porque implica igualmente a ideia do apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de coabitação, ao passo que o que há é apenas constrangimento. A palavra subjugação exprime perfeitamente a ideia. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente obsidiados, subjugados e fascinados. (9)



 

ANEXO


Prece de Ismália



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 47. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XIV, item 45, p. 304.

2. Idem - Item 46, p. 305.

3. Id. - Item 47, p. 306.

4. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 74. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XXIII, item 237, p. 306.

5. Idem, ibidem - p. 306-307.

6. Id. - Item 238, p. 307.

7. Id. - Item 239, p. 307-308.

8. Id. - Item 240, p. 309.

9. Id. - Item 241, p. 309-310.

10. Id. - Item 245, p. 313.

11. Id. - Item 246, p. 313-314.


Abrir